Mauro Mota (1911-1984), poeta pernambucano que em 1970 substituiu o escritor Gilberto Amado na cadeira número 26 da Academia Brasileira de Letras. Mauro Ramos da Mota e Albuquerque nasceu no Recife, a 16 de agosto de 1911. Passou a infância em Nazaré da Mata, Pernambuco, zona açucareira, onde fez parte do curso primario. Em 1924, voltou para o Recife, hospedando-se na casa do avó. Matriculado no ginásio do Recife, dois anos depois passou para o colégio Salesiano, cultivando amizade com Álvaro Lins. No Colégio, o padre Nestor de Alencar ensinou-o a fazer versos e publicou os primeiros trabalhos em “0 Colegial”, jornal dirigido pelo religioso. Em 1928, voltou ao Ginásio do Recife, para fazer os preparatórios, com Alvaro Lins. No Ginásio, encontrou os irmãos Condé, José e João. Os três se iniciaram no jornalismo, escrevendo em “A pilhéria” e na “Revista da Cidade”. Pertenceu, durante algum tempo, ao Silogeu Pernambucano de Letras e, posteriormente, ingressou na Academia Recifense de Letras. Em 1937, bacharelou-se Dela Faculdade de Direito do Recife. Formado, continuou no jornalismo. Trabalhou no antigo “Diário da Manhã”, e chegou a ser Secretário e redator-chefe.
Em 1941, entrou para o magistério e para o “Diário de Pernambuco”, exercendo a direção do jornal a partir de 1956. Como secretário, em 1948, reformou o suplemento do jornal Mais antigo da América Latina, abrindo-o aos novos valores do Nordeste e iniciando a secção de meia página, até hoje mantida, de comentários e informações sobre livros e autores. Costumava dizer que o ócio e a inspiração eram suas grandes molas literárias. Lançou-se em 1952 com o livro de poemas Elegias, que lhe conferiu notoriedade nacional. Sua poesia mais festejada é Boletim Sentimental da Guerra no Recife, uma crônica cáustica da permanência dos fuzileiros navais americanos no Recife durante a II Guerra Mundial e da sedução que exerciam sobre as meninas locais. Mauro Mota morreu dia 22 de novembro de 1984, aos 72 anos, de câncer, no Recife.
(Fonte: Veja, 28 de novembro, 1984 Edição n° 847 Datas Pág; 83)