Mike Davies, deu cara nova ao tênis
Mike Davies, foi um dos seus visionários, ex-número 1 britânico, autodenominado “rebelde do tênis”
Antes de Andy Murray alcançar a final de simples de Wimbledon em 2012, quebrando um longo jejum, 52 anos antes, em 1960, Mike Davies chegava à decisão de duplas no All England Club ao lado de Bobby Wilson. Eles perderam o título para Dennis Ralston e Rafael Osuna em três sets, mas o nº 1 da Grã-Bretanha em 1957, 1959 e 1960 talvez será mais lembrado por sua contribuição ao esporte como um empresário de visão e administrador.
Michael Grenfell Davies nasceu em 9 de janeiro de 1936 em Swansea, no País de Gales. Ele começou a jogar aos 11 anos e atraiu a atenção do tricampeão de Wimbledon, o compatriota Fred Perry. Desenvolveu seu jogo orientado pelo lendário técnico australiano Harry Hopman e representou a Grã-Bretanha na Copa Davis entre 1956 e 1960.
Antes da era aberta, juntou-se ao circuito profissional de Jack Kramer, jogando em um grupo que incluia Pancho Gonzalez, Tony Trabert, Lew Hoad, Ken Rosewall e Pancho Segura. Seu gesto o colocou na mira dos que administravam o tênis e ele foi declarado inelegível para disputar a Copa Davis e os torneios do Grand Slam. O banimento o levou a lutar por mudanças no tênis nas décadas seguintes. “Você tinha amadores impedidos de disputar torneios profissionais e profissionais impedidos de jogar torneios amadores”, comentou Davies em uma entrevista ao Wales Online.
Como diretor executivo do World Championship Tennis (WCT), Davies orientou várias mudanças importantes. Uma delas foi a troca da bolinha branca pela amarela, facilitando a visão para os telespectadores. Ele também marcou o início de uma nova era na moda, com o vestuário afastando-se do branco tradicional. Ele promoveu torneios e vendeu patrocínios e direitos televisivos. Ele ajudou a levar o tênis profissional a grandes locais e cidades. Davies introduziu o limite de tempo entre os pontos e a troca de lado de 90 segundos a cada dois games.
Em 1970, Davies concretizou o primeiro circuito de US$ 1 milhão: 20 torneios de 32 jogadores contratados, cada um ganhando US$ 50 mil. Ele ajudou a assinar grande contrato de transmissão com a NBC e a ESPN, em 1972 para a final do World Championship Tennis entre Rosewall e Rod Laver, que atraiu 21,3 milhões de telespectadores.
“O jogo Laver-Rosewall, muita gente considera o motor que levou a popularidade ao tênis, em tudo, da moda ao tênis em quadra coberta”, disse Butch Buchholz, outro ex-jogador e administrador que deu ajudou a dar a forma atual ao esporte. “Foi uma partida inacreditável na televisão. Ela atraiu a atenção da nação. Foi a maior coisa no tênis. Mike criou aquilo.”
Em 1981, Davies deixou o WCT para se juntar a Buchholz como diretor de marketing da Associação dos Tenistas Profissionais (hoje ATP World Tour) e depois foi seu diretor executivo. Em 1987, foi gerente geral e diretor de marketing da Federação Internacional. Em 1990, criou a Grand Slam Cup, disputada em Munique de 1990 a 1999. Também foi CEO do torneio de New Haven.
“Ele foi realmente um herói anônimo no mundo profissional do tênis”, disse Donald Dell, ex-jogador e diretor de marketing esportivo. “Ele não se auto-promovia. Ele não saía por aí falando sobre si mesmo e o que realizou. Mike Davies estava realmente cerca de 10 anos à frente do seu tempo. Ele sempre via com antecedência de 10 anos para onde o jogo estava indo.”
Bucholz por sua vez afirmou que Davies sempre foi muito criativo. “Ele tinha uma visão sobre o que o esporte necessitava se tornar. Acreditava fortemente no tênis aberto e profissional. Nós perdemos um pioneiro. Se olharmos onde o esporte está hoje, ele desempenhou um papel importante.” Por tantas contribuições ao esporte, Mike Davies entrou para o Hall da Fama em 2012.
Mike Davies faleceu aos 79 anos. “Hoje é um dia triste para o tênis masculino profissional”, declarou o presidente executivo da ATP, Chris Kermode. “Mike foi um verdadeiro pioneiro e considerado um dos mais influentes líderes do esporte.
“Mike Davies foi uma das cinco mais importantes pessoas no campo dos negócios na história do tênis e talvez um dos menos conhecidos do grande público, mas ele era bastante conhecido por todos ligados ao tênis”, disse Marshall Happer, um ex-jogador e administrador que comandou a federação dos Estados Unidos, a USTA, no começo da década de 1990. “Todos os jogadores profissionais e todos os torneios se beneficiaram de suas inovações e liderança.”
(Fonte: http://tenisbrasil.uol.com.br/noticias/37987 – Top Spin – Londres (Inglaterra) – 04/11/2015)