Maria Montessori, educadora e médica feminista italiana nascida em 31 de agosto de 1870, criou desenhos e alguns objetos pedagógicos, para desenvolver seu método de educação.
Montessori foi a primeira mulher a graduar-se em medicina na Itália, em 1896, pela Universidade de Roma. Logo no início de sua carreira, ela interessou-se pela educação de crianças com dificuldades de aprendizado. Ela é responsável pela criação do método montessori de aprendizagem, em que a própria criança observa se está fazendo as conexões corretas.
(Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/internet – NOTÍCIAS – TECNOLOGIA – INTERNET – 31 de Agosto de 2012)
A vida paradoxal de Maria Montessori, criadora do método de ensino para crianças pobres que virou modelo para ricos
Médica italiana criou um revolucionário sistema de ensinar crianças carentes depois de ver como algumas eram tratadas de forma completamente desumana.
Maria Montessori, a criadora do famoso método pedagógico que leva seu nome, era uma mulher de caráter enérgico.
Essa brilhante italiana, nascida em 31 de agosto, projetou seu revolucionário sistema educacional para ajudar crianças confinadas em hospícios, crianças presas em reformatórios, as crianças mais pobres e desfavorecidas.
Só num segundo momento ela começou a adaptar sua metodologia para crianças em geral.
Hoje, paradoxalmente, as beneficiadas com seu método são principalmente famílias ricas, capazes de arcar com as altas despesas para seus filhos estudarem em uma das 65 mil escolas montessorianas que existem no mundo e que recebem uma educação exclusiva e potencialmente melhor do que a tradicional.
Um fato é que os criadores da Amazon (Jeff Bezos), Google (Sergey Brin e Larry Page) e Wikipedia (Jimmy Wales), todos eles hoje multimilionários, estudaram em escolas que seguem o método Montessori.
No entanto, a ideia de Maria Montessori não era essa.
Solução para desfavorecidos
Montessori tinha 28 anos quando, em 1898, começou a visitar um hospício em Roma e contemplou, horrorizada, como os pequenos internados naquela instituição eram tratados de forma absolutamente desumana, praticamente como animais. Alguns romanos iam ao local para atirar comida para as crianças, como faziam com animais do zoológico.
Ela chegou à conclusão de que a educação deve ser uma técnica de amor e respeito. “A criança é uma fonte de amor: quando você a toca, você toca o amor”, disse.
Método revolucionário
“Sigmund Freud descobriu o inconsciente; Albert Einstein, a relatividade; e Maria Montessori, a criança. Seu pensamento inaugurou uma nova era e muitas das coisas que consideramos naturais hoje, como respeito pelas crianças e escola democrática, são fruto das suas ideias”, diz à BBC News Mundo Cristina de Stefano, autora daquela que é possivelmente a mais rigorosa e documentada biografia de Maria Montessori até agora.
A biografia, intitulada Il bambino è il maestro: Vita di Maria Montessori (A criança é a professora: Vida de Maria Montessori, em tradução livre), levou cinco anos de pesquisa.
Paradoxos
Foi em 1907 que Maria Montessori abriu em San Lorenzo, então um dos bairros mais pobres de Roma, sua primeira escola: a Casa das Crianças. A partir daí, em alguns anos, seu método daria a volta ao mundo e a tornaria uma pessoa famosa.
Hoje, entretanto, muitas escolas Montessori estão em áreas abastadas e custam uma fortuna.
“É uma contradição. Um método que nasceu em um bairro pobre de Roma e que foi pensado com base na inclusão, para ajudar as crianças em dificuldade, tornou-se um método para os ricos”, disse Cristina de Stefano.
“Sem dúvida é um paradoxo. Mas também é preciso dizer que nos países em desenvolvimento o método montessori é usado para ajudar, por exemplo, crianças que passaram por guerras. Ainda há pessoas que continuam aplicando seu método para ajudar crianças em dificuldade”, complementa.
Mas essa não é a única incongruência relacionada a Maria Montessori. A mulher que dedicou sua vida às crianças, que nos ensinou a respeitá-las e valorizá-las, não foi a responsável por criar seu próprio filho.
Ela havia iniciado um relacionamento amoroso com um colega médico, Giuseppe Montesano. Era uma relação livre, sem vínculos.
A ideia do casamento não entrou nos planos de Montessori porque ela não acreditava na instituição do casamento e porque naquela época uma mulher casada não podia trabalhar fora de casa sem a autorização do marido.
Mas um dia, no final de 1897, Montessori descobriu que estava grávida de Montesano. Ela sabia que um filho fora do casamento encerraria sua carreira.
“Na vida privada, Maria Montessori teve a ousadia de manter uma relação amorosa livre com um colega, Giuseppe Montesano, em seu tempo. Ela engravidou e se recusou a casar para manter as aparências”, diz De Stefano.
Montesano e Montessori concordaram que os dois cuidariam da criança à distância. E também concordaram que nenhum dos dois jamais se casaria. Ela manteve o acordo, mas ele, não.
“Quando Montesano se casou com outra mulher e reconheceu a criança perante a lei como seu filho, Maria perdeu todos os direitos sobre a criança, que tinha 3 anos na época”, afirma De Stefano.
Colaboração fascista
E ela conseguiu: nunca mais se separou dele, embora quase até o fim de seus dias, em público, o apresentasse como seu sobrinho.