Murtala Mohammed, general Chefe da Casa Militar do Governo Federal da Nigéria

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Murtala: apoio total a Angola

Murtala Ramat Mohammed (8 de novembro de 1938 – 13 de fevereiro de 1976), foi um governante militar (Chefe da Casa Militar do Governo Federal) de Nigéria de 1975 até seu assassinato em 1976.

Mau dia para Dimka

Na manhã de 13 de fevereiro, os ouvintes da Rádio Lagos foram surpreendidos pela voz desconhecida de um certo general J. S. Dimka, que os saudou nos seguintes termos: “Bom dia, compatriotas nigerianos. Trago-lhes boas notícias.”

Os mais familiarizados com as nuanças da hierarquia militar do país poderiam prever que o anúncio de Dimka não iria ser dos mais animadores. Pois, com a função de locutor, ele inaugurou uma dupla carreira, promovendo-se de coronel e chefe do obscuro Departamento de Educação Física do Exército a general e líder de um golpe efetuado por um indefinido grupo de “jovens revolucionários” contra o “governo hipócrita” do general Murtala Mohammed. Mas a carreira de Dimka foi curta.

Embora ele tivesse advertido que qualquer tentativa de impedir o plano seria punida com a morte, imediatamente começaram a ocorrer combates em Lagos, a capital. Os chefes militares das unidades do interior, por sua vez, seguiram literalmente o conselho de Dimka, permanecendo em calma nosquatéis – isto é, não aderiram ao golpe. E, já no fim da tarde, a rebelião parecia ter sido sufocada, embora na manhã de 14 de fevereiro a situação não estivesse completamente esclarecida e se desconhecesse o paradeiro do presidente.

Oitavo produtor – Isto porém não bastou para atenuar a tensa expectativa entre os países vizinhos – especialmente em função do papel decisivo assumido por Murtala em favor do governo de Luanda. De fato, uma eventual mudança na orientação política da Nigéria, o país mais populoso da África, com seus 62 milhões de habitantes, poderia tumultuar a correlação de forças no continente. No poder há apenas sete meses, após um golpe militar que derrubou o general Yakubu Gowon, acusado de demasiada complacência com a corrupção em Lagos, o general Murtala Mohammed não se limitaria a dar apoio político a Luanda.

Ele vinha desenvolvendo intensas conversações para a efetivação de um tratado de cooperação econômica com o governo angolano – onde o capítulo referente ao petróleo ocupava um destaque especial.

Como oitavo maior produtor de petróleo do mundo, e membro da OPEP, a poderosa organização dos produtores de petróleo, o governo de Lagos poderia negociar, em favor do MPLA, assistência técnica e apoio econômico para a exploração do petróleo angolano. Nessas circunstâncias, para muitos vizinhos da Nigéria, a derrubada de Murtala seria uma péssima notícia.

(Fonte: Veja, 18 de fevereiro de 1976 – Edição 389 – NIGÉRIA – Pág; 42)

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