Natalia Gorbanevskaya, poetisa russa, um dos grandes nomes da dissidência soviética dos anos 1960 e 1970. Uma das ex-principais ativistas da União Soviética de direitos civis.
Ela participou de dois grandes eventos da resistência ao regime soviético: a manifestação de sete dissidentes em 25 de agosto de 1968, na Praça Vermelha, em Moscou – para protestar contra a invasão da então Tchecoslováquia pelas tropas do pacto de Varsóvia – e a criação da Crônica dos Eventos em Curso, uma revista clandestina que falava sobre as prisões e condenações de opositores.
Presa após a manifestação na Praça Vermelha, Natalia foi internada em uma instituição psiquiátrica em Kazan (cerca de 800 quilômetros de Moscou), onde recebeu por mais de dois anos um tratamento à base de haloperidol, um neuroléptico utilizado contra a esquizofrenia, que produz fortes efeitos colaterais físicos.
– Em comparação a um campo de concentração, a grande diferença é que não há uma duração fixa da prisão num hospital psiquiátrico. Podem manter você lá dentro “até sua cura”, para que considerem que você não é perigoso.
A cada dia nós tentamos mostrar que somos normais. Eu vivia com o medo de ficar louca – relatou a poetisa em entrevista à AFP em junho deste ano, em Moscou.
Radicada em Paris desde 1975, Natalia Gorbanevskaya trabalhou em diversos coletivos formados por expatriados russos, especialmente, as revistas La Pensée Russe e Continent.
Natalia morreu em 29 de novembro de 2013, em Paris, aos 77 anos.
(Fonte: Zero Hora – ANO 50 – N° 17.587 – TRIBUTO – 3 de dezembro de 2013 – Pág: 34)