Natalino José do Nascimento, patrono do samba carioca, o Natal da escola de samba Portela.

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Natalino José do Nascimento (Queluz, (SP) 31 de julho de 1905 – Rio de Janeiro, 5 de abril de 1975), mais conhecido no mundo do samba, eterno Natal da Portela, bicheiro e patrono do samba carioca, o Natal da escola de samba Portela. Nascido em 31 de julho de 1905, na cidade de Queluz-SP, Natal veio para a cidade do Rio de Janeiro ainda menino, para, mais tarde, tornar-se uma das figuras mais cariocas do cenário popular brasileiro. Natal teve sempre uma grande participação na Portela, uma vez que na casa de seu pai, Napoleão José do Nascimento, a escola foi fundada. Natal virou lenda na Portela; foi um homem que deixou marcas na história da escola e do samba no Rio de Janeiro. Mesmo sem ter feito um único samba, deixou claramente registrado o que é realmente ser Portela. Por conta do destino, transformou-se no “homem de um braço só”.

E em bicheiro, primeiro bicheiro de uma escola de samba. Com o passar dos anos, Natal tornava-se um ídolo em Madureira: seu nome era saudado, reconhecido, era cumprimentado por todos. Ajudava a todos que encontrava, com dinheiro, alimentos, sempre lembrando-se dos momentos difíceis de sua infância. Natal era tão conhecido que o então Ministro das Relações Exteriores Francisco Negrão de Lima convidou-o a levar o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela a apresentar-se no Palácio Itamaraty, representando a cultura brasileira para a Duquesa de Kent, em visita oficial ao nosso país, no ano de 1959. O homem que tivera dez filhos, mais de 200 afilhados, era o soberano bem-amado do subúrbio carioca de Madureira, um bicheiro naturalmente temido e odiado, mas curiosamente respeitado. O homem do braço só. De fato, Natal tinha apenas um, o esquerdo. O outro, perdera aos 25 anos, ao cair de um trem da Central do Brasil. Natal desfilava em seu reino a bordo de um Galaxie todo forrado de azul e branco, o rosto contraído, a mão esquerda em permanente aceno aos súditos.

No dia da morte de Natal, no jogo do bicho deu águia, símbolo da Portela, a escola de samba que ele levou dezenove vezes à vitória. Mas o número de seu jazigo, 10 936, cobra, não será bancado por quinze dias. Não foi, porém, para decorar tal número que uma formidável multidão colocou-se em contrita e chorosa marcha pelas ruas da Zona Norte do Rio de Janeiro, atrás do caixão daquele homem que fora uma lenda do samba carioca. O comércio e os bancos do populoso subúrbio cerravam reverentemente as portas. Vinte ônibus, especialmente fretados, faziam sucessivas viagens até o cemitério Jardim da Saudade, lá deixando centenas e mais centenas de passageiros que ao ritmo surdo das cuícas esperavam o sepultamento cantando “O Homem do Braço Só”.

Finalmente, alvos lenços acenados, incontáveis bandeiras com as cores de Portela, azul e branco, agitadas, a bateria da escola trocou os surdos pelo samba rasgado e do hino da agremiação, cantando e dançando sobre túmulos pela turba em delírio. Natal estava sendo enterrado. Era o fim da lendária personagem que habitava um predio de quatro andares, com piscina na cobertura e, na sala, um enorme e coloridíssimo painel com os 25 bichos que lhe deram a fortuna que ele generosamente distribuía, alicerçando uma popularidade só não endossada pela Justiça, que lhe moveu 250 processos, levou-o à prisão 100 vezes, uma delas por homicídio. Sempre de chapeu e de chinelos, paletó de pijama, com a manga direita dobrada e presa com um alfinete. O enredo da Portela para 1976 ainda não está escolhido. Comenta-se que será Natal. Para muitos sambistas, porém, cantar Natal é cantar a Portela. E não fica bem uma escola cantar a si mesma. Natal da Portela morreu no dia 5 de abril de 1975, de um distúrbio circulatório, aos 71 anos, no Rio de Janeiro.

(Fonte: Veja, 16 de abril de 1975 – Edição n° 345 – Datas – Pág; 76)
(Fonte: www.guerreirosdaaguia.com.br)

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