Naum Alves de Souza, artista múltiplo, fundou o Pod Minoga Studio, grupo de teatro experimental e centro de pesquisas cênicas

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Dramaturgo também atuou como professor e artista plástico, entre outras atividades

 

Naum Alves de Souza em foto de 2002 - (Foto: Fábio Seixo / Agência O Globo)

Naum Alves de Souza em foto de 2002 – (Foto: Fábio Seixo / Agência O Globo)

 

EM QUATRO DÉCADAS de carreira, artista teve destaque em teatro, TV, cinema, ópera e balé

Naum Alves de Souza (Pirajuí, São Paulo, 1 de junho de 1942 – São Paulo, 9 de abril de 2016)dramaturgo, diretor, roteirista, artista plástico, cenógrafo e professor

Entre suas obras estão as peças “A Maratona”, “No Natal a Gente Vem Te Buscar”, “Aurora da Minha Vida” e “Um Beijo, um Abraço, um Aperto de Mão”.

Naum nasceu em Pirajuí, no interior do estado de São Paulo, em 1942. Trinta anos mais tarde, em 1972, o artista fundou o Pod Minoga Studio, grupo de teatro experimental e centro de pesquisas cênicas que influenciou uma geração de atores e autores. Nesse período, ele trabalhou como nomes como Flávio de Souza, Mira Haar e Carlos Moreno.

De sua obra, destacam-se espetáculos premiados como “A maratona” (1977), “No Natal a gente vem te buscar” (1979), “Aurora da minha vida” (1981), e “Um beijo, um abraço, um aperto de mão” (1984), entre outros. Seu trabalho de cenógrafo inclui shows marcantes como “Falso brilhante”, de Elis Regina, e “A hora da estrela”, de Maria Bethânia. Outras peças memoráveis dirigidas por Naum foram “Cenas de Outono” (1987), de Yukio Mishima, com Marieta Severo, “Lulu” (1989), estrelada por Maria Padilha, e “Dona Doida” (1990), sobre poemas de Adélia Prado, montagem consagrada pela atuação de Fernanda Montenegro.

Em 2002, Naum dirigiu dois gigantes do teatro brasileiro, Cleyde Yáconis e Sérgio Britto, na peça “Longa jornada de um dia noite adentro”, clássico de Eugene O’neill. Há três anos, falando sobre a morte de Cleyde ao GLOBO, o diretor demonstrou sua sensibilidade artística ao comentar sua experiência com a atriz: “Ela tinha técnica e precisão, mas em cena esquecia de tudo isso e se entregava, sempre na medida certa. Era uma sensibilidade muito apurada. Em vez de dirigir eu ficava contemplando, tentando descobrir que mistério era aquele. Mas a gente nunca descobre o segredo, não é para saber”, disse em abril de 2013.

‘SEU LEGADO É ENORME’

A atriz, autora e produtora Ana Velloso, que trabalhou com o dramaturgo na montagem de “Longa jornada de um dia noite adentro” e na última montagem de “Aurora da minha vida”, adaptada como um musical, em 2011, relembra o convívio com Naum.

— Ele adorava gatos, era uma pessoa muito inteligente e carinhosa. Eu vi muitas vezes o “Aurora” da Marieta Severo, no Teatro de Arena. Faz parte da minha formação e me deu o desejo de fazer, escrever e produzir teatro. Já trabalhei com muitos artistas difíceis, mas o Naum era uma pessoa da vida real, gente comum, do bem — afirma Ana, que relembra outra faceta do autor: — Ele criou os bonecos da “Vila Sésamo” para a TV Globo. Seu legado é enorme. Quem viu sua obra, conheceu um pouco da vida dele. É bonito ver alguém transformar sua experiência em algo que fale sobre as verdades universais — resume.

Naum Alves de Souza morreu em 9 de abril de 2016, em São Paulo, aos 73 anos.

Artistas como o ator Marcelo Medici e o ator e dramaturgo Dionisio Neto lamentaram a morte de Naum no Twitter.

‘UM SER HUMANO INCRÍVEL’

Nathalia Timberg, uma das maiores divas dos palcos nacionais, também comentou a importância do trabalho de Naum.

— O Brasil não sabe o belíssimo artista que perdeu, um homem de teatro incrível e um ser humano mais incrível ainda — define, emocionada.

Juca de Oliveira, cujo espetáculo “A flor de meu bem querer”, de 2003, foi dirigido por Naum, também lamentou a morte do artista.

— É uma perda enorme. O Naum era um dos mais talentosos escritores e diretores do teatro brasileiro. Ele teve uma influência muito grande na dramaturgia do nosso país. Meu único contato com ele, infelizmente, foi em “A flor do meu bem-querer”, meu maior sucesso. Ele era brilhante. O Brasil perde um diretor profundamente ligado à nossa terra, um homem de interior, que trazia toda a sensibilidade do campo para o palco, integrada com a sofisticação da cidade. Será sempre lembrado — afirma Juca.

(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – Nº 18.435 – 11 de abril de 2016 – TRIBUTO – Pág: 35)

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/teatro – CULTURA – TEATRO E DANÇA – CULTURA / POR O GLOBO – 10/04/2016)

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