Neal Adams, ao lado do roteirista Dennis O’Neill, renovou as histórias do Homem-Morcego da DC Comics com uma boa dose de realismo, agilidade e um tom sombrio que ajudou a separar a imagem consolidada pela série com Adam West nos anos 60

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Neal Adams (1941–2022), quadrinista que redefiniu o Batman nos anos 1970

 

Neal Adams (Governors Island, Nova Iorque, Nova York, 15 de junho de 1941 – Nova York, 28 de abril de 2022), lendário quadrinista, era responsável por dar uma vida nova aos gibis do Batman nos anos 1970, gênio dos quadrinhos, foi um dos responsáveis por revitalizar Batman nos anos 1970.

 

Ao lado do roteirista Dennis O’Neill, Adams renovou as histórias do Homem-Morcego da DC Comics com uma boa dose de realismo, agilidade e um tom sombrio que ajudou a separar a imagem consolidada pela série com Adam West nos anos 1960. Da sua época, surgiram vilões como Ra’s Al Ghoul -depois levado às telas em “Batman Begins”, de 2005-, Talia Al Ghoul -que se tornou amante do herói- e o macabro Morcego Humano.

Com isso, antecipou a imagem que ficou marcada do herói, a partir dos anos 1980, com as interpretações de Frank Miller nas HQs e de Tim Burton nas telonas. Não bastasse, as revistas com O’Neill ajudaram a consolidar a mitologia do Coringa, hoje considerado o maior vilão do Batman, que foi resgatado de histórias antigas e passou a ser menos humorístico e mais perverso. Dentre os trabalhos, “A Vingança do Coringa”, de 1973, foi definitiva, abrindo o caminho que culminaria em “A Piada Mortal”, assinada por Alan Moore, e de basicamente todos os intérpretes do vilão nos cinemas.

Além do estranho personagem Deadman, na DC, Adams também criou o primeiro Lanterna Verde negro da história, John Stewart. Na Marvel, também desenhou histórias dos X-Men, Quarteto Fantástico e Jovens Vingadores.

Com estilo inconfundível, seus desenhos fotorrealistas e de inspiração expressionista foram fundamentais para transformar Batman no Cavaleiro das Trevas, um personagem sombrio e torturado por traumas, radicalmente diferente do trapalhão engraçado da popular série de TV dos anos 1960.

 

Adams começou a chamar atenção nos anos 1960 em publicações de terror em preto e branco da editora Warren, o que o levou a ser convidado pela DC para ilustrar o personagem Desafiador (Deadman), um fantasma vingador, capaz de possuir suspeitos para desvendar seu próprio assassinato. Ele ainda passou pela Marvel, desenhando os X-Men, antes de fazer História ao lado do roteirista Dennis O’Neill e o arte-finalista Dick Giordano (1932-2010).

Em 1970, dois anos após o fim da série “Batman”, O’Neill recebeu do editor Julius Schwartz a difícil missão de fazer o público esquecer a versão cômica televisiva do herói, e buscou um especialista em terror para levar trevas ao personagem. Nesta reinvenção, escritor e desenhista trataram de afastar Robin, recriaram vilões clássicos como o Coringa e Duas Caras, transformados pela primeira vez em psicopatas assassinos, introduziram vilões monstruosos e deram ao herói um polêmico interesse amoroso, a femme fatale Talia al Ghul, filha de um novo, misterioso e perigosíssimo mestre do mal, Ra’s al Ghul.

 

Com os desenhos de Adams (arte-finalizados por Giordano), as histórias se tornaram mais que sérias: sombrias, violentas e maduras. Não só cumpriram o objetivo de transformação de Batman como viraram algumas das mais influentes já publicadas com o personagem.

 

A parceria entre Adams e O’Neil se estendeu a outra publicação que marcou época, “Lanterna Verde/Arqueiro Verde”, que juntou os heróis do título. A premissa era um desafio de Oliver Queen (o Arqueiro) para que Hal Jordan (o Lanterna) trocasse suas aventuras espaciais por uma jornada mais mundana para conhecer os problemas da Terra.

 

Com isso em mente, a publicação abortou todos os temas polêmicos da época, do preconceito racial à epidemia de drogas, e se tornou a primeira revista a desfiar a censura estabelecida nos anos 1950 sobre os quadrinhos, numa edição premiadíssima de 1971, em que Ricardito (Speedy), o parceiro adolescente do Arqueiro, revelava-se viciado em heroína. Foi tão impactante que deu início a era dos quadrinhos adultos de super-heróis, não indicados para menores, 15 anos antes de Alan Moore (“Watchmen”) e Frank Miller (“O Cavaleiro das Trevas”) publicarem seus clássicos na editora.

 

Seu último trabalho nessa passagem pela DC foi outro sucesso importante: uma edição especial de 1978 em que Superman enfrentou o campeão do boxe Muhammad Ali – situação que, por sinal, inspirou o filme “Space Jam” em muitos de seus detalhes. Adams chegou até a desenhar Pelé na capa da publicação, entre o público da luta fantasiosa.

 

O desenhista acabou se afastando dos quadrinhos devido a seu inconformismo pela baixa remuneração e falta de reconhecimento das editoras. Ele chegou a se engajar em várias campanhas de direitos autorais, exigindo compensações justas do mercado, e foi um dos artistas mais ativos na luta para a DC reconhecer os direitos de Jerry Siegel e Joe Shuster como os criadores de Superman, após Shuster aparecer no prédio da Warner Bros. trabalhando como carteiro.

 

Desgostoso, o artista decidiu mudar de ramo, formando a empresa Continuity Associates com o velho parceiro Dick Giordano. Os dois se especializaram em fornecer storyboards para filmes de Hollywood (desenhos de cenas descritas nos roteiros, para auxiliar a visão dos diretores). Mas quando Giordano voltou para a DC em 1980, em cargo de chefia, Adams se voltou a outros setores da indústria audiovisual.

 

Ele chegou a desenhar um segmento para a cultuada animação “Heavy Metal – Universo em Fantasia” (1981) e até virou diretor de cinema, comandando “Death to the Pee Wee Squad” em 1988. Trash no último, o filme foi lançado direto em vídeo pela Troma e incluía em seu elenco os filhos do artista e alguns colegas dos quadrinhos.

 

O artista também produziu a série animada “Bucky O’Hare” (1991–1992) e concebeu a atração infantil televisiva “Miss Danielle’s Preschoolbuds” (2016), além de ter colaborado com a Warner Bros. com ilustrações para vários documentários sobre Batman.

 

Nos últimos anos, ele fez as pazes com a DC, passando a ganhar reconhecimento pela criação de diversos personagens – como John Stewart, o Lanterna Verde negro – , e acabou convencido a voltar aos quadrinhos, recebendo os maiores salários de sua carreira e tratamento de mestre em reconhecimento a sua trajetória, para trabalhar em novas minisséries de Batman, Superman e Desafiador. Até a Marvel o requisitou para ilustrar títulos dos X-Men, Novos Vingadores e Quarteto Fantástico.

 

Para além dos heróis das grandes casas americanas de quadrinhos, Adams teve um papel importante ao lutar pelos direitos dos artistas -um assunto complicado que se estendeu por décadas até obterem a devida remuneração e créditos- e acabou criando seu próprio selo, o Continuity Studios. Nomes como o próprio Frank Miller e Bill Sienkiewicz foram seus pupilos nessa casa.

 

Ao lado de outro gigante dos quadrinhos, Stan Lee, chegou a formar a Academy of Comic Book Arts, como uma sindicato para lutar em nome dos roteiristas e desenhistas de HQs. Como a intenção de Lee, afinal, era uma organização mais próxima aos “tapinhas nas costas” da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que entrega as estatuetas do Oscar, os dois se separaram.

 

Ainda assim, se manteria fiel ao legado de outros grandes nomes da indústria que tinha poucos direitos sobre seus trabalhos. Entre tantas conquistas nessa luta, conseguiu que Jack Kirby -outra lenda, co-criador do Quarteto Fantástico, Thor, X-Men e Hulk- recebesse os originais das HQs (que ficavam sob posse da Marvel) e ainda ajudou a projetar Jerry Siegel e Joe Shuster -os criadores do Super-Homem, ainda na década de 1930- quando eles começavam a cair no ostracismo e enfrentavam dificuldades financeiras.

 

Seu último trabalho foi uma minissérie que colocou Batman contra uma de suas criações favoritas, o vilão Ra’s al Ghul, encerrada em março de 2021.

 

Neal Adams faleceu em 28 de abril de 2022 na cidade de Nova York, em decorrência de uma infecção generalizada, aos 80 anos.

Segundo Marilyn Adams, mulher do artista, ele estava em Nova York e teve complicações de uma sepse, doença desencadeada por uma inflamação que se espalha pelo organismo diante de uma infecção.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – CINEMA / NOTÍCIAS / por Pipoca Moderna – 30/04/2022)

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(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – Folha de S.Paulo / CINEMA / NOTÍCIAS / por SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) / fornecido por Microsoft News – 30/04/2022)
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