Neiva Chaves Zellaya, conhecida nacionalmente por Tia Neiva, médium sergipana, fundadora da seita Ordem Espiritualista Cristã Vale do Amanhecer. Tia Neiva embutiu uma fórmula simples para manter coesa a Ordem Espiritualista Cristã Vale do Amanhecer a comunidade mística que ela fundou e tornou famosa a partir da década de 60 – , a 53 quilômetros da capital do país.
O plano da junta é difundir, além dessas fronteiras, o legado de Tia Neiva. “Ela preparou todo um sistema organizado que pode funcionar até o fim dos tempos”. O legado de Tia Neiva, na verdade, é um prodígio de sincretismo religioso sem paralelos no Brasil. Divididos em médiuns e fiéis, os adeptos do Vale do Amanhecer veneram dos faraós do antigo Egito a Iemanjá, passando por deuses pré-colombianos e pelos guerreiros de Esparta. No topo dessa legião de divindades estão Jesus Cristo e Pai Seta Branca, apresentado como o espírito de um imperador inca que encarnou em São Francisco de Assis. Tia Neiva começou a conhecer sua doutrina em 1959, quando era apenas uma motorista de caminhão que trabalhava na construção de Brasília. “De repente, passei a enxergar e a falar com espíritos, principalmente com Pai Seta Branca, contou. A doutrina de Tia Neiva também inclui a crença em transformações radicais no mundo quando surgir o terceiro milênio, com o cristianismo terminando o seu ciclo e dando espaço a outro ciclo religioso.
Entre os feitos de Tia Neiva destaca-se o episódio que envolveu o deputado federal Gustavo Faria, do PMDB carioca. Em meados de 1978, passando por dificuldades financeiras, Faria procurou a médium. Ela o tranquilizou, garantindo que a crise passaria. No Natal do mesmo ano, Faria acertou na loteria. Tia Neiva também acertou sua última previsão política. Na reta final da disputa entre o falecido presidente Tancredo Neves e o deputado Paulo Maluf, ela vaticinou que nenhum dos dois chegaria à Presidência da República. Tia Neiva articulou a transformação do Vale do Amanhecer numa autêntica seita que tem ramificações em vários Estados e milhares de seguidores fiéis espalhados pelo Brasil. Tia Neiva morreu no dia 15 novembro de 1985, em Brasília, aos 60 anos, de enfisema pulmonar.
(Fonte: Veja, 27 de novembro, 1985 Edição 899 DATAS – Pág; 99 RELIGIÃO – Pág; 88)