Artista plástico Nelson Leirner corroeu por dentro o narcisismo do mundo das artes
Pintor, desenhista, cenógrafo e professor, ele foi um dos mais influentes nomes da arte contemporânea.
Seus pais ajudaram a fundar o Museu de Arte Moderna de São Paulo
Ele foi um dos mais influentes nomes da arte contemporânea.
Nelson Leirner (nasceu em São Paulo, em 16 de janeiro de 1932 – faleceu em Rio de Janeiro, em 7 de março de 2020), artista plástico paulistano, considerado um artista intermídia, foi um dos nomes mais influentes da arte contemporânea no Brasil.
Leirner era conhecido por atitudes iconoclastas. Em 1967, mandou um porco empalhado para um salão de arte em Brasília, que foi aceito como obra artística. Anos depois, o bicho ainda circularia por mostras mundo afora.
Pintor, desenhista, cenógrafo e professor, Leirner nasceu em em 16 de janeiro de 1932, em São Paulo e era filho da escultora Felícia Leirner e do empresário Isaí Leirner, que ajudaram a fundar o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM.
Entre os anos 1947 e 1952, Leirner morou nos Estados Unidos para cursar engenharia têxtil no Lowell Technological Institute, em Massachusetts, mas não concluiu a graduação.
De volta ao Brasil, estuda pintura com o artista espanhol Joan Ponç (1927-1984) a partir de 1956. E, 10 anos mais tarde, fundou a cooperativa de arte Grupo Rex, com Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros (1923-1998), Carlos Fajardo, José Resende e Frederico Nasser.
Entre 1956 e 1958 estudou artes plásticas, e fez sua primeira exposição individual em 1961, em São Paulo.
Na década de 1960, fez os primeiros trabalhos múltiplos, usando outdoor e lona, entre outros materiais. Nos anos 1970, após recusar convites para participar de duas bienais internacionais de São Paulo, passou a representar o contexto político do Brasil em suas obras.
Por isso, recebeu, em 1974, um prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) para sua série “A rebelião dos animais”, crítica ao regime militar.
Em 1966, Leirner fundou o Grupo Rex, ao lado de Wesley Duke Lee, Carlos Fajardo, Geraldo de Barros, Frederico Nesser e José Resende. Em 1967 foi premiado na 20ª Bienal de Tóquio, com um trabalho em que ironiza o sistema de arte.
Notório crítico das idiossincrasias do mundo da arte, Leirner havia fundado no ano anterior, ao lado de Wesley Duke Lee e de Geraldo de Barros, uma galeria alternativa, a Rex, voltada a expor o que consideravam de mais bizarro nesse universo. Num dos “happenings” que ali promoveram, doaram tudo o que estava exposto a quem passasse pela galeria.
No Brasil, Leirner se recusou a participar das Bienais de 1969 e 1971, durante o regime militar. Em 1974, criticou o período através da série A Rebelião dos Animais.
Em 1998, uma série de trabalhos de Leirner com intervenções em fotografias de crianças de autoria da fotógrafa neozelandesa Anne Geddes foi censurada pela Justiça do Rio de Janeiro. Apresentados durante o 16º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna do Rio, os trabalhos foram apreendidos a pedido da 1ª Vara da Infância e da Juventude, que se baseou no artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê pena para quem “fotografar ou publicar cenas de sexo explícito ou pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes”. A decisão judicial causou uma mobilização de artistas contra a censura.
Sua morte marca momento de silêncio depois de ondas de trabalhos ruidosos que escancararam as entranhas dos museus
O artista plástico vivia no Rio havia 23 anos. Mudou-se para a cidade em 1997 e coordenou o curso básico da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Jardim Botânico, até o ano seguinte.
Em 2011, em entrevista à “Folha de S.Paulo”, refletiu a respeito do status da arte em tempos de mercantilização. “Minha obra continua crítica, mas a crítica não funciona mais. Ela foi engolida, a sociedade aprendeu a consumir o artista. Não tem como criticar sendo consumido. Todos nós viramos marca registrada.”
Dois anos depois, em 2013, um contêiner com 20 obras suas que julgavam estar perdidas foi encontrado em Nova York. Elas haviam integrado uma mostra com trabalhos do artista feita por uma galeria que fechou as portas e que nunca haviam sido devolvidas.
As obras só foram descobertas por causa das gravações de um reality show, “Storage Wars”, que trata justamente de pessoas que compram contêineres esquecidos em armazéns americanos. Entre os trabalhos estavam fragmentos de uma versão da instalação “Bala Perdida”, que traz imagens de figuras religiosas cravadas de balas de revólver.
Nelson Leirner faleceu aos 88 anos em 7 de março de 2020, em sua casa no Rio de Janeiro, vítima de um infarto. Paulistano, ele morava na capital fluminense desde 1997.
(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao – DIVERSÃO / ENTRETENIMENTO / Por Fábio Grellet – 8 MAR 2020)
(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/09 – Globo Notícias/ RIO DE JANEIRO / NOTÍCIA / Por G1 – 09/03/2020)
(Fonte: https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2020/03/08 – NOTÍCIA / Eu & / Por Folhapress — São Paulo 08/03/2020)