Nevil Shute Norway (Londres, Inglaterra, 17 de janeiro de 1899 – Melbourne, Austrália, 12 de janeiro de 1960), misto de escritor, engenheiro aeronáutico, piloto e homem de negócios britânico. Shute impressiona o leitor com a quantidade de informações técnicas que manipula em suas obras. Autor de mais de dez livros (entre eles, “A Hora Final”, filmado por Stanley Kramer em 1959, com Ava Gardner e Gregory Peck), Shute é capaz de descrever particularidades de vários modelos de aviões, revelar a fórmula de compra-los com uma receita reduzida, ou dizer com exatidão quanto tempo e combustível os aparelhos consomem entre perdidas cidades do oriente.
Tantos requintes realistas constituem um tempero muito especial para a história de Thomas Cutter o herói de “A Paixão do Oriente” -, uma espécie de Lawrence da Arábia devoto do lucro. Cutter funda uma empresa aérea no golfo Pérsico e persegue a fortuna voando sobre desertos escaldantes. Um de seus funcionários costuma juntar a palavra de Buda e de outros iluminados às noções de termodinâmica dos motores que transmite a seus auxiliares. E com esse inusitado método de pregação transforma o hangar de Cutter num templo ecumênico, para onde convergem religiosos de todas as seitas orientais.
Sempre despertam interesse os relatos que mostram a carreira de um empresário bem sucedido, principalmente se ele começa do zero, como é o caso de Cutter. “A Paixão do Oriente” também conta com o trunfo de ser levemente autobiográfico o próprio autor possuía uma indústria de aviões co mais de mil empregados. E a eficiente narrativa ainda vem enriquecida por exóticas especiarias o misticismo asiático e xeques milionários. Shute emigrou para a Austrália em 1950, vindo a falecer em Melbourne, Austrália, em 12 de janeiro de 1960, aos 60 anos.
(Fonte: Veja, 5 de dezembro de 1973 Edição 274 LITERATURA/ Por Benício Medeiros “A Paixão do Oriente”, de Nevil Shute – Pág: 106)