Reconhecimento e importância sua para a cultura gaúcha.
O tradicionalista Nico Fagundes foi compositor de clássicos como “Canto Alegretense”
Nico Fagundes (Inhanduí, interior de Alegrete, 4 de novembro de 1934 – Porto Alegre, 24 de junho de 2015), folclorista, cantor, compositor e apresentador
Nico foi um dos mais importantes expoentes da cultura gaúcha, compositor de clássicos como “Origens” e “Canto Alegretense”. Ele também se notabilizou por apresentar o programa “Galpão Crioulo”, da RBS TV, por cerca de 30 anos, até 2012, quando a atração passou ao comando de seu sobrinho, Neto Fagundes.
Antonio Augusto Fagundes foi um dos expoentes da cultura tradicionalista do Rio Grande do Sul. O historiador e folclorista Antônio Augusto Fagundes, foi respeitado tanto pelo trabalho como poeta quanto de estudioso da alma e das tradições gaúchas.
Mais conhecido como Nico, chegou a Porto Alegre aos 20 anos e rapidamente se enturmou com os fundadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Inicialmente, atuou como poeta e divulgador da obra de, entre outros, Aparício Silva Rillo e Jayme Caetano Braun.
O autor da célebre letra do clássico Canto Alegretense nasceu em Inhanduí, interior de Alegrete, em 4 de novembro de 1934 – município que homenagearia com a composição, um dos hinos da música regionalista, Antonio Augusto Fagundes, conhecido como Nico Fagundes, tornou-se uma das figuras de maior referência do tradicionalismo gaúcho. Além de apresentador, poeta e compositor, tinha formação em Direito, História e Antropologia e era reconhecido como uma autoridade em folclore do Rio Grande do Sul.
As suas composições, que retratavam os costumes e cultura gaúcha, foram regravadas por vários artistas. A mais famosa delas, o “Canto Alegretense”, se tornou popular ao ponto de ser lembrada como um hino extraoficial do estado.
Depois de formar-se advogado – Teixeirinha, Gildo de Freitas e outras personalidades ligadas à cultura regional foram seus clientes –, Nico se especializou em História do Rio Grande do Sul e fez Mestrado em Antropologia Social. Dedicou-se a pesquisar a formação, a identidade e os costumes típicos do Sul, levando-os a conhecimento do público por meio de livros, canções e, sobretudo, graças a sua atuação nos meios de comunicação.
Ainda na Fronteira, aos 16 anos, já trabalhava no jornal Gazeta de Alegrete, como cronista e repórter, e na Rádio Alegrete, apresentando programas humorísticos e gauchescos. Na Capital, ingressou na redação de A Hora em 1954 e, na TV Piratini, no final daquela década.
Bento Gonçalves na TV
Ampliou sua atuação para o cinema e chegou a interpretar Bento Gonçalves na minissérie global O Tempo e o Vento, exibida em 1985. Ficaria ligado para sempre como o homem à frente do programa dominical Galpão Crioulo, exibido desde 1982 pela RBS TV – e que Nico definiu, certa vez, como maior vitrina da música gauchesca.
O bordão “Gaúchos e gaúchas de todas as querências”, que repetia semanalmente na televisão, tornou-se um dos mais conhecidos do gauchismo, e ajudou a tornar Nico uma das principais referências do folclore local. Com seu irmão Bagre Fagundes e com os sobrinhos Neto, Ernesto e Paulinho formou o grupo Os Fagundes, outra referência do tradicionalismo. Teve coluna semanal em Zero Hora para falar de assuntos ligados à cultura regionalista.
Entre as suas ações para além da produção artística ou jornalística, destacam-se as fundações do Conjunto de Folclore Internacional Os Gaúchos, do qual foi diretor durante 15 anos, e a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, ligada ao Instituto de Tradições e Folclore, que funcionou durante seis anos.
Em 1990, criou a Cavalgada da Paz, a mais célebre e abrangente – seus roteiros são sempre internacionais – das cavalgadas promovidas pelos tradicionalistas. “Essa ação persegue o sonho de paz entre os irmãos latino-americanos”, escreveu, certa vez, em seu espaço em Zero Hora, sobre o projeto.
AVC e a volta ao Galpão Crioulo
Em 2000, o folclorista sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Permaneceu no hospital para tratamento durante dois meses. Recuperou-se e voltou a apresentar o Galpão Crioulo na companhia de Neto Fagundes. Inquieto, seguiu frequentando seu escritório do bairro Santana e não abria mão de atender a alguns convites de trabalho.
Foi numa dessas ocasiões, ao participar do júri oficial da 18ª e histórica edição de retomada da Tertúlia Musical Nativista, em Santa Maria, que ele manifestou os primeiros sintomas de uma septicemia (infecção generalizada).
– Ele estava muito feliz de ir à Tertúlia. Achava a volta do festival tão importante que, para poder participar, reservou três dias na véspera de uma gravação no Interior – relatou, à época, sua mulher, a funcionária pública federal Ana Piagetti Fagundes.
Ana foi a terceira esposa de Nico.
Recentemente, remexendo na biblioteca de mais de 5 mil volumes do marido, encontrou 300 poemas inéditos – alguns deles anotados em guardanapos e até papel de pão. Essa descoberta valeu anos de trabalho de organização dos escritos que resultaram, em 2013, na publicação de um primeiro volume chamado Águas da Minha Terra.
Nico Fagundes morreu em 24 de junho de 2015, aos 80 anos, no hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre.
“Tio Nico tinha feito um pedido para que o pai [Bagre Fagundes, irmão de Nico] tocasse com a gaitinha dele o ‘Canto Alegretense’ ou ‘Origens’. O pai está meio receoso, pois tem medo de se emocionar. Não sabemos ainda. Ele pediu pra ser velado de branco, lenço branco dos Fagundes, e pilchado”, contou o sobrinho Ernesto Fagundes.
(Fonte: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2015/06 – CULTURA – Do G1 RS – 25/06/2015)
(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – Nº 18.152 – CULTURA – 25/06/2015)
(Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/559959 – ANO 120 – Nº 268 – Arte & Agenda – Variedades – Música – TRIBUTO – 25/06/2015)