Ficou eternizado em programas na televisão como “Senhor feliz e senhor contente”, com Herman José, e “Eu Show Nico”.
João Nicolau de Mello Breyner Moreira Lopes (Serpa, 30 de julho de 1940 – Lisboa, 14 de março de 2016), ator, produtor, produtor e uma das figuras mais populares da ficção nacional com mais de 55 de carreira
Alentejano de Serpa, Nicolau Breyner nasceu em julho de 1940 na vila alentejana, onde passou parte da infância. Foi como o “tanoeiro”, um pequeno papel na peça Leonor Telles, que, a 20 de Abril de 1960, se estreou no teatro, depois de ter vindo para Lisboa, para estudar no Conservatório – canto e teatro. A estreia na televisão deu-se com “Cruzeiro de Férias”, ao lado de António Silva.
Ao longo dessa década tornou-se numa das primeiras figuras do teatro de revista e na década seguinte num dos atores mais populares do país, graças à televisão. Para a maior a parte dos portugueses, será sempre o Sr. Contente, metade da dupla “Sr. Feliz e Sr. Contente”, rábula que protagonizava com Herman José. Mas marcou a televisão com programas como Eu Show Nico (1980) ou Gente Fina é Outra Coisa (1983).
Foi também ator e coautor da primeira novela portuguesa, Vila Faia, em 1982. Na telenovela desempenhou um papel marcante, o de João Godunha. Trabalhou também como realizador de várias séries e produtor de TV, tendo sido o fundador da NBP Produções.
No cinema participou, por exemplo, em “O Barão de Altamira” (1986), “Jaime” (1999), “Os imortais” (2003), “A Bela e o Paparazzo” (2009) e “Os gatos não têm vertigens” (2014) e assumiu o papel de realizador, entre outros, em “Contrato” e “Sete pecados rurais”. Henrique Campos, Joaquim Leitão, António-Pedro Vasconcelos, Luís Galvão Telles, António da Cunha Telles, Leonel Vieira, Jorge Paixão da Costa e Fernando Lopes foram alguns dos realizadores com quem trabalhou.
Distinguido em 2005 com a Ordem de Mérito, Nicolau Breyner desejava ver no Alentejo a criação de uma estrutura profissional de captação de produções de cinema para a região, que nunca foi completamente concretizada.
Apesar do tempo passado em Lisboa, Nicolau Breyner nunca esqueceu o Alentejo e cumpriu funções políticas na região. Nos anos 1990, candidatou-se à autarquia de Serpa, pelo CDS-PP, e assumiu funções como vereador. Na década seguinte chegou a ser militante do PSD e, mais recentemente, integrou a candidatura de Nuno da Câmara Pereira pelo SIM – Movimento Independentes por Sintra à presidência da câmara.
O ator estava desde outubro a gravar a telenovela A Impostora, para a TVI, que ainda não estreou, e tinha viagem marcada para o Brasil amanhã de manhã. A sua morte repentina chocou o mundo das artes e não só. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já expressou o seu “grande desgosto” pela morte do ator. Para o primeiro-ministro António Costa, “é uma grande perda para todos nós”.
“A missão do ator é simplesmente emocionar as pessoas. Levá-las ao riso ou às lágrimas. Fazer com que nos odeiem ou nos amem. Enfim…. É fazê-las sonhar. Quando isso acontece, a vossa missão está cumprida”. A frase, de Nicolau Breyner, inscrita no site da escola de atores NBAcademia, que fundou, possivelmente sintetiza o trabalho de uma vida ligada à representação, ainda que com um desvio pela política.
Nicolau Breyner faleceu em Lisboa, em 14 de março de 2016, aos 75 anos, em casa, de “causas naturais”.
O ministro da Cultura, João Soares, reagiu em direto na SIC: “Estou aqui para me curvar modestamente perante esse grande homem. Fez coisas absolutamente decisivas que marcaram a minha geração.” Soares lembrou ainda o “cidadão comprometido com o futuro do seu país e que formou e influenciou muitos dos jovens atores”.
“Era um ator ímpar. Não havia ninguém como ele”, resumiu o realizador António Pedro Vasconcelos. “O dom dos gênios é fazer parecer fácil”, acrescentou, em declarações à SIC Notícias. Nicolau Breyner participou no penúltimo filme do realizador, Os Gatos Não Têm Vertigens, e Vasconcelos recorda o “grande colega” que ajudava os mais jovens.
Já o ex-líder do CDS, Paulo Portas, falou à SIC Notícias da experiência política de Nicolau Breyner, que em 1995 se candidatou à câmara municipal de Serpa pelo CDS. Portas lembrou uma “campanha eleitoral absolutamente extraordinária” em que Nicolau Breyner conseguiu uma “votação muito alta”, mesmo não tendo ganho. O ex-líder centrista afirmou que a carreira política não foi o mais importante no percurso do ator e até recordou que se riu “muito com ele nessa experiência [de se candidatar à autarquia alentejana]”
(Fonte: http://www.dn.pt/artes – DIÁRIO DE NOTÍCIAS – ARTES – 14 DE MARÇO DE 2016)