Nora Ephron (Nova York, 19 de maio de 1941 Nova York, 26 de junho de 2012), nomeada para os Óscares por ter escrito e realizado comédias românticas como Um Amor Inevitável (When Harry Met Sally) e Sintonia de Amor (Sleepless in Seattle). Seus pais foram os dramaturgos Henry e Phoebe Ephron e desde cedo acostumou-se a viver no meio de pessoas famosas e influentes.
Ephron foi apelidada como a rainha da comédia romântica norte-americana.
O maior de Nova York, Michael Bloomberg, apelidou a morte da argumentista e escritora autora de vários livros e ensaios como uma perda devastadora para a comunidade artística e cultural da cidade.
O Sindicato de Realizadores da América reagiu à morte de Ephron dizendo que ela foi uma inspiração para todas as realizadoras, quando ainda havia muito poucas nesta indústria.
A atriz Carrie Fisher lembrou uma Ephron inspiradora, intimidante e perspicaz. E Tom Hanks, que por várias vezes trabalhou com a argumentista, escreveu que “ela nos levantou a todos com uma sabedoria e uma sagacidade misturada com um amor por nós e pela vida”. “Nora Ephron foi uma jornalista/artista que sabia o que era importante saber: como as coisas realmente funcionavam, o que valia apena, quem era fascinante e porquê”, acrescentou o ator.
Ephron apenas contou à família e aos amigos mais chegados o seu problema de saúde mas numa entrevista à Reuters em 2010 a argumentista e realizadora encorajou todos os amigos a gozarem a vida enquanto ainda têm tempo de o fazer.
Devíamos comer coisas deliciosas enquanto ainda as podemos comer, ir a lugares maravilhosos enquanto ainda podemos lá ir… E não devíamos ter noites em que dizemos para nós próprios O que é que eu estou aqui a fazer? Porque é que eu estou aqui? Estou aborrecida!.
Washington e Carl Bernstein
Ephron começou a carreira como jornalista, mas rapidamente passou para a indústria dos argumentos de cinema, deixando atrás de si dezenas de filmes que normalmente tinham como protagonistas figuras femininas poderosas, como recentemente foi o caso de Julie & Julia (2009), o seu último filme e que contou no elenco com Amy Adams e Meryl Streep.
Para além de argumentista, Ephron também produziu e realizou muitos dos seus filmes.
Foi nomeada para três Óscares pelos filmes Um Amor Inevitável, Sintonia de Amor e pelo drama Reação em Cadeia (Silkwood), no qual Meryl Streep desempenha o papel de uma ativista anti-nuclear.
O filme Você Tem uma Mensagem (You”ve Got Mail), protagonizado por Tom Hanks e Meg Ryan, foi igualmente um dos mais populares que a argumentista e realizadora escreveu e dirigiu.
Ephron também se dedicou ao teatro, tendo escrito a peça Imaginary Friends, de 2002, e Love, Loss and What I Wore, a par com a irmã Delia, de 2009.
Nascida a 19 de maio de 1941 em Nova York, Ephron – filha de dois argumentistas – cresceu, porém, em Beverly Hills. Antes de enveredar pelo jornalismo ainda fez um estágio na Casa Branca, em Washington, mas depressa passou para a escrita de ensaios humorísticos.
Começou a investir na indústria do entretenimento depois de se ter casado com o seu segundo marido – o famoso jornalista de investigação do The Washington Post Carl Bernstein, que ajudou a expor ao mundo o escândalo de Watergate, envolvendo então o Partido Republicano do então Presidente Richard Nixon.
Foi aliás Ephron que ajudou a reescrever uma versão do filme Os Homens do Presidente (All The President”s Men) sobre o escândalo político que levou ao pedido de demissão de Nixon, em 1974.
Apesar de o seu argumento não ter sido usado, esta tarefa abriu-lhe as portas de um trabalho de escrita de argumentos para televisão. A primeira grande oportunidade no cinema surgiu após o amargo divórcio de Bernstein, que esteve na origem do romance de 1983 A Difícil Arte de Amar (Heartburn), que ela, mais tarde, adaptou ao grande ecrã através do filme homônimo protagonizado por Jack Nicholson e Meryl Streep.
O filme foi um sucesso nos cinemas e abriu a Ephron as portas para os grandes êxitos do final da década de 1980 e 1990, como Um Amor Inevitável e Sintonia de Amor.Gradualmente, Ephron começou a ser vista como uma das mais talentosas escritoras e realizadoras de comédias românticas de Hollywood. Apesar de os seus filmes terem arrecadado dezenas de milhões de dólares nos cinemas de todo o mundo, a realizadora e argumentista nunca recebeu nenhum Oscar.
Após 2000, Ephron tinha-se vindo a dedicar mais aos ensaios e escrevia igualmente para o site The Huffington Post.
Em 2008 a sua colecção de ensaios transposta para livro I Feel Bad About My Neck: And Other Thoughts on Being a Woman tornou-se um bestseller em Nova York.
Ephron, de 71 anos, morreu de leucemia mielóide aguda no Centro Médico Presbiteriano/Weill Cornell, em Nova York.
Antes de morrer, Ephron estava a trabalhar num filme biográfico sobre a cantora Peggy Lee que deveria ser interpretada pela atriz Reese Witherspoon, de acordo com o site IMDB.
Num e-mail enviado ao The New York Times, Meryl Streep, que protagonizou vários filmes de Ephron, lembrou a disponibilidade de Ephron. “Podíamos chamá-la para tudo. Médicos, restaurantes, receitas, discursos, ou apenas algumas piadas. Ela era uma especialista em todos os departamentos da vida”, escreveu a atriz.
Ephron deixa para trás o seu terceiro marido de há mais de 20 anos, Nicholas Pileggi, e os dois filhos que teve com Bernstein.
(Fonte: www.publico.pt/Cultura – Por Reuters, PÚBLICO – CULTURA – 27.06.2012)