Foi um dos maiores animadores da história. Com meio século de carreira, Norman McLaren deixou como legado 59 filmes de animação. Ainda hoje seu nome é lembrado por qualquer animador no mundo pelas suas técnicas revolucionárias, frutos de uma vida inteira de experimentos dentro de estúdios e laboratórios.
Norman McLaren (Stirling, 11 de abril de 1914 – Montreal, 26 de janeiro de 1987), um dos mestres do cinema de animação, autor de Neighbours (Vizinhos), de 1952, que ganhou um Oscar. Ficou famoso por dispensar o uso de câmaras e desenhar e pintar diretamente sobre a película.
Norman McLaren estudou na Escola de Belas Artes de Glasgow, onde cursava Design de Interiores. Foi lá que conheceu John Grierson, futuro fundador do National Film Board of Canadá. Ainda estudante, participou do núcleo de cinema da faculdade, a Kine Society, onde produzia filmes experimentais inspirados nos trabalhos dos russos Eisenstein e Pudovkin. Apesar das deficiências dos equipamentos da universidade, ignorou todos os obstáculos e começou a desenhar diretamente na película. É assim que os gênios encaram os problemas.
Ainda na universidade embarcou em temáticas sociais, uma marca que estaria presente em toda a sua carreira. É o caso de “Hell Unlimited” de 1936, um manifesto contra a guerra, onde ele misturou filmagens de ação direta, desenhos, esculturas e stop motion. No mesmo ano McLaren foi para a Espanha em plena guerra civil, onde trabalhou como cinegrafista para “Defence of Madrid”, do cineasta britânico Ivor Montagu. A experiência deixou uma marca social inegável em seu trabalho, consolidando sua posição de artista pacifista.
O cenário de guerra o incentivou a partir para os Estados Unidos poucos anos depois. Antes, porém, McLaren trabalhou no General Post Office Film Unit, em Londres, a convite de Grierson. Foi lá que realizou seu primeiro filme profissional, “Love on the Wing“, produzido pelo cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti, de quem McLaren era grande admirador. Em 1939 desembarcou em Nova York, onde realizou alguns filmes para o Museu Guggenheim, como “Dots” e “Loops“.
Já em 1941 o animador imigrou para o Canadá, reencontrando Grierson e ingressando na NFB. Os anos de guerra que sucederam incentivaram McLaren a criar cinco filmes sobre o tema. Com “V for Victory“, “Five for Four“, “Hen Hop” e “Dollar Dance“, ele aperfeiçoou sua técnica de desenho à mão.
Finalmente “ancorado”, McLaren fez da NFB seu laboratório de animação. Em 1951, “Around is Around” foi o primeiro filme da história do cinema a apresentar efeitos 3D. Os desenhos bidimensionais eram fotografados e para a obtenção do efeito estereoscópio (3D) McLaren utilizava dois projetores que exibiam frames separados. Já em “X-Rays”, o animador fez desenhos sobre raios-x de sua própria cabeça. Ao longo da carreira, realizou diversas experiências com luzes e profundidade, sempre sincronizando música e imagem, criando dimensões únicas.
Consagrado, além do Oscar de Melhor Animação por “Vizinhos”, em 1953, o animador recebeu uma Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes por seu curta “Blinkity Blank”, em 1955. McLaren morreu dia 29 de janeiro de 1987, aos 72 anos, de ataque cardíaco, em Montreal, Canadá.
(Fonte: Veja, 4 de fevereiro, 1987 - Edição 961 - DATAS - Pág; 87)
(Fonte: http://www.animamundi.com.br – Norman McLaren: 100 anos de um dos maiores nomes da animação! – por: Agencia Rastro – 07/04/2014)