O PRIMEIRO CONGESTIONAMENTO
Em 1911, no dia 11 de setembro, a cidade de São Paulo teria a primeira mostra do que viria a ser seu trânsito num futuro longínquo: um gigantesco engarrafamento de automóveis na zona central, formando o primeiro congestionamento automobilístico da história no Brasil. O motivo foi a inauguração do Teatro Municipal, projetado pelo arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo.
Seria a maior badalação social do ano, com direito a recital do barítono italiano Titta Ruffo. É lógico que só os muito ricos receberam convite. O problema era que todo ricaço possuía um automóvel. Daí, pela primeira vez, 100% da frota paulistana sairia às ruas ao mesmo tempo, e com um mesmo local de destino. Para complicar, cerca de 20 mil pedestres resolveram ir presenciar a inauguração das calçadas próximas ao Municipal e tornaram as estreitas ruas ainda mais intransitáveis.
Para percorrer os últimos três quarteirões, até a entrada principal do teatro, os carros levaram duas intermináveis horas e muitos socialites da época resolveram apear da sua pompa e caminhar 200 metros, sob os aplausos frenéticos, ou as gozações de praxe, dos sem-carro presentes.
(Fonte: Revista QUATRO RODAS ESPECIAL Edição Especial 0418 N.º 507B Editora ABRIL A Automóvel no Brasil Capítulo II – O Carro no Brasil Pág. 32)