O primeiro grande divulgador da música caipira
Jararaca e Ratinho
Uma das mais antigas e tradicionais duplas sertanejas do Brasil, foi formada em Pernambuco em 1927, quase dez anos depois do primeiro encontro entre Jararaca e Ratinho. Os dois integraram juntos o grupo Turunas Pernambucanos, que se destacou no início dos anos 20 cantando cocos e emboladas e se apresentando em trajes típicos. Excursionaram pela Argentina e Uruguai e os Turunas de separaram, dando origem à dupla. Em São Paulo fizeram sucesso cantando emboladas e atuando em performances satíricas. Gravaram o primeiro disco em 1929, pela Odeon, época em que começaram a ter suas músicas gravadas por outros artistas, como Francisco Alves (“Meu Sabiá”, “Meu Brasil”). Tendo em foco a música regional, excursionaram pelo interior com Cornélio Pires, o primeiro grande divulgador da música caipira. Jararaca compôs e gravou diversas músicas de carnaval, como o clássico “Mamãe Eu Quero” (com Vicente Paiva), do ano de 1937, cujo extraordinário sucesso chegou ao exterior, tendo sido incluído em filmes de Hollywood.
O cantor Bing Crosby, primeiro grande ídolo da música americana, inspirador de Frank Sinatra, gravou a marchinha na versão “I Want My Mama”. Ratinho se destacou também como saxofonista, autor de choros e valsas, como “Saxofone, Por Que Choras?”. Tiveram bastante êxito nos dez anos em que trabalharam na Rádio Nacional, sempre caracterizados como representantes da música regional caipira. Alguns sucessos foram “Desafiando”, “Meu Pirão Primeiro”, “Oi, Chico”, “Bonito”, “Pinicadinho” e “Espingarda Pá, Pá, Pá”. Tom Jobim deu parceria a Jararaca ao utilizar seu refrão “Do Pilar” na música “O Boto”, em 1976. Na televisão, participaram do programa A-E-I-O-Urca, da TV Tupi. Após a morte de Ratinho, em 1972, Jararaca continuou se apresentando sozinho em programas de televisão e rádio, até sua morte, em 1977. A Funarte lançou um CD com obras da dupla em 1998. A dupla era formada por José Luís Rodrigues Calazans (Jararaca) e Severino Rangel de Carvalho (Ratinho)
(Fonte: cliquemusic.uol.com.br/artistas)
Foi o primeiro a conseguir que a indústria fonográfica brasileira lançasse, em 1928, em discos de 78 Rpm, a música caipira.
Cornélio Pires (Tietê, 13 de julho de 1884 São Paulo, 17 de fevereiro de 1958) foi um jornalista, escritor, folclorista e espírita brasileiro.
Foi um importanto etnógrafo da cultura caipira e do dialeto caipira.
Iniciou a sua carreira viajando pelas cidades do interior do estado de São Paulo e outros, como humorista caipira.
Em 1910, Cornélio Pires, apresentou no Colégio Mackenzie hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, um espetáculo que reuniu catireiros, cururueiros, e duplas de cantadores do interior. O Colégio Mackenzie foi fundado e sempre mantido pela Igreja Presbiteriana, à qual Cornélio Pires pertencia.
Ambicionando cursar a Faculdade de Farmácia, deslocou-se de Tietê para a cidade de São Paulo, a fim de prestar concurso de admissão. Não tendo obtido sucesso em seu intento, conseguiu empregar-se na redação do jornal O Comércio de São Paulo. Posteriormente trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, onde desempenhou a função de revisor. A partir de 1914, passou a trabalhar no periódico O Pirralho.
Foi autor de mais de vinte livros, nos quais procurou registrar o vocabulário, as músicas, os termos e expressões usadas pelos caipiras. No livro “Conversas ao Pé do Fogo”, Cornélio Pires faz uma descrição detalhada dos diversos tipos de caipiras e, ainda no mesmo livro, ele publica o seu “Dicionário do Caipira”. Na obra “Sambas e Cateretês” recolhe inúmeras letras de composições populares, muitas das quais hoje teriam caído no esquecimento se não tivessem sido registradas nesse livro. A importância de sua pesquisa começa a ser reconhecida nos meios acadêmicos no uso e nas citações que de sua obra faz Antonio Candido, professor na Universidade de São Paulo, o nosso maior estudioso da sociedade e da cultura caipira, especialmente no livro Os Parceiros do Rio Bonito.
Foi o primeiro a conseguir que a indústria fonográfica brasileira lançasse, em 1928, em discos de 78 Rpm, a música caipira. Segundo José de Souza Martins, Cornélio Pires foi o criador da música sertaneja, mediante a adaptação da música caipira ao formato fonográfico e à natureza do espetáculo circense, já que a música caipira é originalmente música litúrgica do catolicismo popular, presente nas folias do Divino, no cateretê e na catira (dança ritual indígena, durante muito tempo vedada às mulheres, catolicizada no século XVI pelos padres jesuítas), no cururu (dança indígena que os missionários transformaram na dança de Santa Cruz, ainda hoje dançada no terreiro da igreja da Aldeia de Carapicuíba, em São Paulo, por descendentes dos antigos índios aldeados, nos primeiros dias de maio, na Festa da Santa Cruz, a mais caipira das festas rurais de São Paulo).
A criação de Cornélio Pires permitiu à nascente música caipira comercial, que chegou aos discos 78rpm libertar-se da antiga música caipira original, ganhar vida própria e diversificar seu estilo. Atualmente a música caipira é chamada de música raiz para se diferenciar da música sertaneja. A música caipira dos discos 78rpm nasce, no final da década de 1920, como o último episódio de afirmação de uma identidade paulista após a abolição da escravatura, em 1888, que teve seu primeiro grande episódio na pintura, especialmente a do piracicabano Almeida Júnior, expressa em obras como “Caipira picando fumo”, “Amolação interrompida”, dentre outras.
A ironia e a crítica social da música sertaneja originalmente proposta por Cornélio Pires, situa-se na formação do nosso pensamento conservador, que se difundiu como crítica da modernidade urbana. O melhor exemplo disso é a “Moda do bonde camarão”, uma das primeiras músicas sertanejas e uma ferina ironia sobre o mundo moderno.
Após encerrar a sua carreira jornalística, Cornélio Pires organizou o “Teatro Ambulante Cornélio Pires”, viajando com o mesmo de cidade em cidade, aplaudido por onde passava.
Cornélio Pires é primo dos escritores Elsie Lessa, Orígenes Lessa, Ivan Lessa, Juliana Foster e Sergio Pinheiro Lopes.
Ainda em sua juventude, Cornélio Pires freqüentou a Igreja Presbiteriana. Pertencia a uma extensa família de presbiterianos. Mais tarde tornou-se espírita.
Embora desconhecesse os fenômenos ou a Doutrina Espírita, durante as suas viagens pelo interior, teve contato com vários fenômenos mediúnicos, particularmente algumas comunicações do espírito Emilio de Menezes, que muito o impressionaram. A partir de então, passou a estudar as obras espíritas principalmente as de Allan Kardec, Leon Denis, Albert de Rochas e alguns livros psicografados pelo então jovem médium Francisco Cândido Xavier.
A partir de então integrou-se ao Espiritismo, com particular interesse pelos fenômenos de efeitos físicos. Nos anos de 1944 a 1947 escreveu os livros Coisas do outro mundo e Onde estás, ó morte?, tendo falecido quando se dedicava à redação da obra Coletânea Espírita.
Pouco antes de falecer, retornou à sua cidade natal, onde adquiriu uma chácara, tendo fundado a instituição Granja de Jesus, um lar para crianças desamparadas, que não teve a oportunidade de ver implantado.
(Fonte: pt.wikipedia.org)