O primeiro livro publicado clandestinamente na colônia portuguesa
No Brasil, dona Maria I, a Louca, mandou destruir em 1747 o primeiro livro publicado clandestinamente na colônia. Os ministros de sua majestade punham método na loucura real: o livro na Europa criava as nações, imprimindo-se textos em inglês, alemão, francês, português e não só em latim. Faltava apenas os brasileiros falarem de liberdade e independência!
Mas só três séculos depois de descoberto o Brasil soltou a mordaça imposta pela Coroa Portuguesa. Na pressa de fugir das tropas napoleônicas, dom João VI esquecera o conselho da mãe internada e trouxe com os 120 000 nobres lisboetas apavorados uma prensa régia. Mais um século decorreria no entanto até que os escritores brasileiros deixassem de ir a Lisboa para lançar seus livros.
Só na segunda década do século 20, Monteiro Lobato seria o parteiro desse parto difícil em que a cultura brasileira estava presa por um cordão colonial-umbilical à mãe-pátria: começou a plantar as primeiras editoras brasileiras, seguindo o pedido bombástico do baiano Castro Alves, de semear livros para colher frutos divinos.
(Fonte: Veja, 21 de junho de 1972 Edição n° 198 LITERATURA Pág; 83/86)