O PRIMEIRO POSTO DE GASOLINA NO BRASIL
No início do século XX, duro não era achar petróleo mas um posto de gasolina. Como aquela gente abastecia o carro? A gasolina era um subproduto do refino do petróleo para a produção de querosene. E o querosene vinha sendo usado para a iluminação de ruas e residências desde 1860.
Naquela época, de cada 100 barris de petróleo extraíam-se 60 de querosene. Parte da sobra do processo de refino resultava em 11 barris de gasolina, que, na maioria dos casos, era simplesmente jogada fora, por falta de utilidade: era apenas um solvente de qualidade inferior. Foram os carros, no século XX, que deram à gasolina uma utilidade prática. No Brasil já haviam importadores de derivados de petróleo desde 1870, quando a iluminação das vias públicas do Rio de Janeiro incrementou o uso do querosene.
Os proprietários dos primeiros automóveis compravam a gasolina em tambores de 200 litros, nos armazéns de secos e molhados que vendiam de tudo. Depois, transferiam a gasolina para recipientes menores e abasteciam o carro usando um funil. O conceito do posto de gasolina só surgiria em 1907, quando foi inaugurado o primeiro deles, o Automobile Gasoline Company, na cidade de St. Louis, Estados Unidos, um galpão de zinco com duas bombas instaladas no alto de pedestais, para que a gasolina descesse por gravidade.
Os postos só chegariam ao Brasil em 1915, com a Texaco, quando a quantidade de automóveis em circulação permitia sua sobrevivência econômica. Antes disso estavam por aqui, distribuindo gasolina e combustíveis, a Esso (que chegou em 1912) e a Shell (em 1913). Deve-se a descoberta do querosene ao geólogo canadense Abraham Gesner, em 1849. A partir da invenção do lampião a querosene, em 1857, o óleo de baleia seria substituído pelo querosene como principal meio de iluminação até 1878, quando foi inventada a lâmpada elétrica. A palavra querosene derivou do grego keros, cera, porque seu refino exigia o uso de cera de parafina.
Já a história da palavra gasolina é mais curiosa: ela data de 1865 o nome original era gasolene e derivou de gás, um termo que foi cunhado pelo cientista belga Jan van Helmont (1577-1644). Gás veio de caos do grego khaos sendo que o som do k grego correspondia ao g do idioma flamengo, que von Helmont falava. Só que os outros povos, para quem c era c, e g era g, não sabiam disso. Na verdade, deveríamos hoje falar casolina.
(Fonte: Revista QUATRO RODAS ESPECIAL Edição Especial 0418 N.º 507 B Editora ABRIL O AUTOMÓVEL NO MUNDO – O Carro no Brasil Pág. 17)