Para reduzir número de mortes, Inpe lança primeiro serviço de previsão de raios do país
Fatalidades chegam a 100 por ano, e mais de 80% dos acidentes poderiam ser evitados, segundo instituto
País com maior incidência de raios no mundo, registrando mais de 50 milhões por ano, o Brasil conta agora com seu primeiro serviço de previsão do fenômeno natural. A iniciativa tempo por objetivo reduzir o número de mortes causadas pelas descargas elétricas atmosféricas, que atinge uma média de cem anuais.
Lançado esta semana, o sistema foi desenvolvido pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e suas previsões já estarão disponíveis para uso dos veículos de comunicação no próximo verão — estação do ano com o maior número de raios —, a exemplo do que já ocorre com o clima.
— Mais de 80% dos acidentes com raios poderiam ser evitados. Para isso, é preciso ter um sistema eficiente de previsão de raios e orientar a população para medidas de proteção — diz Osmar Pinto Júnior, coordenador do Elat.
E o problema tende a piorar. Estudo recente liderado por Pinto Júnior, publicado no periódico científico “International Journal of Climatology”, mostra que entre 1951 e 2010 o número de dias com tempestades elétricas subiu em média 79% em 14 das principais cidades do Brasil na comparação com o início do século XX.
E embora grande parte desse aumento seja resultado do crescimento desordenado das cidades — que traz a reboque a formação das ilhas de calor urbanas e a piora da poluição do ar —, a elevação da temperatura da superfície dos oceanos Atlântico e Pacífico, possível reflexo do aquecimento global, também estaria deixando mais carregado o céu do país.
— A região tropical é a mais quente do planeta e favorece a formação de tempestades e raios — explica Pinto Júnior. — E o Brasil, por ser o maior país tropical do mundo, lidera o ranking.
As pesquisas científicas para criar o sistema de previsão de raios tiveram início há cinco anos e usaram como base o modelo meteorológico “Weather Research and Forecasting” (“pesquisa e previsão do tempo”, WRF na sigla em inglês) rodado em alta resolução em computadores, além de ferramentas estatísticas e dados de descargas atmosféricas dentro das nuvens e para o solo registrados pela Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas (BrasilDAT), a terceira maior do tipo no planeta, operada pelo Elat. Comparando as informações obtidas pelo modelo WRF sobre vento, temperatura, umidade e concentração de gelo em diferentes alturas na atmosfera, com os dados da BrasilDAT, o sistema pode então prever a possibilidade de incidência de raios.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia -17410906#ixzz3kvAYoNDj – SOCIEDADE – CIÊNCIA/ POR CESAR BAIMA – 05/09/2015)
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