O primeiro transplante de bronquiolite do gênero no Brasil
DE PAI PARA FILHO
O que um pai e uma mãe são capazes de fazer para salvar a vida do filho? A questão, teórica para a maioria das pessoas, tornou-se crucial para os pais do menino Henrique Busnardo, de 12 anos. Duas semanas atrás, eles cederam partes de seus pulmões para ser transplantadas para o filho, vítima de uma doença rara e fatal, a bronquiolite. Sem a cirurgia, o tempo restante de vida para Henrique era estimado em seis meses.
Sua capacidade respiratória tinha se reduzido a 12% e há seis meses ele era obrigado a dormir em pé, para aliviar a dor no peito. Consultados pelos médicos, os pais o professor aposentado Amadeu, 54 anos, e Márcia Busnardo, 46 não hesitaram um minuto em aceitar o papel de doadores. A possibilidade de sucesso nesses casos aumenta de 50% para 75% quando os doadores são parentes próximos.
Com a remoção de parte do órgão, eles perderam 20% da capacidade pulmonar. Os tecidos transplantados para Henrique, por sua vez, crescerão como pulmões normais, graças ao hormônios de crescimento próprios da adolescência, permitindo uma vida normal.
A família Busnardo vive em Curitiba, mas o transplante, o primeiro do gênero no Brasil, foi realizado na Santa Casa de Porto Alegre. A cirurgia durou seis horas e exigiu o trabalho de uma equipe de vinte médicos. Na semana passada, com boa recuperação, Henrique já começava a planejar a volta aos jogos de futebol.
(Fonte: Veja, 29 de setembro de 1999 Edição n° 1617 ANO 32 Nº 39 – DATAS Pág; 106)