Denys: deslumbrado com seu próprio papel
Odílio Denys (Santo Antônio de Pádua, 17 de fevereiro de 1892 – Rio de Janeiro, 5 de novembro de 1985), marechal que foi personagem nas articulações militares por que passou o país. Durante a década que vai do suicídio de Getúlio Vargas à deposição de João Goulart, passando pelo golpe do 11 de novembro de 1955 e a crise da renúncia de Jânio Quadros.
Comandante do I Exército, ministro da Guerra, um dos articuladores de 1964. O marechal conseguiu em 1954, evitar a baderna no Rio de Janeiro, impedindo que agitadores se apoderassem do corpo do presidente Vargas.
A sequência do golpe de 1955, a que o marechal Lott foi levado pelo Estado-Maior reunido na casa do próprio Denys, passa ao largo, como os episódios que culminaram com o veto militar à posse de Jango, em 1961, e a instauração do regime parlamentar.
Denys fazia saber que aceitaria um convite de Jango para ser seu primeiro-ministro. Essa informação de que o presidente interino Ranieri Mazzilli, ao receber por meio de secretíssima gestão, considerou inacreditável.
O que mais surpreendeu foi o próprio deslumbramento do marechal. Repetindo o erro dos generais Guedes em “Tinha de Ser Minas” e Mourão Filho em suas “Memórias”, ele se pretende o centro da articulação de 1964.
(Fonte: Veja, 4 de fevereiro de 1981 – Edição 648 – História/ Por Celso Barata – Pág; 52)