Olof Palme, social-democrata primeiro-ministro da Suécia.

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Premiê da Suécia

 

Olof Palme

O assassinato chocou a Suécia e deu origem a diversas teorias da conspiração. (Foto: Getty Images / BBC News Brasil)

 

Olof Palme, um social-democrata carismático, foi assassinado a sangue frio em Estocolmo em 28 de fevereiro de 1986 aos 59 anos, quando retornava do cinema para casa caminhando com a esposa, sem guarda-costas.

 

 

Olof Palme (Estocolmo, 30 de janeiro de 1927 – Estocolmo, 28 de fevereiro de 1986), primeiro-ministro da Suécia. O social-democrata Palme, era um dos raros líderes bem-sucedidos da Europa Ocidental que construíra toda a sua carreira baseado na luta pelos direitos humanos e o pacifismo – e que, para ser coerente com suas próprias ideias, dispensava sistematicamente os guarda-costas, apesar de ter sido ameaçado de morte várias vezes nos últimos anos por grupos extremistas croatas iugoslavos e curdos iranianos.

PROTETOR DE BRASILEIROS – Primeiro-ministro da Suécia pela segunda vez, Palme chegara ao poder aos 42 anos, em 1969, ao substituir na presidência do Partido Social Democrata e na chefia do governo um dos líderes históricos do país, Tage Erlander. A frente do governo, de 1969 a 1976, Palme foi o líder político ocidental que mais obstinadamente se bateu contra a presença militar dos Estados Unidos no Vietnam, o que na época aborreceu profundamente Washington. Palme participou de diversas passeatas realizadas em capitais europeias contra a guerra do Vietnam – certa vez em Estocolmo, ele saiu as ruas, pessoalmente, para recolher fundos para o regime de Hanói. “O mundo o recordará pela sua devoção democrática e os seus esforços para promover a paz”, afirmou o presidente dos EUA, Ronald Reagan, ao receber a notícia do assassinato.

Palme estendeu sua ação a outros pontos do planeta. “Centenas de brasileiros estão vivos graças a coragem dele”, disse a Veja a socióloga paulista Maria Helena Berlinck Martins, que viveu exilada na cidade sueca de Lund, de 1971 a 1978. “Foi ele quem ordenou que o embaixador sueco em Santiago, Harald Eldestan, durante o golpe militar de Pinochet, abrisse as portas da embaixada para todos os perseguidos.” Graças a esse gesto muitos brasileiros conseguiram escapar das prisões chilenas. Palme abrigou na Suécia cerca de 10 000 refugiados latino-americanos, entre os quais 2 000 brasileiros. “E todos nós tínhamos emprego e éramos tratados com toda a dignidade”, lembra Maria Helena.

O engajamento de Palme em questões internacionais – excessivo segundo a oposição – contribuiu para sua derrota nas eleições de 1976, quando os social-democratas suecos, no poder desde 1931, foram amplamente vencidos por uma coalização de partidos conservadores. Ao longo dos seis anos seguintes os conservadores tentaram destruir, em vão, o “paraíso assistencial” criado pelos social-democratas. Em 1982, com a ajuda do voto dos comunistas, os social-democratas voltaram a ganhar as eleições e Palme passou a ocupar pela segunda vez a chefia do governo. “Os suecos concluíram que, apesar dos defeitos que nós social-democratas, possamos ter, ainda somos a melhor alternativa para a Suécia”, disse Palme na noite em que seu partido reconquistou a maioria absoluta no país.

Filho de uma família aristocrata de Estocolmo, Palme era um símbolo do idealismo político. Foi o seu mais puro idealismo que o levaria a casar-se, pela primeira vez, em 1949, com uma jovem checa que ele mal conhecera em Praga. Ela era uma perseguida política e, ao casar-se, pôde abandonar o seu país, que acabara de ser convertido ao comunismo. Livre, em Estocolmo, a jovem, conforme o combinado, desquitou-se de Palme, que só se casaria, de verdade, em 1956, com Lisbeth. De volta ao poder, Palme manteve nos últimos quatro anos relação cordial com a oposição e governava a Suécia sem qualquer crise ou temor, a ponto de se sentir seguro o suficiente para caminhar tranquilamente de braço dado com a mulher, sem guarda-costas, pelo centro de Estocolmo.

Nas noites de sexta-feira, a Central de Polícia de Estocolmo, capital da Suécia, país com um dos mais elevados índices de alcoolismo em todo o mundo, costumava ser bombardeada por sucessivos telefonemas denunciando desordens causadas no centro da cidade pela legião de bêbados. Ás 23h30 da última sexta-feira (28/02), após receber o telefonema de um motorista de táxi, informando que um homem fora assassinado no cruzamento das ruas Tunnelgatan e Sveavagen, no coração do centro da capital, o plantonista da Central de Polícia acreditou tratar-se de mais um caso do gênero. Não era. Quando os primeiros policiais chegaram ao local, menos de três minutos após o telefonema, ainda estava agonizando nos braços de sua mulher, após ser baleado no peito e no abdômen, nada menos que o primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme.

Levado as pressas para o Hospital Sabbatsberg, Palme morreria pouco depois da meia-noite (1°/03). Em mais uma ironia da História, o impecável democrata Olof Palme foi assassinado no último dia de um mês em que se registrou a saída de seus países – com vida – de dois acabados ditadores, o haitiano “Baby Doc” e o filipino Ferdinand Marcos.

O homem com idade presumível entre 35 e 40 anos, aproximou-se do casal Palme e, praticamente a queima-roupa, disparou sua pistola contra o primeiro-ministro. Olof e Lisbeth estavam saindo do cinema. Eles tinham acabado de assistir a estreia do filme Os Irmãos Mozart, da diretora sueca Suzanne Östen, e caminhavam calmamente em direção do automóvel do casal, estacionado algumas quadras adiante. Afinal, ninguém poderia imaginar que na rica e tranquila Suécia, onde nos últimos 100 anos nenhum crime político fora cometido,um chefe de governo pudesse tombar morto como numa ruela de Beirute. Palme tinha 59 anos.

(Fonte: Veja, 5 de março, 1986 – Edição 913 – MEMÓRIA – Pág; 83)

 

 

 

 

Quem matou Olof Palme? Mistério da morte de premiê da Suécia é solucionado após 3 décadas

Promotores dizem saber quem matou premiê com tiro à queima-roupa nas costas em plena rua cheia de gente em 1986

 

Promotores públicos suecos identificaram o homem que eles dizem ter assassinado o ex-premiê Olof Palme em 1986, pondo fim a décadas de mistério.

O filho de Palme, Marten, disse a uma rádio sueca que acredita no resultado da investigação, e que os promotores estão certos em encerrar o caso.

Milhares de pessoas foram entrevistadas como parte do inquérito. Um homem que cometia pequenos crimes chegou a ser condenado pelo assassinato, mas o veredicto foi posteriormente anulado.

 

O que diz o promotor?

“A pessoa é Stig Engstrom”, disse Petersson em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira. “Já que essa pessoa já morreu, não posso fazer uma denúncia contra ele, portanto decidi encerrar a investigação.”

A arma do crime não foi encontrada e nenhum indício forense novo foi descoberto, mas promotores concluíram, com base nos depoimentos de Engstrom, que suas versões para os eventos daquele dia não faziam sentido.

“Ele agiu como nós acreditamos que o assassino agiria”, disse Petersson.

 

Stig Engstrom não era o foco principal das investigações, inicialmente. Mais adiante, os promotores descobriram que ele tinha familiaridade com armas de fogo, tendo servido no Exército e participado de clubes de tiro.

Ele também fazia parte de um círculo de críticos de Palme, e parentes diziam que ele não gostava do premiê.

 

Engstrom também tinha problemas financeiros e de alcoolismo.

Os investigadores ainda não conseguiram formar um quadro completo sobre os motivos que levaram Engstrom a matar o premiê.

Quem era Stig Engstrom?

Stig Engstrom ficou conhecido entre os vários suspeitos de terem assassinado Palme como “homem da Skandia”, pois trabalhava para a empresa de seguros Skandia. Ele estava trabalhando até mais tarde na noite do assassinato no escritório central da empresa, que fica perto do local da cena do crime.

Engstrom estava presente na cena do crime. Ele foi interrogado diversas vezes, mas logo foi descartado como suspeito.

Petersson disse que descrições dadas por testemunhas condizem com a aparência de Engstrom. Algumas testemunhas também contradisseram relatos de Engstrom sobre seu comportamento na cena do crime.

Engstrom mentiu sobre o que aconteceu pouco depois do assassinato, chegando a dizer que tentou ressuscitar Palme. No ano 2000, Engstrom cometeu suicídio.

Ele foi identificado como suspeito pela primeira vez por um jornalista, Thomas Pettersson. A polícia começou a rever a possibilidade de Engstrom ser o assassino 18 anos após a sua morte.

A ex-mulher de Stig Engstrom disse ao jornal Expressen em 2018 que fora interrogada por investigadores em 2017. Ela disse que naquela ocasião, entretanto, não havia suspeitas de que ele fosse o assassino.

“Ele era covarde demais. Ele não faria mal a uma mosca”, disse.

Como Olof Palme foi assassinado?

 

O premiê havia dispensado seus guarda-costas na noite de sexta-feira, 28 de fevereiro de 1986, para ir ao cinema com sua esposa Lisbet, o filho Marten e a namorada do filho.

 

Após o filme, os casais se separaram. Palme, de 59 anos, caminhava com Lisbet na rua mais movimentada de Estocolmo, a Sveavagen, quando levou um tiro nas costas, disparado quase à queima-roupa. Quando caiu no chão, já estava morto.

O assassino saiu correndo rua abaixo, subiu uma escada em uma rua adjacente e desapareceu.

As balas usadas eram de uma .357 Magnum, mas a arma nunca foi achada.

Por que ninguém foi pego?

Um homem foi preso. Christer Pettersson foi identificado por Lisbet Palme e recebeu pena de prisão perpétua em 1989.

Mas ele foi logo solto após um recurso, já que nenhum motivo foi provado e a arma do crime nunca foi encontrada. Pettersson morreu em 2004.

Mais de 130 pessoas já confessaram ter cometido o assassinato, segundo o chefe da investigação, Hans Melander.

Quem eram os inimigos de Palme?

 

Palme estava em seu segundo mandato como chefe do governo sueco. Um carismático premiê que liderava o Partido Social Democrata da Suécia, Palme aumentou o poder dos sindicatos, ampliou o sistema de saúde e bem-estar social, tirou todos os poderes políticos da monarquia e investiu pesadamente em educação.

 

Uma de suas principais reformas foi a criação de creches e pré-escolas, permitindo o acesso de mulheres a trabalho.

No plano internacional, ele era crítico da invasão soviética a Tchecoslováquia de 1968 e ao bombardeio do norte do Vietnã pelos americanos. Ele também criticava o regime do apartheid na África do Sul.

Quais teorias surgiram?

 

O caso intriga a polícia sueca há décadas. Entre os vários suecos obcecados com o caso estava o escritor Stieg Larsson, autor da trilogia Millennium.

 

Entre as teorias que circularam sobre os motivos de seu assassinato, estavam:

Lisbet Palme morreu em 2018 sem nunca descobrir quem havia matado seu marido.

(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/europa – NOTÍCIAS / MUNDO / EUROPA – 10 JUN 2020)

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