Ícone da arquitetura brasileira
Oscar Niemeyer (Laranjeiras, Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907 – Botafogo, Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012), maior nome da arquitetura nacional, fiel às curvas de concreto que lhe deram fama internacional, e também ao comunismo e a Josef Stálin, a quem considerava “um grande estadista”.
O primeiro brasileiro a ganhar o Pritzker, Oscar da arquitetura.
Ele é chamado de O arquiteto do século, por aplicar, às suas construções, curvas antes impensáveis em concreto. Comunista incurável, não encontrou a unanimidade, mas levou seu traço para todo o mundo.
Oscar Niemeyer se formou em arquitetura e engenharia em 1934, pela Escola Nacional de Belas Artes, e seu primeiro projeto individual foi o edifício Obra do Berço, no Rio, em 1937, no qual já mostrou características que marcariam seus trabalhos ao longo dos anos, como plantas e fachadas livres, influências da arquitetura moderna e do francês Le Corbusier. Em 1939, projetou o Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York, ao lado de Lúcio Costa. Em 1946, foi um dos convidados a construir a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) na cidade norte-americana de Nova York.
Sua obra-prima foi o plano piloto da capital federal, Brasília, inaugurada em 1960 pelo então presidente Juscelino Kubitschek. Trabalhando com Lúcio Costa à convite do presidente, projetou os edifícios do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, Congresso Nacional, Catedral e Esplanada dos Ministérios, que deram fama internacional a Brasília, construída sob uma estética modernista que explora ângulos curvos no lugar de linhas retas, o uso de concreto armado, o célebre formato da cidade, inspirado em um avião, avenidas largas, blocos de edifícios afastados e amplos espaços vazios, rampas e vastas áreas verdes.
Conhecido pela defesa da causa comunista, foi perseguido durante a ditadura militar e decidiu se exilar em Paris. Ele visitou a antiga União Soviética e foi amigo pessoal de Luís Carlos Prestes e do líder cubano Fidel Castro. Na capital francesa, abriu um escritório e fez projetos no país, na Argélia e em Portugal. De volta ao Brasil, nos anos 1980, projetou no Rio o sambódromo e participou de projetos educacionais e culturais de Darcy Ribeiro. Em 1996, inaugurou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, e, em 2002, o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, conhecido como o Museu do Olho, com prédios que lembram naves espaciais. Em São Paulo, suas obras mais famosas são o Parque do Ibirapuera e o complexo de pavilhões do local, o Edifício Copan e o Memorial da América Latina.
Ao longo de sua vida, assinou cerca de 500 obras nas principais cidades brasileiras e em países como Líbano, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Israel e Itália. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Pritzker de Arquitetura, Prêmio Unesco, na categoria Cultura, Royal Gold Medal do Royal Institute of British Architects, Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza e Medalha de Ouro da Academia de Arquitetura de Paris.
Ele tinha medo de avião e, sempre que possível, evitava voar. Dentro do País, preferia viajar de carro e, nas viagens intercontinentais, gostava de ir de navio. Embora a maioria de suas obras tenham sido grandiosas e de alto custo financeiro, muitos projetos foram doados pelo arquiteto por questões éticas e de amizade.
Carioca, filho de Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida, Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no dia 15 de dezembro de 1907, no bairro das Laranjeiras. Casou-se com Annita Baldo quando tinha 21 anos e ficou viúvo em 2004. Dois anos mais tarde, casou com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira. Com a primeira mulher, teve uma filha, Anna Maria Niemeyer. Deixou netos, bisnetos, trinetos e muitos amigos.
Veja a seguir os principais fatos que marcaram a carreira do arquiteto Oscar Niemeyer
CRONOLOGIA – Conheça a trajetória do arquiteto Oscar Niemeyer
1907 — Nasce Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares, na cidade do Rio de Janeiro, em 15 de dezembro.
1928 — Termina curso secundário. Casa-se com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem tem uma filha, Anna Maria.
1934 — Forma-se engenheiro arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes no Rio.
1935-1936 — Entra para o escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão no Rio. Acompanha estudos de Le Corbusier para a sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio, marco da nova arquitetura brasileira.
1937 — Realiza seu primeiro projeto individual, o edifício da Associação Beneficente Obra do Berço, no Rio.
1939 — Projeta com Lúcio Costa o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York.
1940 — Conhece o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, e projeta o Conjunto da Pampulha.
1945-1946 — Ingressa no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Convidado a dar um curso na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, tem seu visto de entrada cancelado.
1947 — Com permissão de estada nos Estados Unidos, vai a Nova York desenvolver projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU).
1950-1951 — É publicado nos Estados Unidos o livro “The Work of Oscar Niemeyer”, de Stamo Papadaki. Projeta parque do Ibirapuera e Copan, ambos em São Paulo.
1954 — Viaja pela primeira vez à Europa e participa do projeto de reconstrução de Berlim, na Alemanha. Projeta o Museu de Arte Moderno de Caracas, Venezuela.
1955-1956 — Funda a revista Módulo. Organiza concurso para escolha do Plano-piloto de Brasília e participa do júri.
1957-1958 — Projeta o Palácio da Alvorada em Brasília e os principais prédios da nova capital.
1964 — Viaja a Israel, quando é surpreendido pelo golpe militar no Brasil. Retorna em novembro, quando é chamado pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) para depor.
1965 — Viaja a Paris, na França, para exposição de sua obra no Museu do Louvre.
1967-1968 — Impedido de trabalhar no Brasil, se instala em Paris. Projeta a sede da Editora Mondadori, na Itália, e desenvolve diversos projetos para a Argélia.
Anos 1970 — Em protesto contra a guerra do Vietnã, desliga-se da Academia Americana de Artes e Ciências, na qual havia sido nomeado em 1964. Abre escritório na famosa avenida Champs-Élysées, em Paris, onde projeta a Bolsa de Trabalho de Bobigny e o Centro Cultural Le Havre.
1983-1985 — Projeta o Sambódromo do Rio. Retrospectiva de sua obra no Museu de Arte Moderna do Rio. Volta a desenvolver projetos em Brasília.
1987-1988 — Recebe o Prêmio Pritzker de Arquitetura. Projeta Memorial da América Latina em São Paulo.
1990 — Desliga-se do PCB junto a Luiz Carlos Prestes.
1991 — Projeta o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e o Parlamento da América Latina, em São Paulo.
1996 — Projeta o Monumento Eldorado Memória, doado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Recebe o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza.
1997-2000 — Série de exposições comemorando seus 90 anos. Diversos projetos realizados no país, como em Rio Claro, São João da Boavista e São Vicente (SP), São Luís (MA), Natal (RN), Itabira e Betim (MG), Santa Helena (PR), Goiânia (GO), Petrópolis e Maricá (RJ).
2002-2003 — Inauguração do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR). Primeiro projeto na Inglaterra, um pavilhão temporário da Serpentine Gallery, em Londres.
2005 — Inauguração do Auditório Ibirapuera, parte do projeto original do parque Ibirapuera.
2006 — Projeta o Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia.
2006 — Inicia obras do projeto do Centro Cultural Principado de Asturias, em Avilés, na Espanha.
2006 — Fica 11 dias internado depois de sofrer uma queda e passar por uma cirurgia.
2007 — Completa 100 anos de vida e 70 anos de arquitetura.
2009 — Projeta novos edifícios para o complexo arquitetônico Caminho Niemeyer de Niterói.
2009 — Em 11 de junho é levado ao hospital queixando-se de dores lombares.
2009 — Em 24 de setembro é submetido a uma cirurgia para a retirada da vesícula depois de reclamar de dor no abdômen.
2009 — Em 30 de setembro, volta ao hospital e é submetido a uma nova cirurgia, dessa vez, para a retirada de um tumor no intestino.
2011 — Em abril, Niemeyer ficou 12 dias internado por causa de uma infecção urinária.
2012 — Antes do Carnaval, ele visitou as obras do Sambódromo do Rio, que passou a ter o traçado original desenhado por ele há mais de 30 anos após a demolição de uma antiga cervejaria vizinha ao local.
Em 2 de maio, ele é internado com quadro de infecção respiratória (pneumonia) e desidratação.
Em 6 junho, o arquiteto perde a sua única filha, Anna Maria Niemeyer, que morreu aos 82 anos em consequência de um enfisema pulmonar.
Em 17 de outubro, volta a ser internado após se sentir mal e ter nova desidratação, tendo alta 11 dias depois.
Em 6 de novembro, ele é internado novamente com dificuldades para se alimentar e ingerir líquidos. Desenvolve problemas renais, hemorragias digestivas e infecção respiratória.
Morre aos 104 anos, de infecção respiratória, em 5 de dezembro, às 21h55.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer – CRONOLOGIA-Conheça a trajetória do arquiteto Oscar Niemeyer/ Por Bruno Marfinati – Notícias – Cultura – Reuters – 6 de dezembro de 2012)