Park Chung-hee, general do Exército da República da Coreia e líder da República da Coreia de 61 e 79

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Park Chung-hee (Gumi-si, 14 de novembro de 1917 – Seul, Coreia do Sul, 26 de outubro de 1979), ex-líder polêmico sul-coreano. General do Exército da República da Coreia e líder da República da Coreia entre 1961 e 1979.

Esteve à frente da Casa Azul de (1961-1979), a residência presidencial sul-coreana. Park Chung-hee, que tomou o poder em um golpe militar em 1961, governou o país até ser assassinado por seu próprio chefe do serviço secreto, em 1979.

Park Chung-hee recebeu boa parte do crédito pelo desenvolvimento acelerado da economia sul-coreana, ele também foi acusado de reprimir fortemente a oposição e de impedir o desenvolvimento da democracia no país.

Em setembro de 2012, sua filha Park Geun-hye fez um pedido público de desculpas por abusos aos direitos humanos cometidos durante o governo de seu pai. Porém, ela também descreveu o golpe de 1961 como necessário.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional- Notícias > Internacional – Brasil – Todos os direitos reservados) – 20 de dezembro de 2012)

 

 

 

 

Park Chunh Hee, um dos mais antigos ditadores de plantão no mundo – neste mesmo 1979 que já viu cair do poder figuras como o xá Reza Pahlevi e Anastasio Somoza, Idi Amin, Jean Bedel Bokassa e Macias N”gema.

Park estava no poder há dezoito anos e foi substituído pelo primeiro-ministro Choi Kyu Há, um ex-chanceler de tendência igualmente conservadora. Não é de se estranhar que uma mudança violenta de poder tenha ocorrido na Coreia do Sul – na verdade, Park talvez tenha colhido muito do que semeou. Tenho sempre presente o fantasma da guerra da Coreia (1950-1953), que pôs o sul auxiliado pelos Estados Unidos contra o norte comunista apoiado pela China, e espremido entre inimigos – a Coreia do Norte, a China e a União Soviética -, o país vive em permanente paranóia de segurança, a ponto de se ter transformado num Estado policial ao pé da letra.

De fato, existem nada menos que 300 000 agentes da KCIA de Kim Jae Kyu espalhados por toda parte – uma terrível média de um espião para cada 120 habitantes. O índice de presos políticos, embora instável, é sempre alto – pois o regime tem o costume de libertar ou até enistiar centenas de pessoas para logo depois tornar a colher seus adversários nas malhas de uma complexa, implacável legislação de segurança.

A mão de ferro de Park se fez sentir por todo o espectro das instituições sul-coreanas, na maioria aprovadas num plebiscito que o presidente conduziu em 1972 sob escrita censura aos meios de comunicação e com lei marcial em vigor. A censura sobre jornais, rádio e televisão é total. É crime criticar o governo, a polícia e a Constituição. A oposição pode ganhar eleições, mas não leva. Para começar, Park, que tomou o poder por meio de um golpe de Estado em 1961, vinha sendo reeleito indiretamente desde 1972 por um colégio eleitoral controlado – e sua Constituição autoriza a recondução do presidente por um número indeterminado de mandatos de seis anos. Na Assembleia Nacional de 231 membros, um terço dos membros é biônico, diretamente nomeados pelo presidente.

“MILAGRE ECONÔMICO” -– Mas é claro que não foi apenas esse estado de coisas que permitiu a Park um tão longo reinado. Ele subiu ao poder em 1961, derrubando o regime liberal mas inepto de Yun Po Sun, que governou durante um ano após a queda da ditadura de Syngman Rhee – o homem que os Estados Unidos colocaram no poder logo após a formação da República da Coreia na metade sul da península coreana, três anos após o fim da II Guerra Mundial.

Uma vez no comando, Park, um general, cercou-se de competentes tecnocratas e lançou em pouco tempo o país num frenético, quase inigualado ritmo de “milagre econômico”. Em seus dezoito anos de poder, a Coreia do Sul transformou-se de um país rural atrasado, que exportava alguns milhões de dólares em artigos como leques e cabelos humanos para perucas, na 17.ª potência do comércio mundial – uma agressiva nação industrial que produz e vende aço, navios, têxteis e automóveis. De 1962 a 1977, as exportações aumentaram mais de 30% ao ano, enquanto a economia como um todo crescia a uma taxa média de 10%, equivalente à do Japão.

EVENTUAL DISTENSÃO -– Toda a sociedade foi sacudida por essa explosão de progresso. A urbanização foi tão intensa que Seul, a capital, triplicou sua população até chegar aos 8 milhões de habitantes atuais. O índice de alfabetização do país, hoje, é de 90%, o mais alto da Ásia depois do Japão. Nos últimos doze meses, porém, o boom começou a se deteriorar. A prosperidade, cada vez mais, deixou de neutralizar o descontentamento político. O acesso da população à educação contribuiu para que surgisse uma juventude insatisfeita com a ditadura e um crescente sentimento oposicionista levou os partidos anti-Park a obterem 80% da votação em Seul nas eleições legislativas de 1978.

A insatisfação chegou a um ponto crítico quando o governo, usando de manobras e de sua maioria artificial do Parlamento, cassou, em 17 de outubro o mandato do principal líder da oposição em atividade – Kim Young Sam, chefe do Novo Partido Democrático. Em sinal de protesto, 68 outros deputados oposicionistas renunciaram. O protesto acabou ganhando as ruas da terra natal de Sam, Pusan – a segunda maior cidade do país, com 2,5 milhões de habitantes -, onde os distúrbios de rua forma tão intensos que Park colocou a cidade sob lei marcial, depois estendida a outras duas localidades.

O golpe de Estado parece ter sido tramado com maestria. Kim Jae Kyu, chefe dos serviços de inteligência do regime da Coreia do Sul, a temida KCIA, convidou para jantar num restaurante de Seul, na noite de 26 de outubro, o presidente Park Chunh Hee. Lá, a horas tantas, simulou-se uma discussão entre ele e o chefe da guarda pessoal de Park – e o resultado foi que, após uma troca de tiros a queima-roupa, tanto Park como seu guarda-costas estavam mortos. Desapareceria assim, aos 62 anos e de forma violenta, um dos mais antigos ditadores de plantão no mundo.

A versão oficial do governo sul-coreano falava em “acidente”. Mas o fato de ter ocorrido um golpe foi tão inequívoco que de imediato integrou a versão do próprio Departamento de Estado americano, em Washington, capital do maior aliado da Coreia do Sul.

Depois de reconhecer o golpe, por sinal, o Departamento de Estado passou ao regime comunista da Coreia do Norte a advertência do presidente Jimmy Carter de que os Estados Unidos não hesitarão em fazer cumprir ao pé da letra seus compromissos militares com o regime sul-coreano em caso de intervenção. Convincentemente, os 40 000 soldados americanos aquartelados na Coreia foram postos em estado de alerta máximo. Não é pouco – já que esse contingente é encarregado, entre outras atividades, de gerir o estoque de bombas nucleares americanas mantido no país. A reação americana, de todo modo, parece indicar que não haverá mudanças de orientação no novo regime.
Não se sabe até que ponto a morte de Park aliviará as tensões internas na Coreia do Sul – mas parece certo que sua saída do cenário, após quase duas décadas de poder pessoal absoluto, facilitará uma eventual transição embora talvez à custa de outros golpes e de mais violência. Não é de estranhar que uma mudança violenta de poder tenha ocorrido na Coreia do Sul – na verdade, Park talvez tenha colhido muito do que semeou.

(Fonte: Veja, 31 de outubro de 1979 – Edição 582 – INTERNACIONAL – Pág; 40/41)

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