Pierre Paul Broca (Sainte-Foy-la-Grande, 28 de junho de 1824 – Paris, 9 de julho de 1880), personagem da história da ciência. Foi neurologista, cientista, anatomista e antropólogo francês do século XIX.
Em Paris, ele conservava cérebros em formol, para estudos em coleção anexada ao Museu do Homem. É nessa coleção, numa coincidência digna de Edgard Allan Poe, que encontra-se o cérebro do próprio colecionador.
Paul Broca lançou as bases das reflexões sobre as possibilidades futuras da neurofisiologia no sentido da reconstrução da memória de alguém morto há muito tempo.
Paul Pierre Broca, brilhante cirurgião e antropólogo francês, nasceu em Sant-Foy-la-Grande, em 1924. Ele foi uma criança-prodígio, tendo se formado no colégio simultaneamente em literatura, matemática e física. Entrou na escola médica aos 17 anos, formando-se aos 20, quando a maioria de seus contemporâneos ainda estava iniciando como estudante de medicina.
Broca estudou medicina na Universidade de Paris, onde cedo se tornou professor de patologia cirúrgica e um notável pesquisador médico, especializando-se em muitas áreas. Aos 24 anos de idade já era recipiente de muitas medalhas, prêmios e posições importantes. Seus primeiros trabalhos científicos se ocuparam da histologia da cartilagem e dos ossos, mas ele também estudou a patologia do câncer, o tratamento dos aneurismas e a mortalidade infantil. Um excelente neuroanatomista, ele fez importantes contribuições à compreensão sobre o sistema límbico, ou rinencéfalo.
Porém o campo de estudo em que Broca ficou famoso e se destacou como uma figura proeminente na história da medicina e das neurociências foi a descoberta do centro da fala (atualmente conhecido como área de Broca, a terceira circonvolução do lobo frontal). Ele chegou a esta descoberta ao estudar os cérebros de pacientes afásicos (pessoas incapazes de falar), particularmente o cérebro de seu primeiro paciente no Hospital Bicêtre de Paris, que era alcunhado de “Tan”. Broca demonstrou, em 1861, que ele tinha uma lesão neurosifilítica em um lado do cérebro, precisamente na área que controla a linguagem falada.
Broca foi um pioneiro no estudo da antropologia física. Ele fundou a Sociedade Antropológica de Paris em 1859, a Revue d’Anthropologie em 1872 e a Escola de Antropologia de Paris, em 1876. Ele levou o progresso da antropometria craniana a novas alturas, ao desenvolver novos tipos de instrumentos de medida (craniômetros) e índices numéricos. Outro campo para o qual Broca contribuiu significativamente foi a anatomia comparada dos primatas. Ele era muito interessado na relação entre características anatômicas do cérebro e do crânio e as capacidades mentais, como a inteligência.
Era um nobre, e um seguidor de Cristo” (entretanto, ele fundou uma sociedade de livres-pensadores em 1848 e tinha simpatia pela teoria da seleção natural de Darwin; e por isso foi acusado pelas autoridades como sendo um subversivo, um materialista e um corruptor dos jovens). Ele era um trabalhador infatigável e escreveu centenas de livros e artigos (sendo 53 deles dedicados aos estudos sobre o cérebro). Ele também se dedicava à assistência médica aos pobres e foi uma figura importante na Assistance Publique.
No final de sua vida, Paul Broca foi eleito como membro vitalício do Senado da França. Ele foi também um membro da Academia Francesa de Ciências, e recebeu graus honoríficos de muitas instituições do saber, na França e no exterior.
Paul Pierre Broca faleceu em Paris, em julho de 1880, de um aneurisma cerebral.
(Fonte: Veja, 13 de outubro de 1982 – Edição 736 – O Romance da Ciência, de Carl Sagan – LIVROS/ Por JOÃO CÂNDIDO GALVÃO – Pág: 148)
(Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n02/historia/broca)