Pela primeira vez, duas mulheres recebem, juntas, o prêmio máximo no mesmo ano
Miriam Leitão e Stella Maris Rezende ganham o Jabuti
O Prêmio Jabuti entregou na noite desta quarta-feira, 28, em cerimônia na Sala São Paulo, os troféus da sua controversa 54ª edição e anunciou os dois autores que ganharam os títulos de Livro do Ano de Ficção e Não Ficção. São eles, respectivamente, Stella Maris Rezende, pelo juvenil A Mocinha do Mercado Central (Globo), e Miriam Leitão, pelo livro de reportagem Saga Brasileira – A Longa Luta de Um Povo Por Sua Moeda. Além do prêmio de R$ 3.500 dado aos primeiros colocados das 29 categorias, as duas ganharam mais R$ 35 mil. Votaram nesta última fase os jurados das etapas anteriores e representantes do mercado editorial.
É a primeira vez que duas mulheres ganham, juntas, o prêmio máximo do Jabuti no mesmo ano.
Stella Maris já tinha subido ao palco duas vezes na noite antes de receber a notícia de que o livro do ano de ficção era dela. Eram seus o primeiro e o segundo lugar na categoria juvenil. “Imagina, é mágica”, disse a autora, emocionada, parafraseando sua personagem. Seu outro livro premiado foi A Guardiã dos Segredos De Família (SM).
“Desde os 10 anos sonho em escrever um livro, mas nunca sonhei com este momento. Agradeço a Deus que me deu minha família e a ela, que me mostrou o caminho dos livros. Com eles, superei minha timidez”, disse a jornalista Miriam Leitão. Seu livro conta a história dos brasileiros buscando um caminho na época da inflação.
Foram anunciados também os nomes que compõem a comissão julgadora, incluindo o famoso jurado C, que enfureceu autores e editores e foi motivo de saia justa para a organização. Na apuração da categoria romance, Rodrigo Gurgel, o jurado C, deu notas muito baixas a alguns concorrentes e altas a outros, definindo sozinho os vencedores. Um exemplo: ele deu 0,17 para o livro Infâmia (Alfaguara), da presidente da Academia Brasileira de Letras Ana Maria Machado, que tinha boas chances de levar o Jabuti por causa das notas dos outros dois jurados Amilton Pinheiro e Suzana Ventura – 9,5 e 10. Ela acabou perdendo para Oscar Nakasato, vencedor, antes, do Prêmio Benvirá, o que lhe rendeu a edição de Nihonjin (Benvirá), premiado agora também com o Jabuti.
Professor de português e de literatura numa escola de ensino médio em Apucarana, no Paraná, Nakasato primeiro ficou feliz quando soube que tinha vencido o Jabuti, mas logo foi bombardeado com as notícias da votação. “Isso me causou um desconforto grande, fiquei chateado durante muitos dias até que parei de entrar na internet para ler os comentários. Mas o que me deixou mais tranquilo foi saber que eu tinha tido boas notas dos outros jurados”, disse. O vencedor já trabalha num novo romance, mas não tem pressa. Cuida dos filhos adolescentes, das aulas e termina de construir sua casa.
Novas mudanças devem ocorrer para o próximo ano, diz o curador José Luiz Goldfarb. Até a última edição era possível dar notas de 8 a 10. Neste ano, os jurados puderam escolher de 0 a 10. “Isso fragilizou o equilíbrio entre os jurados. Alguma coisa ocorrerá para que o peso de um jurado não possa ser tão forte.” Há quem peça para as notas voltem a ser como eram antes. Outros sugerem que incluam um quarto jurado à comissão e que se descarte a nota mais baixa, como nas escolas de samba. As sugestões serão avaliadas e no começo do ano um novo regulamento deve ser apresentado.
Concorreram este ano 2.203 obras publicadas no Brasil em 2011. O Jabuti premia todas as etapas de produção de um livro – da capa à tradução – e títulos das mais diversas áreas do conhecimento. O Estado e o Direito Depois da Crise, de José Eduardo Faria, editorialista do Estado, ficou em segundo lugar na categoria Direito.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer
Notícias – Cultura/ Por Maria Fernanda Rodrigues, de O Estado de S.Paulo – 28 de novembro de 2012)