Aurora é detectada em Urano pela 1ª vez na luz infravermelha
Após analisar dados coletados há quase 20 anos, cientistas confirmaram a presença de auroras brilhantes em infravermelho no norte de Urano
Representação de onde as auroras no infravermelho ocorrem em Urano (Imagem: Reprodução/NASA, ESA and M. Showalter (SETI Institute) – (Foto: Canaltech)
Cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, confirmaram que Urano tem suas próprias auroras em infravermelho, brilhando no norte deste mundo. Com a descoberta, os cientistas podem compreender melhor os processos por trás do fenômeno e até as características de Urano.
Já se sabe desde a década de 1980 que Urano tem auroras brilhantes no ultravioleta, e cientistas já observaram emissões de raios X por lá. Assim, embora os pesquisadores já suspeitassem que talvez as auroras também acontecessem no infravermelho, as evidências delas eram escassas.
No novo estudo, cientistas usaram o telescópio Keck II para analisar comprimentos de onda específicos da luz emitida do planeta. Com estes dados, eles podem analisar as linhas de emissão, que são como um código de barras que revela características da luz por lá.
A equipe analisou mais de 200 imagens em busca de sinais do hidrogênio triatômico ionizado (H3). Eles notaram que a força do brilho destas partículas muda de acordo com a temperatura, ou seja, as linhas podem ser usadas como um termômetro de Urano.
Curiosamente, as observações revelaram aumentos na densidade de H3 na atmosfera de Urano, mas houve poucas mudanças na temperatura. Tais características são consistentes com o aumento da ionização na atmosfera superior, algo causado pela ocorrência de uma aurora no infravermelho.
Assim, eles concluíram que a assinatura representa a descoberta de auroras neste comprimento de onda em Urano. Como elas são fenômenos relacionados à atmosfera e ao campo magnético, podem ajudar os cientistas a desvendar alguns mistérios deste planeta.
Emma Thomas, autora principal do estudo, explica que os resultados vão dar início a uma nova era de estudos das auroras em Urano. “Nossos resultados vão ampliar nosso conhecimento das auroras nos gigantes gelados, e fortalecer nossa compreensão dos campos magnéticos planetários no nosso Sistema Solar, em exoplanetas e até em nosso próprio planeta”, finalizou.
O que é aurora boreal
As auroras acontecem quando as partículas eletricamente carregadas, liberadas pelo Sol, alcançam a Terra. Algumas delas descem pelas linhas do campo magnético do nosso planeta nas regiões polares e colidem os gases atmosféricos, formando luzes coloridas.
Você deve ter percebido que, para uma aurora acontecer em um planeta, basta que ele tenha uma atmosfera e um campo magnético. Assim, elas ocorrem também em mundos vizinhos do nosso, como Júpiter, Saturno e, claro, Urano.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.
(Créditos autorais: https://www.terra.com.br/byte/ciencia/espaco – BYTE/ CIÊNCIA/ ESPAÇO/ Por: Danielle Cassita – 31 out 2023)
Fonte: Nature Astronomy; Via: University of Leicester