Donald Trump, bilionário americano. Magnata que fez fortuna e se tornou o milionário-símbolo da era Ronald Reagan
Famoso e extraordinariamente rico, o empresário nova-iorquino Donald Trump, que tem a base de seus negócios na construção civil ilustra a era de riqueza e ostentação sem paralelo criada pelos privilégios fiscais, otimismo perdulário e oportunidades de toda sorte instauradas pelo governo Ronald Reagan (20 de janeiro de 1981 – 20 de janeiro de 1989).
A fortuna de Trump, acumulada em apenas uma década, já alcança a cifra dos bilhões de dólares. Entre seus empreendimentos mais famosos está o magnífico edifício Trump Tower, um faraônico cassino em Atlantic City, entre os mais rendosos.
Insaciável em sua ambição por ouro, Trump articulou na época a construção do edifício mais alto do mundo, às margens do Rio Hudson, onde o magnata construiu também um complexo de estúdios para cinema e televisão. O edifício têm 510 metros de altura, ou seja, 70 metros a mais que a Sears Tower de Chicago, o ex-detentor do recorde.
Ele começou a erguer seu império no ramo da construção civil vendendo casas nos subúrbios de Nova York. Recebeu grande influência de seu pai, Fred Trump.
Construtor de casas populares nos distritos menos favorecidos de Queens e Brooklyn, Fred Trump incentivou no filho Donald o culto à competência, ao trabalho e à liderança.
Mas quando concluiu seus estudos, formando-se em Administração de Empresas, Donald Trump resolveu que o horizonte da classe média não lhe bastava. Aos 25 anos, alugou um apartamento em Manhattan, no Upper East Side, fatia privilegiada da cidade.
Nesse percurso, ele colecionou uma série de cartadas certeiras, tanto na aquisição de terrenos como na escolha de projetos e construção de prédios. Uma trajetória que, por vezes -, não foi tão edificante assim, comportando manobras duvidosas.
De qualquer forma, Trump soube explorar o momento certo. Em meados dos anos 70, Nova York passava por graves dificuldades financeiras. Terrenos e imóveis a preços extremamente baixos eram colocados no mercado para levantar fundos para empresas em bancarrota. Foi quando o arrojo do jovem administrador abocanhou as melhores peças para seu futuro império, convencendo os banqueiros sobre seus projetos grandiosos.
Ele aprendeu, então, para nunca esquecer, que arranha-céus são máquinas de fazer dinheiro mas também símbolos de prestígio para quem mora neles, se o cenário for preparado como um espetáculo para atrair a classe ascendente. A enorme Trump Tower foi a melhor demonstração disso. O faiscante arranha-céu de vidro espelhado da Trump Tower, com 68 andares, que espetou na Quinta Avenida.
O desafio foi resgatar para Nova York esse que é um dos mais caros símbolos de poderio americanos, a ostentação da era Reagan, eloquente exemplo de que a mentalidade encontrou em Trump seu herói predileto. Defensor da autopromoção sem pudores, Trump resolveu contar em livro como acumulou seus cifrões e como administra negócios intrincados e consegue extrair deles fama e fortuna. Trump, a Arte da Negociação, foi lançado em dezembro de 1987 nos Estados Unidos.
O magnata faz a apologia de si próprio, onde retrata-se como um dos empresários-símbolo dos anos 80, recheado de dicas e conselhos que parecem tornar simples – e acessível a qualquer mortal – a construção de uma fortuna incalculável. Embora seja perito em armar negócios e erguer prédios, é pouco generoso ao falar de sua vida particular e de sua movimentadíssima agenda social.
CONSELHOS DE MAGNATA
“Pense grande. Muitas pessoas pensam pequeno porque têm medo do sucesso.”
“Maximize suas opções. Mantenha uma porção de balões no ar, porque muitos deles irão cair. Nunca fique preso a um só negócio.”
“Convença a outra parte de que o interesse em fazer o negócio é dela e não seu.”
“Faça propaganda. O elemento-chave da minha promoção é o estardalhaço. Brinco com a fantasia das pessoas.”
“Cumpra suas promessas. Não se pode iludir as pessoas por muito tempo. Fiz o maior alarde com a Trump Tower, mas tinha um excelente produto para promover.”
“Para fazer um negócio bem feito, procure a pessoa que realmente decide.”
“A persistência é que faz a diferença entre o sucesso e o fracasso.”
“Reduza os custos. Você pode sonhar alto, mas seus sonhos nunca serão muito grandes se não puder torná-los realidade a um custo razoável.”
“A boa publicidade é preferível à má, porém a má publicidade, às vezes, é melhor do que nenhuma. Em suma, a controvérsia vende.”
“Quando comprar algo, é do seu interesse convencer o vendedor de que o que ele oferece não vale muito.”
“Divirta-se. A vida é muito frágil e o sucesso não muda essa realidade. Tudo pode mudar de uma essa realidade. Tudo pode mudar de uma hora para outra.”
(Fonte: Veja, 24 de agosto de 1988 – ANO 20 – Nº 34 – Edição 1042 – LIVROS – Pág: 118/119)