Pierre Bonnard: grandeza por trás da timidez
Pierre Bonnard (Fontenay-aux-Roses, Seine, 3 de outubro de 1867 – Le Cannet, 23 de janeiro de 1947), artista francês, pintor e litógrafo cujos temas prediletos foram as largas paisagens campestres e os jardins, os interiores simples, os fragmentos do cotidiano, as naturezas mortas com flores ou com frutos e, sobretudo, certas cenas de intimidade que nenhum outro artista de sua época pode igualar. Seus diversos nus, por exemplo, denunciam apenas um encantamento contínuo pela cor, o prazer de descobrir o mundo, a tranquilidade luminosa de quem está de pazes feitas com a vida.
A grande disponibilidade de vedetes maiores fez com que alguns artistas franceses importantes tenham ficado restritos ao círculo dos colecionadores e eruditos. Bonnard é um desses esquecidos. Três anos mais novo que Toulouse-Lautrec, dois anos mais velho que Matisse, nem de longe fez sombra a esses dois, em matéria de fama ou influência.
Entretanto, olhada sem preconceitos, a obra de Bonnard revela um autor inteiramente realizado em suas intenções. E o fato de que tenham sido intenções menos ambiciosas que as de outros não basta para torna-lo um artista menor, o que ficou muito claro na exposição do Museu de Arte Assis Chateaubriand (São Paulo) ao iniciar suas atividades em 1972. Foram 39 trabalhos que pertenceram, em vida, ao pintor, e que os colecionadores cederam, através da Fundação Wildenstein (Paris), para homenagear o aniversário do Museu. Eles serviram para colocar o pintor no seu legítimo lugar.
Realista Ainda muito jovens, alunos das escolas de arte de Paris (Bonnard, Vuillard, Denis, Roussel, Valloton) descobriram, em fins de 1888, pintura e as teorias de Gauguin (1848-1903). Pouco antes, outro membro do grupo, Sérusier, encontrara-se em Pont-Aven com o grande pintor, trazendo da viagem uma tela realizada sob a influência deste.
Este chão lhe parece vermelho? Não tenha medo de pintá-lo tão vermelho ou mais quanto o vê teria sido o tipo de conselho dado por Gauguin. O resultado foi uma paisagem com grandes superfícies de cor, em tons puros justapostos, bem diferentes da leveza fragmentária do estilo então em moda: o impressionismo. Essa revelação da realidade em todo seu vigor, o tipo de visão do mundo ensinado por Gauguin, marcaram para sempre Bonnard e seus camaradas. Fundaram um grupo a que denominaram os nabis (termo que em hebreu significa profeta), e, muitos anos depois de extinto o movimento, Bonnard ainda haveria de exclamar: É bem verdade que a forma existe. A gente não a pode destruir nem transformar.
A obra de Bonnard permanece, portanto, ligada permanentemente à representação da realidade, e, mais ainda, a certos aspectos específicos da realidade que seu temperamento escolheu. Os 39 quadros reunidos e expostos em São Paulo resumiram com precisão a trajetória desse artista, cujos temas prediletos foram as largas paisagens campestres e os jardins, os interiores simples, os fragmentos do cotidiano.
(Fonte: Veja, 22 de março de 1972 - Edição 185 - ARTE - Pág; 84)
(Fonte: Veja, 2 de setembro de 1998 – ANO 31 – N° 35 – Edição 1562 – Veja essa – Pág; 36)
“La Promenade” e “Autoportrait”, obras do pintor francês Pierre Bonnard (1867-1947), são leiloados por cerca de 1 milhão de euros cada
“La Promenade”, um óleo sobre tela de 1900, recria uma cena da vida parisiense, onde o pintor convida a acompanhar a conversa de duas mulheres que caminham protegidas por um guarda-chuva em um dia ensolarado.
“Autoportrait”, um óleo sobre tela de 1889, quando o pintor tinha 22 anos, é o primeiro autorretrato de uma longa série a que o artista deu continuidade ao longo de sua vida.
(Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/552550 – Arte & Agenda >> Variedades – 29/03/2015)