Pintor francês que buscava a luz através da cor negra
Conhecido por pinturas em infinitos tons de preto, artista chegou a vender obra por 9,6 milhões de euros.
Ele era o pintor francês vivo mais caro do mercado internacional, considerado um dos últimos grandes mestres.
(© Reuters/Philippe Wojazer)
Pierre Soulages (Rodez, no sul da França, 24 de dezembro de 1919 – 26 de outubro de 2022), pintor abstrato francês conhecido por suas pinturas em infinitos tons de preto.
Soulages se aprofundou neste tema por 75 anos, ganhando o reconhecimento das instituições culturais e do mercado da arte.
“Gosto da autoridade do preto, sua gravidade, evidência, radicalidade (…). O preto tem possibilidades infinitas”, explicou Soulages em dezembro de 2019, em entrevista por ocasião de uma exposição no Louvre.
O preto “é uma cor muito ativa. Utilizar o preto junto com um tom escuro o ilumina”, disse o pintor em entrevista à AFP.
Pouco antes de sua exposição no Louvre, Soulages batia seu próprio recorde em leilões com a venda de um quadro pintado em 1960 por 9,6 milhões de euros em Paris.
Ignorar ‘as cores das aquarelas’
Soulages nasceu em 24 de dezembro de 1919. Seu pai, construtor de carruagens, morreu quando ele tinha cinco anos. Sua mãe o criou sozinha enquanto trabalhava em uma loja de artigos de caça e pesca.
Soulages queria pintar, mas não gostava “das cores das aquarelas” e optou por recriar árvores no inverno, com os galhos secos, os efeitos visuais da neve.
Durante uma excursão escolar à Abadia de Sainte-Foy em Conques, na adolescência, teve a revelação: seria pintor.
Às vésperas da Segunda Guerra Mundial entrou para a Academia de Belas Artes de Paris. Porém, deixou o curso e preferiu voltar ao sul e aprender por conta própria em Montpellier.
Lá conheceu Colette Llaurens, com quem se casou um ano depois, com documentos falsos, com os quais evitou ir para a Alemanha, como aconteceu com muitos jovens franceses.
Pierre e Colette se instalaram em 1947 em Paris, onde os artistas Francis Picabia e Fernand Léger o animaram a perseverar.
Suas telas rapidamente causaram comoção e nos anos 1950 entraram para as coleções de museus como o Guggenheim de Nova York e o Tate Modern de Londres.
Em 1979, trabalhando sobre uma tela totalmente preta, Soulages percebeu que tinha cruzado um limiar.
“Era além do preto, eu estava em outro espaço mental”, explicou. “É a luz difusa dos reflexos que me interessa”, acrescentou.
Em 1986, ele pintou mais de 100 vitrais para a abadia de Conques, obra inaugurada em 1994.
No final de 2009, uma grande retrospectiva de sua obra recebeu meio milhão de visitantes no Centro Pompidou de Paris.
Ele era o pintor francês vivo mais caro do mercado internacional, considerado um dos últimos grandes mestres.
Uma grande retrospectiva dedicada ao artista foi realizada no Centro Pompidou, o Beaubourg, de Paris, entre outubro de 2009 a março de 2010. Seus quadros fazem parte do acervo de mais de 110 museus no mundo todo. Ele esteve em São Paulo em 1996, para a abertura de sua retrospectiva no MASP. O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) tem duas obras de Soulages.
Além do negro
Ele cunhou o termo “outrenoir”, algo como além do negro, para explicar seu trabalho, traduzido em mais de 1.700 peças espalhadas pelo mundo. Ele falou a respeito para a RFI em 2012:
“É um termo que inventei, depois da exposição ‘Escuridão Luz’. Mas essa é uma definição óptica, a respeito da luz refletida pela superfície da cor negra. O importante é o que sentimos, como isso nos move. É um campo mental que não é o mesmo que o de uma simples cor preta”.
Para descrever Soulages, sempre vestido de preto, 1,9m de altura, o New York Times usou, em 2014, os mesmos adjetivos usados frequentemente para falar da obra do pintor: “forte, vital, poderoso”.
Soulages nasceu em 24 de dezembro de 1919 em uma família modesta, em Rodez, no sul da França. Seu pai, construtor de carrocerias, morreu quando o futuro artista tinha apenas cinco anos. Ele foi criado por sua mãe, que administrava uma loja de artigos de caça e pesca.
Juntos durante 80 anos
Pierre Soulages foi admitido na prestigiosa Escola de Belas de Paris às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Em 1941, conheceu Colette Llaurens, com quem se casou um ano depois. Pierre e Colette eram inseparáveis e comemoraram neste ano 80 anos de casamento.
Em 1947, o jovem pintor mudou-se para Paris, onde foi notado por Francis Picabia, que o encorajou, numa época propícia para a pintura abstrata. Na década de 1950, suas pinturas entraram nos museus mais prestigiados do mundo, como o Guggenheim em Nova York ou a Tate Gallery em Londres. Ele conheceu os principais representantes da Escola de Nova York, incluindo Mark Rothko, que se torna seu amigo.
Além da pintura, Soulages trabalhou com serigrafia, metais e vidro. Em 1986, o governo francês encomendou a Soulages mais de cem vitrais para a abadia de Santa Fé, de Conques, no seu departamento natal de Aveyron. O conjunto foi inaugurado em 1994.
Pierre Soulages faleceu aos 102 anos, informou na quarta-feira (26) Alfred Pacquement, amigo de longa data do artista e presidente do museu que leva seu nome em Rodez, no sul da França.
“É uma notícia triste, acabei de desligar o telefone com sua viúva, Colette Soulages”, disse Pacquement à agência de notícias France Presse (AFP).
(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2022/10/26 – POP & ARTE / NOTÍCIA / Por France Presse – 26/10/2022)
(Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2022/10/26 – ÚLTIMAS NOTÍCIAS / por RFI – 26/10/2022)
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo – NOTÍCIAS / MUNDO / PARIS (Reuters) – (Reportagem de Elizabeth Pineau e Dominique Vidalon) – 26/10/2022)