“O judiciário brasileiro deve acompanhar a evolução da sociedade”, afirma a desembargadora gaúcha Maria Berenice Dias, uma espécie de princesa Isabel da comunidade gay brasileira. Pioneira na concessão de direitos aos casais do mesmo sexo, Maria Berenice, publicou um artigo sobre o tema, é uma crítica enfática da morosidade da Justiça brasileira às minorias.
O termo “gay” era considerado menos pejorativo que “homossexual”, palavra que apareceu em 1869 num panfleto do médico húngaro Karoly Maria Benkert. No Brasil, uma das primeiras aparições do termo “homossexual” está na defesa que o escritor cearense Adolfo Caminha fez do seu romance naturalista O Bom-Crioulo (1896). Antes disso, o termo mais usado para designar o amor homossexual era “uranismo”, cunhado em 1862 pelo jurista alemão Karl Heinrich Ulrichs, a partir de uma ideia de Platão em O Banquete.
No Brasil, o termo “gay” começou a circular com mais força na década de 70. Naquela época – não por acaso o período que assistiu aos primeiros e saltitantes passos da cultura dance, fundamental para uma maior visibilidade dos gays na mídia -, nasceu em São Paulo o grupo Somos, pioneiro na luta contra o preconceito encravado na alma nacional. “Durante o primeiro Encontro de Grupos Homossexuais, realizado em São Paulo, surgiu a proposta de comemorar a rebelião de Stonewall, de Nova York (1969), que simbolicamente, marca o começo de um movimento gay politizado nos Estados Unidos.
O homossexualismo é um assunto que tem sido trazido das trevas para a luz do dia nos últimos anos. Inclusive no Brasil. Em agosto de 2001, a primeira edição gay do programa Fica Comigo?, da MTV, iluminou com os holofotes da democracia sexual o beijo entre dois rapazes. Já era mesmo tempo de a sociedade – e dos seus representantes eleitos – começar a encarar a questão de frente.
(Fonte: Super Interessante 14 anos – Edição 168 – setembro 2001 – Comportamento/ Por Leandro Sarmatz – Pág; 88/93)