Pioneiro da etnologia brasileira
Curt Nimuendaju: um alemão com alma de índio
Curt Nimuendaju (Alemanha em 17 de abril de 1883 – Aldeia Ticuna no Alto Solimões, 10 de dezembro de 1945), pioneiro da etnologia brasileira, um dos maiores pesquisadores dos índios brasileiros.
Durante 40 anos, Curt Unkel visitou tribos indígenas em 42 expedições pelo Brasil e documentou suas línguas, lendas e tradições.
Nascido na Alemanha em 1883, ele vem para São Paulo realizar um sonho de infância: estudar os índios da América do Sul. Seu primeiro contato é com os Guarani-Apapocuva, com os quais morou durante oito anos e de quem ganhou o nome Nimuendaju (“aquele que constrói sua própria casa”), que adotaria oficialmente mais tarde ao naturalizar-se brasileiro. Uma compilação das lendas sobre a criação e destruição do mundo dos Apapocuva foi seu primeiro trabalho etnográfico publicado, em 1914, na Alemanha.
Outro destaque foram os trabalhos sobre a organização social dos povos de língua Jê, tipicamente brasileiros. Assim como no caso dos Apapocuva, até então não havia relatos sobre esses grupos. Mas seu trabalho mais importante é o mapa etno-histórico da América do Sul: editado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 1980, ele compila dados sobre cerca de 1400 grupos étnicos de 40 troncos lingüísticos e serve até hoje de referência.
O etnólogo visitou mais de 46 povos. Em alguns casos, se inseria totalmente na sociedade indígena e desenvolvia estudos mais aprofundados. Mas às vezes os índios eram tão poucos que ele só podia salvar sua cultura do esquecimento.
Nimuendaju não se detinha só na cultura material de um povo, objeto de estudo da etnologia, mas também documentava sua língua, com um complexo sistema de sinais diacríticos para representar com a maior exatidão possível os sons indígenas. Ele registrou mais de uma centena de vocabulários (alguns com até 1000 itens) e vários esboços gramaticais, todos com suas correspondências em alemão ou português (54 desses estudos nunca foram publicados).
Mas, acima de tudo, Nimuendaju foi um grande indigenista. Ele não escondia seu desprezo pelos responsáveis pela miséria física e psicológica dos índios, muitas vezes explorados e obrigados a trabalhar em regime de escravidão. Por isso, fez inimigos entre as populações vizinhas às tribos. Quando morreu em 1945, em uma aldeia Ticuna no Alto Solimões, já estava doente, mas há hipóteses de que sua morte não tenha sido natural.
(Fonte: Veja, 19 de agosto de 1981 – Edição 676 – ARTE/ Por Casimiro Xavier de Mendonça – Pág: 108/109/110)
(Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/ Sociologia e Antropologia/ Por Rafael Barifouse – Publicado em 09/11/2003)