Piotr Kropotkin (1842-1921), príncipe russo. Historiador e pesquisador científico. Na juventude, o príncipe russo decidiu contrariar tudo o que era considerado razoável na época. Nascido em Moscou em 1842, aos 20 anos ele abandonou o luxo da corte e foi para a Sibéria, onde assumiu um posto militar e começou a fazer pesquisas ecológicas, zoológicas e geográficas. Anos mais tarde, Piotr aderiu à militância anarquista. Preso pela polícia do czar em 1874, dois anos depois recuperou a liberdade em uma fuga espetacular, sem uso de violência. Durante muito tempo foi perseguido e preso por vários países da Europa, até que se estabeleceu em Londres, onde pôde escrever sossegado.
Kropotkin usava a solidariedade como meio de ação política. Seu anarquismo sempre foi construtivo e não-violento, e ele irradiava bondade ao seu redor. Segundo a Enciclopédia Britannica (1967), ele enfrentava de bom humor os piores sofrimentos e seu caráter era tão generoso que chegava aos limites da santidade. Morreu na Rússia em 1921, aos 79 anos, enquanto tentava alertar Vladimir Lênin sobre os equívocos éticos que o Partido Comunista no poder desde 1917 começava a cometer. Sua crítica às ditaduras de esquerda e direita faz dele um precursor de George Orwell sem, porém, o pessimismo do autor de 1984. Mas a sua contribuição mais importante é científica e filosófica. Em sua principal obra A Ajuda Mútua, um Fator na Evolução ele demonstra que desde os primórdios da vida animal até a história humana recente, a ajuda mútua tem sido um fator bem mais importante que a luta e o conflito na evolução da vida. Nesse aspecto, Kropotkin coincide com o também russo Leon Tolstoi e resgata a visão naturalista de Jean-Jacques Rousseau.
(Fonte: Planeta Edição 386 Ano 32 Editora Três Novembro de 2004 Diálogos Eternos Por Carlos Cardoso Aveline – Pág; 81/82)