A primeira greve importante realizada no Brasil foi a de 1917, em São Paulo. Apesar da dura repressão do governo, cerca de 70 mil trabalhadores pararam a cidade com reivindicações salariais. A relevância dessa greve deve-se menos ao sucesso parcial do que ao fato de ter sido contemporânea da Revolução Russa. Com tal carga ideológica como pano de fundo, o embrionário movimento sindical passou a ocupar um lugar no cenário político da República Velha.
A mobilização de 1917 não se deu por geração espontânea. Ela decorreu de paralisações anteriores, que deram condições para que um sindicalismo baseado em ideais anarquistas começasse a surgir nos centros urbanos, sobretudo o Rio de Janeiro, que concentrava grande parte da atividade econômica nacional na virada do século.
Esse universo sindical pré-1917 é pouco conhecido, a primeira dessas paralisações a greve geral de 1903 no Rio de Janeiro sai do limbo histórico a que estava relegada.
A mobilização das manifestações populares provocadas pela decepção com a República ainda em sua infância. A rigidez do sistema republicano, sua resistência em permitir a ampliação da participação social, mesmo no âmbito da lógica liberal, resultaram na radicalização de movimentos como a Revolta da Vacina, em 1904.
A greve em questão, ocorrida durante o governo de Rodrigues Alves (1902-1906), atingiu a indústria têxtil e a partir desse pólo se irradiou por todo o setor produtivo da então Capital Federal, tendo sido responsável pela consolidação de várias associações de classe.
O movimento sindical germina num momento em que, grande parte da elite e do empresariado tinha como parâmetro de trabalho a escravidão. O modelo escravista, que se reproduziu em diversas atividades produtivas, estava presente também dentro das fábricas. Homens, mulheres e crianças, operários fabris ficavam sujeitos a uma ordem draconiana que trazia à lembrança o cativeiro.
Iniciada em agosto de 1903 por reivindicações salariais, a primeira greve geral do Rio de Janeiro se estendeu por quase um mês.
(Fonte: Revista História Viva Ano III N° 36 Outubro de 2006 – Por Oscar Pilagallo Pág; 86)
(Fonte: Malandros Desconsolados O Diário da Primeira Greve Geral no Rio de Janeiro Por Francisca Nogueira de Azevedo)