No verão de 2005, (dezembro e março), o cientista gaúcho Jefferson Cárdia Simões, glaciólogo que lidera o Núcleo de Pesquisas Antárticas (Nupac) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tornou-se o primeiro brasileiro a atingir o Pólo Sul por terra. Simões integrou uma expedição chilena que saindo da base de Patriot Hills, percorreu 1 150 quilômetros sobre a neve até o pólo.
O grupo de 13 pessoas levava três contêineres fechados, rebocados por um trator polar com capacidade para puxar até 25 toneladas.
A viagem de ida durou 16 dias e a de volta foi mais demorada, 22 dias. É que, a cada 10 quilômetros, era feita uma parada para a coleta de amostras de neve e, a cada 220 quilômetros, eram retirados testemunhos de gelo de uma profundidade de até 50 metros. Testemunhos é como os cientistas chamam os cilindros de gelo que depois são examinados cuidadosamente em laboratório, para estudo do clima do local até milhares de anos atrás. A composição química da atmosfera em cada época é preservada no gelo, encerrada em bolhas de ar comparáveis às que se vê no interior dos cubinhos feitos num congelador. Assim, pode-se estudar a composição da atmosfera e os efeitos da poluição de cada época.
Na viagem ao Pólo Sul, as amostras recolhidas a 50 metros de profundidade darão informações correspondentes aos últimos 350 anos. Até agora, o gelo mais antigo foi recolhido perto da base franco-italiana de Concordia. Lá, escavações a 3 200 metros resultaram num testemunho climático de 720 mil anos. Simões coordena uma rede de pesquisas na Antártica composta de mais de 80 pesquisadores de 15 instituições brasileiras e 16 internacionais. O próximo projeto de Simões, é uma viagem ao Pólo Sul feita exclusivamente por brasileiros.
(Fonte: Revista Terra Ano 13 N°158 Junho de 2005 Por/Luiz Henrique Fruet – Editora Peixes Pág; 24/39).