PRIMEIRO CARRO A CIRCULAR NO RIO DE JANEIRO
Consta que o primeiro carro a circular no Rio foi um Serpollet francês de 8 cavalos, movido a vapor, e adquirido pelo farmacêutico e jornalista José do Patrocínio, em 1897. Mas esse carro entraria para a história por outro motivo, bem mais prosaico: foi com ele que ocorreu o primeiro acidente automobilismo brasileiro de que se tem notícia.
José do Patrocínio foi, com toda probabilidade, o primeiro representante da raça negra a ficar rico no Brasil (como profissional liberal, já que Xica da Silva ficou rica antes dele, no século XVIII, mas seus dotes eram outros). Filho natural do vigário da cidade fluminense de Campos e de uma quitandeira, Patrocínio conseguiu concluir o curso de Farmácia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e depois se tornar um escritor, poeta, jornalista (e abolicionista) tremendamente respeitado.
Tanto que foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Quando tinha 43, anos, em 1897, Patrocínio adquiriu seu folclórico automóvel, o Serpollet. Um dia, Patrocínio cedeu aos apelos do colega Olavo Bilac, também membro da Academia, e poeta parnasiano e resolveu ensinar Bilac a dirigir. A experiência não foi das melhores: pouco depois de assumir o volante, Bilac na época com 32 anos e demonstrando certo excesso de entusiasmo destroçou o carro, ao arremessá-lo contra uma árvore na Estrada Velha da Tijuca. Mas Bilac, além de pagar pelo estrago, encarou o episódio com extremo bom humor, tanto que, dali em diante, passou a gabar-se publicamente da duvidosa honra de ter sido o pioneiro dos acidentes motorizados no Brasil.
(Fonte: Revista QUATRO RODAS ESPECIALEd. Especial 0418 N.º 507B Editora ABRILO AUTOMÓVEL NO MUNDOCapítulo II -O Carro no Brasil Pág. 22/23)