PRIMEIRO CARRO IMPORTADO A APROVEITAR A REDUÇÃO DAS ALÍQUOTAS
Em 1989, finalmente os brasileiros puderam, pela primeira vez desde 1960, escolher seu presidente. Ganhou Fernando Collor de Mello, que entraria para a história três anos depois como o único presidente brasileiro a ter seu mandato cassado pelo Congresso.
Mas, enquanto reinava soberano, Collor tomaria uma decisão que teria um efeito devastador sobre a indústria automobilística brasileira: ele reduziu drasticamente as alíquotas de importação. De 85% sobre o valor do carro em 1990, as alíquotas baixaram para 60% em 1991; 50% e 40% em 1992; 35% em 1993; e 20% em 1994.
A medida permitiu que, de repente, pudessem ser trazidos para o Brasil os mais recentes modelos de carros que circulavam pela Europa e pelos Estados Unidos, o que revelou como o carro brasileiro estava mesmo defasado tecnologicamente.
O estranho é que o primeiro carro importado a aproveitar a brecha das alíquotas baixas foi o Lada, uma relíquia do regime comunista russo e muito mais desatualizado que os carros nacionais. A Lada nasceu em 1966 de uma joint-venture entre o governo russo e a Fiat italiana. Ao desembarcar no Brasil, em agosto de 1990, cada Lada chegou ao mercado com preço equivalente ao de um Uno Mille. Preço por preço, tecnologia por tecnologia, o Lada perdia feio para o Mille, mas mesmo assim, acabou sendo um sucesso de vendas, apenas porque conseguiu um sobrenome que dali em diante mexeria com a cabeça dos brasileiros: Importado.
(Fonte: Revista QUATRO RODAS ESPECIALEdição Especial0418 N.º 507B Editora ABRIL A Revolução Industrial Capítulo IV -O Carro no Brasil Pág. 86/87)