O Museu da Cachaça, situado à rua Nova Mantiquira 227, no município de Paty do Alferes, região serrana do Estado do Rio de Janeiro, inaugurado em 14 de dezembro de 1991, oficialmente, foi o primeiro e é o único do gênero no país, foi idealizado por Íris e Iale Renan , hoje falecido.
Para montar o museu, foram anos de pesquisas em bibliotecas e anos colecionando garrafas compradas nos mais longínquos lugares do Brasil.
Ele foi estruturado para apresentar ao público a história da cachaça, feita da cana-de-açúcar, nascida nos primórdios do século XVI, de modo que todos entendam sua
importância na nossa história e na nossa cultura.
Deste modo o museu não expõe apenas garrafas e rótulos de aguardente. Em seu acervo encontram-se além de algumas centenas de marcas de cachaça das mais famosas até às raras, artesanais, e desconhecidas; quadros pintados em óleo sobre tela, antigo mini alambique; reprodução de documentos históricos; coleção de crônicas e artigos; livros especializados; trovas populares; piadas e muito mais.
A aguardente-de-cana, a bebida mais popular do Brasil é definida pela legislação brasileira como produto alcóolico obtido a partir da destilação do caldo de cana fermentado, devendo apresentar teor alcóolico entre 38º e 54º GL. Sua história remonta dos primórdios do século XVI, como sendo a primeira bebida destilada entre nós.
A partir de 1584 o trabalho escravo foi fundamental para o desenvolvimento da indústria do açúcar, concorrendo, dentre outras coisas, para aumentar a produção da cachaça, pois os alambiques estavam situados quase que exclusivamente nos engenhos.
Inicialmente, a cachaça era a espuma da caldeira em que se purificava o caldo de cana a fogo lento e servia como alimento para bestas, cabras, ovelhas. Assim, pôr algum tempo, foi considerada um produto secundário da industria açucareira; era mais uma garapa e não tinha nenhum teor alcóolico. Somente depois da metade do século XVI é que a cachaça passou a ser produzida em alambique de barro, posteriormente de cobre, sob a forma e nome de aguardente.
Com o passar do tempo a produção da cachaça foi aumentando e sua qualidade sendo aprimorada. Nos engenhos do nordeste era costume dar cachaça aos escravos na primeira refeição do dia, a fim de que pudessem suportar melhor o trabalho árduo dos canaviais.
Reservada, inicialmente a escravos, a cachaça, com o aprimoramento da produção, atraiu muitos consumidores e passou a ter importância econômica para o Brasil colônia. Tal fato tornou-se uma ameaça aos interesses portugueses, pois a bagaceira passou a ser consumida em menos escala, enquanto a cachaça saiu das senzalas e se introduziu não só na mesa do senhor do engenho, como também nas casas portuguesas.
Diante desta realidade, a venda da cachaça foi proibida na Bahia em 1635 e em 1639 deu-se a primeira tentativa de impedir até o seu fabrico. Ao tempo da transmigração da corte portuguesa em 1808 para o Rio de Janeiro, a cachaça já era considerada como um dos principais produtos da economia brasileira. Em 1819 já se podia dizer que a cachaça era a aguardente do país.
Tornou-se a bebida dos brasileiros que, pôr amor à pátria, recusavam o vinho, especialmente os que vinham de Portugal, e faziam questão de brindar com cachaça.
Hoje em dia quase toda a produção da cachaça se faz em destilarias independentes dos antigos engenhos e das atuais usinas de fabrico de açúcar. Incontáveis são os alambiques de pequeno porte, espalhados pôr todo território.
À nível mundial, em termos de produção e consumo de bebidas destiladas, sem dúvida a cachaça ocupa, atualmente, um dos primeiros lugares.