Pioneiro da aviação comercial
Fabricou o primeiro aparelho que permitiu às companhias aéreas viverem apenas do transporte de passageiros
Douglas: O DC-3, sua obra-prima dominou 90% do tráfego aéreo
Donald Douglas (6 de abril de 1892 – 1° de fevereiro de 1981), pioneiro da aviação comercial, sob sua direção foi construído o célebre DC-3, bimotor, que inaugurou a era do transporte aéreo de massa. Donald Douglas tornara o nome de seus aviões mais famoso que o sobrenome de sua família. Em 1939, quatro anos após seu lançamento, o DC-3, com capacidade para 21 passageiros, era responsável por 90% do tráfego aéreo mundial. Em 1909, um banqueiro de ascendência escocesa, radicado em Nova York e apaixonado por barcos, matriculou o filho Donald, de 17 anos, na Academia Naval de Anápolis. Cedo, porém, o filho descobriu que tinha vocação diametralmente oposta ao desejo paterno e se transferiu para o Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde se formou em Engenharia Aeronáutica.
A Douglas Aircraft Company foi fundada em 1920 nos fundos de uma barbearia em Los Angeles, dias depois de Donald chegar à Califórnia com a mulher, dois filhos e 600 dólares. Um dos primeiros produtos da empresa, o Douglas World Cruiser (DWC), deu a primeira volta aérea ao mundo, um feito aclamado como o maior da aviação na época. Em 1932, a predecessora da Trans World Airline (TWA) encomendou à Douglas um avião que transportasse um número de passageiros que permitisse lucros. Assim, surgiu em 1935 o bimotor DC-3, o primeiro aparelho que permitiu às companhias aéreas viverem apenas do transporte de passageiros. Ainda hoje existem centenas de DC-3 em atividade, inclusive no Brasil, onde constitui o principal meio de transporte na serra dos Carajás.
Como empresário de aviação, Douglas jamais levou a vida agitada de seu rival temporário Howard Hughes. Viveu mais como um pesquisador bem-sucedido nos negócios que como um milionário. Afinal, enquanto as colunas sociais raramente falavam dele, os registros dos avanços científicos lhe dão o crédito de ter montado, além de um aparelho para medir a pressão sanguínea de baleias, o primeiro túnel de vento que permitiria o desenvolvimento dos motores a jato entre 1914 e 1915, quando nos céus da Europa ainda combatiam os monomotores pilotados por oficiais de boas famílias. Antes de se aposentar, em 1957, quando completou 65 anos, Donald Douglas entregou à Força Aérea seu mais sofisticado caça bombardeiro a jato, o Skyhawk.
A grande desilusão de Donald Douglas foi ver sua empresa entrar em decadência. Com o jato 707, em 1958, a Boeing desbancou a Douglas que, em 1967, foi absorvida pela McDonnel Aircraft Corporation. Mas ficou a lenda de Donald Douglas, um homem, segundo os amigos, “com os olhos nas estrelas, os pés no chão e uma mão no bolso controlando os centavos. No dia 1° de fevereiro de 1981, quando morreu aos 88 anos de idade, Donald Douglas tornara o nome de seus aviões mais famoso que o sobrenome de sua família.
(Fonte: Veja, 11 de fevereiro de 1981 Edição n° 649 – AVIAÇÃO Pág; 81)