Rainha Vitória de Inglaterra (1819-1901), rainha do Reino Unido e imperatriz da Índia

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Em 24 de maio de 1819 – Nascimento, em Londres, da rainha Vitória, rainha do Reino Unido e imperatriz da Índia, falecida em East Cowes, Inglaterra, em 22/01/1901.

 

 

Rainha Vitória de Inglaterra (1819-1901)

 

Alexandrina Vitória, filha de Vitória Maria Luísa, descendente do duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld, e de Eduardo Augusto, duque de Kent, 4.° filho do rei Jorge III, nasceu no Palácio de Kensington, Londres, a 24 de maio de 1819.

 

 

Vitória aos 40 anos em 1859, no seu quadro favorito, de Franz Xaver Winterhalter: a monarca mais poderosa do planeta media 1,52 metro, amava o marido e teve nove filhos.

A 20 de junho de 1837, com apenas 18 anos, Vitória ascendia ao trono de Inglaterra por morte do seu tio Guilherme IV, que não deixara descendência, dando início ao mais longo reinado da história da Inglaterra e um dos mais famosos, que inclusivamente deu nome a uma era britânica, a Vitoriana.

 

 

Quando subiu ao trono, Vitória era uma estranha para os seus súbditos, mas à sua morte tinha construído uma reputação e respeito que extravasava as fronteiras do mundo britânico. De início, Vitória foi guiada, política e socialmente, pelo Primeiro Ministro Whig, William Lamb (1834, 1835-41), 2.° visconde de Melbourne, que manteve sobre ela grande influência até se casar com o seu primo Alberto, Príncipe de Saxe-Coburgo-Gotha, a 10 de maio de 1840.

 

 

Até se tornar esposa deste Príncipe, Vitória foi educada pela sua governante de origem alemã, a Baronesa Lehzen, que aos 11 anos a advertira para o facto de ser uma presumível candidata ao trono de Inglaterra. O seu pai, Eduardo Augusto, duque de Kent, o irmão mais novo de Guilherme IV, morrera em 1820 quando ela era ainda uma criança, e a sua mãe, a alemã Vitória Maria Luísa, pouco habilitada a providenciar-lhe uma educação esmerada, deixou a criança entregue aos cuidados da governanta.

 

 

O casamento modificou completamente a sua vida, pois trouxe-lhe, ao que parece, mais alegria de viver, apesar de durar apenas até 1861. Nesse ano, o primeiro marido da rainha Vitória morria prematuramente, deixando 9 descendentes e um bom exemplo de vida familiar. O primeiro dos seus filhos, Vitória, veio a ser imperatriz alemã, e o segundo filho o futuro Eduardo VII.

 

 

A sua vida familiar repartia-se, para além de Londres, entre a Casa Osborne, na Ilha de Wight (mais para o inverno), e o Castelo de Balmoral (residência estival), na Escócia, comprado em 1852 e reconstruído segundo desenhos de Alberto.
O poder constitucional que detinha era limitado; embora as suas escolhas pessoais influenciassem as resoluções políticas e as escolhas de gabinete, ela não determinava a política.

 

 

Alberto, que estava sempre a seu lado, particularmente em questões de política externa, usava a sua influência para persuadir Vitória a aceitar a sua versão do monarca ideal.
Os dois estavam em acordo na antipatia que nutriam por Lorde Palmerston e suas políticas, mas não contestaram a sua liderança. Ambos estavam preocupados com a política externa, sobretudo na questão que conduziu à Guerra da Criméia, tendo apoiado a intervenção das tropas britânicas no conflito. Em 1856, a soberana instituiu a condecoração Victoria Cross, para galardoar o militar mais valioso para o seu país, e em 1857 deu a Alberto o título de Príncipe Consorte.

 

 

Após a morte do seu marido, Vitória entrou num período de depressão e nervosismo, que deu azo a fortes críticas por parte da opinião pública e das autoridades. A rainha, no entanto, fez prevalecer o seu bom senso e manteve viva a monarquia britânica.

 

 

Vitória encontrou em Benjamim Disraeli, um Primeiro Ministro judeu e conservador que destituiu Robert Peel – um homem que o seu falecido muito admirava -, um líder que a encorajou. Foi este homem, Disraeli, que em 1876 convenceu o Parlamento, sobretudo a ala liberal, a passar o Royal Titles Act, conferindo à rainha o título de imperatriz da Índia.

 

 

Ao contrário de Benjamim Disraeli, a rainha não tinha grande apreço por um dos mais autoritários líderes liberais do século XIX, William Ewart Gladstone (1809-1898), com quem manteve diversos confrontos institucionais.

 

 

Em 1887, celebrou-se um dos mais importantes eventos do seu reinado: o jubileu, comemorativo dos seus 50 anos de reinado. Nesta cerimónia, a rainha compareceu em público, na missa da Ação de Graças na Abadia de Westminster, num evento que ajudou a organizar, e no qual estavam presentes representantes de todas as partes do império.

O Jubileu Dourado, celebrado 10 anos depois foi ainda mais grandioso. Na capela de S. Jorge, em Windsor, para celebrar o dia da Ação de Graças, foi cantado um Te Deum, com música da autoria do príncipe Alberto. Os festejos culminaram quando a rainha premiu um botão elétrico que telegrafou uma mensagem do jubileu para todo o império, tentando manter-se em contacto com as grandes mudanças do seu tempo, apesar de ser muito conservadora.

 

 

Entre 1897 e 1901 houve outra ocasião muito especial. Esta ocorreu aquando da visita da rainha à Irlanda em 1900, trinta e nove anos depois da sua última visita ao país. Esta porção europeia do império esteve no centro das políticas britânicas nos dias do Ministro liberal Gladstone. O assunto manteve a sua atualidade no novo século, e mantém-na ainda hoje.

 

 

A Guerra dos Bóeres, na África do Sul, iniciada a 12 de outubro de 1899, arrastou consigo uma cadeia de insucessos militares e a oposição da Europa. Tal como no passado, a rainha apoiou os seus exércitos e festejou triunfalmente a quebra do cerco de Ladysmith a 28 de fevereiro de 1900.

 

 

No ano de 1901, morreu na sua residência de Osborne, após prolongada doença. Uma das últimas pessoas a visitá-la foi o seu neto Guilherme II, o imperador germânico, que na Primeira Guerra Mundial lideraria a Alemanha contra a Inglaterra. O “kaiser” foi um dos familiares presentes nas pomposas cerimónias fúnebres. Fechava-se um ciclo da história britânica, o da “era vitoriana”, e iniciava-se um novo capítulo.

 

 

Segredos de Vitória

 

A rainha britânica não foi tão vitoriana quanto o período que batizou: adorava sexo, teve amantes, cometeu injustiças e seu casamento com Albert esteve longe da perfeição

 

A rainha Vitória (1819-1901) revelou-se tão poderosa que seu reinado foi batizado de “era vitoriana”. A Inglaterra de 1837 a 1901 se caracterizou por um padrão homogêneo de prédios, carruagens, trens, ternos pretos, cartolas altas e vestidos amplos, além da austeridade de costumes que disfarçava pulsões sexuais reprimidas. Entre os pobres, o regime vitoriano gerou pobreza extrema e revoltas recorrentes.

 

 

Nos 63 anos em que esteve no trono, Vitória reinou sobre o mundo inteiro e deixou uma lição de governança assimilada por seus sucessores. Devotada ao marido, o príncipe alemão Albert de Saxe-Coburgo-Gota (1819-1861), foi celebrada como governante e dona de casa competente e inspirou os futuros monarcas britânicos. Mas não era tão perfeita. Cedeu a tentações, pecou e protagonizou escândalos que poderiam lhe ter abalado a reputação.

 

 

Decifrar os segredos de Vitória e expor sua personalidade foi a tarefa da historiadora australiana Julia Baird. Sua pesquisa resultou nas 560 páginas do livro “Vitória, a Rainha”, de 2016, publicado agora pela Companhia das Letras. “Vitória foi alvo da maior censura que um monarca já sofreu por seus sucessores”, diz Julia Baird. “Mas recuperei documentos reveladores.”

A autora constatou que bibliotecários, cronistas e parentes lançaram cartas de Vitória a amantes, amigas ou pretendentes. Muitas se perderam, como as que mencionavam o oficial escocês John Brown, que teve um caso com a rainha viúva. Em 1943, a filha mais nova de Vitória, Beatrice, solicitou a Owen Morshead, bibliotecário de Windsor, que lhe entregasse a correspondência entre Vitória e Albert, por seu conteúdo íntimo. Segundo ela, “o príncipe e a rainha nem sempre concordavam nos primeiros anos de casamento”. Beatrice jogou os papéis à fogueira. Não sabia que Morshead as fotografara. As fotos serviram de fonte para o livro.

Da pesquisa de dois anos surgiu uma Vitória pouco majestosa. Adorava sexo, apaixonava-se por nobres, cometia injustiças e seu casamento com Albert era imperfeito, embora o amasse, mesmo após a morte dele, aos 42 anos. Em vez de austera, era apaixonada e implicante. A menina robusta recebeu o apelido de “Pequena Hércules” e mandava nas bonecas quando brincava com as amigas. Na adolescência, revoltou-se contra a mãe, Victoire, que cobiçava a regência, apoiada pelo conselheiro John Conroy. Logo que foi coroada, Vitória repudiou os dois, passou a mandar em todos e despojou os desafetos de privilégios, como Lady Flora Hastings. Para isso, espalhou o boato de que ela estava grávida de Conroy. Forçada a provar a inocência, Flora submeteu-se a um teste de virgindade.

 

 

No início do reinado, ela caiu de amores pelo primeiro-ministro, Lord Melbourne, e foi correspondida. Eles passavam as tardes juntos a confabular e só não noivaram porque Melbourne tinha 20 anos mais que ela. Foi Melbourne que a orientou a se casar com o primo Albert. Nas cartas recuperadas, entusiasma-se com as noites que passaram juntos. Em 21 anos de casados, tiveram nove filhos, quatro meninos e cinco meninas. Quando o médico a proibiu de continuar a conceber, ela perguntou: “Doutor, isso quer dizer que não vou poder mais me divertir na cama?” Nas cartas, confessou que tinha pavor de dar à luz, era impaciente com as crianças e as considerava um entrave para seu poder, também por causa de Albert. No período de gestação, ele atuou como príncipe regente, nem sempre para agrado da mulher. Muitas vezes ela era vista gritando atrás dele, dizendo ser ela a rainha, enquanto ele passava de cômodo em cômodo. “Você quer parar de me seguir de quarto em quarto gritando comigo?”. Albert administrou o dia a dia das residências reais e do país. Reformou os esgotos dos palácios e organizou a hierarquia dos funcionários da corte e da administração do império. Impôs um código de conformidade e vestuário que foi adotado em todo o império. Não foi Vitória responsável pela Era Vitoriana, e sim Albert. “Na verdade, deveria ser chamada de Era Albertiana”, afirma Baird.

rainha Vitória

“É uma mulher comum que foi lançada a um papel incomum” Julia Baird, historiadora

(Fonte: Correio do Povo – ANO 116 – Nº 236 – Cronologia – 24 de maio de 2011)

(Fonte: https://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2549 – ENTRETENIMENTO – CULTURA / Por Luís Antônio Giron – 26/10/18)

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