Rashid Karami, primeiro-ministro do Líbano

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Rashid Karami (Trípoli, Líbano, 30 de dezembro de 1921 – Trípoli, Líbano, 10 de junho de 1987), primeiro-ministro do Líbano – de um governo cujo ministério não se reunia há dezoito meses e estava demissionário desde o dia 4 de maio de 1987.

Karami era um alvo improvável para o terrorismo. Ocupava um cargo quase decorativo – primeiro-ministro do Líbano. Ele era a principal figura entre os muçulmanos sunitas, que são maioria no país, mas, ao contrário dos chefes de outras facções políticas e religiosas libanesas, não possuía uma milícia própria.

No dia 10 de junho de 1987, porém, dois grupos até então desconhecidos o escolheram para acrescentar mais uma vítima ao balanço de mortos da guerra civil do Líbano, que somam quase 150 000 em doze anos. Uma bomba colocada dentro do helicóptero que o levaria, de Trípoli, no norte do país, para Beirute explodiu minutos após a decolagem e matou Rashid Karami.

Eram 9h27 quando o helicóptero militar levantou voo da residência de verão do primeiro-ministro em Trípoli. Como de costume, Karami sentou-se atrás da cadeira do piloto e, depois de 64 quilômetros de viagem, deveria estar no seu gabinete em Beirute. Três minutos depois da decolagem, no entanto, uma bomba explodiu bem debaixo do seu assento.

A violência do impacto esmigalhou as costelas e a espinha, deslocou os rins e o coração do primeiro-ministro e jogou-o contra a cadeira do piloto, um dos dezenove feridos no atentado.

 

A explosão também abriu um enorme rombo na fuselagem do helicóptero, mas, mesmo assim, o co-piloto conseguiu fazer um pouso de emergência numa base militar. Karami ainda foi transportado para o Hospital de Saint Martin, em Byblos, na metade do caminho entre Trípoli e Beirute, mas já estava morto. No mesmo dia, assumiu o cargo interinamente o ministro do Trabalho, Selim Hoss.

 

Dois grupos reivindicaram a autoria do atentado: o Exército Secreto Libanês e a Organização Vingança para os Mártires do Islã, dos quais ainda não se ouvira falar, no emaranhado de siglas e grupos terroristas que se batem no Líbano.

Mas as principais seitas muçulmanas libanesas preferiram responsabilizar as Forças Armadas pelo atentado, afirmando que a bomba só pode ter sido plantada na base militar da cidade cristã de Jounieh, perto de Beirute, de onde o helicóptero partira para buscar Karami. Na sexta-feira, o porta-voz do Parlamento libanês, o líder xiita Hussein Husseini, anunciou sua renúncia, acusando o presidente Amine Gemayel – cristão – de negligência na investigação do atentado contra Karami.

 

(Fonte: Veja, 10 de junho de 1987 – Edição 979 – POLÍTICA INTERNACIONAL – LÍBANO – Pág: 60)

 

 

 

 

 

 

 

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