Foi um dos grandes pensadores do Brasil
Raymundo Faoro (Vacaria, 27 de abril de 1924 – Rio de Janeiro, 15 de maio de 2003), foi um dos maiores intelectuais do país, Faoro transformou a OAB, que presidiu de 1977 a 1979, num endereço de resistência ao regime militar. Defendeu a anistia e as eleições diretas e escreveu o livro Os donos do poder, um clássico da sociologia.
Jurista e escritor Raymundo Faoro, foi considerado um dos grandes pensadores do Brasil, autor do clássico da sociologia “Os Donos do Poder” (1958), também escreveu o livro “Machado de Assis – A Pirâmide e o Trapézio”, em 1974.
Tomou posse na ABL em setembro de 2003, no lugar do jornalista Barbosa Lima Sobrinho. Sua posse chegou a ser adiada por quatro vezes, três delas por problemas de saúde.
Um dos líderes da redemocratização do País, o jurista Raymundo Faoro, gaúcho de Vacaria, presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil durante o governo Geisel, quando se destacou como defensor das garantias individuais, como a restauração do habeas-corpus.
O escritor presidiu a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) entre 1977 e 1979, quando teve atuação marcante denunciando ações do regime militar (1964-1985) e defendendo a volta do Estado Democrático.
Cunhou a expressão “sociedade civil” e escreveu um clássico da sociologia brasileira, “Os Donos do Poder”. Em novembro de 2000, ele foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras.
Saiba mais sobre Raymundo Faoro
Raymundo Faoro nasceu em Vacaria (RS), em 27 de abril de 1925. Filho de agricultores, depois de 1930 sua família mudou-se para a cidade de Caçador (SC), onde fez o curso secundário, no Colégio Aurora.
Formou-se em Direito, em 1948, pela UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Transferiu-se, em 1951, para o Rio de Janeiro, onde advogou e fez concurso para a Procuradoria do Estado.
Foi presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de 1977 a 1979, tendo lutado pelo fim dos Atos Institucionais do regime militar (1964-1985) e ajudado a consolidar o processo de abertura democrática nos anos 70.
À frente da entidade, Faoro transformou a OAB em um “foco de resistência pacífica” ao regime, denunciando casos de tortura e pedindo a retomada do Estado democrático.
No governo João Figueiredo (1979-1985), o último presidente do regime militar, o jurista defendeu ampla anistia. Após a anistia e o retorno dos exilados políticos, a casa de Faoro no bairro das Laranjeiras (zona sul do Rio) transformou-se em local de reuniões políticas. Eram frequentes as presenças de Tancredo Neves (1910-1985) e Luís Inácio Lula da Silva.
Foi eleito em 23 de novembro de 2000 para a cadeira nº 6 da ABL (Academia Brasileira de Letras), na sucessão de Barbosa Lima Sobrinho, tendo assumido o posto em 17 de setembro de 2002, das mãos do acadêmico e jurista Evandro Lins e Silva (1912-2002).
Em 1989, após quase uma década de amizade e debates políticos, Lula propôs que Faoro fosse vice em sua chapa presidencial, mas o convite foi recusado.
Obras
Ele é autor de “Os Donos do Poder” (1958), obra clássica da sociologia que trata da formação do patronato político brasileiro, retratando uma sociedade na qual o poder público é exercido e usado como se fosse privado. Em um levantamento feito pela Folha, em 1999, a obra é apontada como uma das dez mais importantes do pensamento brasileiro.
Também escreveu “Machado de Assis – A Pirâmide e o Trapézio” (1975), onde procura interpretar a obra de Machado de Assis a partir da análise do cotidiano da sociedade do final do século 19, e “A Assembleia Constituinte – A Legitimidade Recuperada” (1980) e “Existe um Pensamento Político Brasileiro?” (1994).
Recebeu os prêmios José Veríssimo, da ABL (1959) e Moinho Santista – Ciências Sociais (1978), sendo o terceiro premiado, depois de Fernando de Azevedo (1894-1974) e Gilberto Freyre, além da Medalha Teixeira de Freitas, do Instituto dos Advogados do Brasil.
OAB divulga nota lamentando morte de Raymundo Faoro
Morreu no dia 15 de maio aos 78 anos, de enfisema pulmonar no Rio de Janeiro.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) divulgou nota hoje em que lamenta a morte do pensador Raymundo Faoro, vítima de enfisema pulmonar aos 78 anos, e diz que a “advocacia brasileira está de luto”.
Assinada pelo presidente nacional da entidade, Rubens Approbato Machado, a nota de pesar diz que Faoro era um “defensor intransigente das liberdades violadas ou ameaçadas” e atuava como “porta-voz dos que estavam amordaçados pela censura”.
De acordo com o texto, o acadêmico teve atuação corajosa à frente da OAB, no final do regime militar (1964-1985), difundindo “o conceito de cidadania com participação”.
(Fonte: ISTOÉ RETROSPECTIVA 2003 N.º 1786 MEMÓRIA Editora Três 24/12/03 Pág. 108)
(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/199/aconteceu – Edição 199 – ACONTECEU – TRIBUTO / MEMÓRIA / por Dirceu Alves Jr. – 26/05/2003)
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil – BRASIL / PODER / da Folha Online – 15/05/2003)
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