René Burri fez cobertura de guerras e fotografou Fidel Castro.
Fotógrafo suíço teve como mentor o francês Henri Cartier-Bresson.
René Burri (Zurique, 9 de abril de 1933 – Zurique, 20 de outubro de 2014), fotógrafo suíço autor da célebre foto do jovem Che Guevara fumando um charuto
A primeira foto tirada pelo fotógrafo suíço foi a de Winston Churchill desfilando de pé em sua limosine, durante a visita que fez a Zurique. Mais do que a imagem de um ícone, a foto revela o talento do garoto de 13 anos que intuitivamente moveu a câmera seguindo horizontalmente o objeto em movimento.
A bordo de sua Leica, Burri fotografou o mundo. O contexto histórico é parte marcante de seu trabalho. A Europa pós-guerra foi o pátio da sua casa e, além de seu muros, Burri revelou a China, o Oriente Médio, o Vietnã, Egito, Coreia do Sul, Japão e a América.
A sequência de Che Guevara e Fidel Castro fumando havanos, o funeral de Kennedy, os retratos dos 12 astronautas que fizeram parte do programa espacial americano e o registro dos gaúchos no Pampa, “personagens lendários de uma terra de ninguém” são séries estupendas.
Considerado um dos mais importantes fotógrafos de seu país, Burri teve como mentor o mito francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), eternizado por captar o que chamava de “instante decisivo”. O fotógrafo suíço começou a trabalhar para a agência Magnum em 1959. Ele deu a volta ao mundo e cobriu os principais acontecimentos políticos mundiais.
Sua primeira publicação, que o tornou famoso, foi uma série sobre a retrospectiva de Picasso, no Palazzo Reale de Milão. Burri também imortalizou outros grandes nomes do século XX, como o líder cubano Fidel Castro, o arquiteto francês Le Corbusier (1887-1965) e o pintor suíço Alberto Giacometti (1901-1966).
Embora fizesse a cobertura de guerras, Burri não fotografava corpos. Em 2011, conquistou o Reinhardt von Graffenried Lifetime Achievement Award, um dos principais prêmios de fotojornalismo mundial.
Ele vivia entre Zurique, sua cidade natal, e Paris. Em 2013, doou todos os seus arquivos – cerca de 30 mil fotos – para o Museu do Eliseu, em Lausanne, Suíça. Suas imagens foram exibidas em vários museus, em especial no de Zurique, em 2013.
René Burri costumava dizer que sua câmera era uma (varinha mágica) que iluminava o pulsar da vida. Dizia que o que conta é colocar na foto a intensidade do momento vivido. E Burri viveu e clicou momentos extraordinários: a intimidade de Picasso, as filmagens de Kurosawa, Jean Renoir, Ingrid Bergman; debruçou-se sobre as pranchetas de Corbusier, Renzo Piano e do “comunista visionário” Oscar Niemeyer, ouviu trechos talvez jamais publicados de Cortázar, Patricia Highsmith, poemas de Jacques Prevert e o cantarolar de Maria Callas, viu figuras surgirem nos ateliês e telas de Chagall e Giacometti, e fotografou Henri Cartier Bresson enquanto ele também fotografava.
René Burri faleceu em Zurique, em 20 de outubro de 2014, aos 81 anos
(Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2014/10 – POP & ARTE – Da France Press – 20/10/2014)
(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – N° 17.987 – ARTIGOS – FOTOGRAFIAS/ Por Flavia Moraes/ Para Fernando Bueno – 11 de janeiro de 2015 – Pág: 24)