Roberto Farias, dirigiu entre outros filmes, ‘Assalto ao Trem Pagador’ (1962) e ‘Pra Frente Brasil’ (1981)

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Roberto Farias, diretor de ‘Pra frente, Brasil’

Roteirista e produtor dirigiu mais de 25 filmes e atuou na TV

 

 

Roberto Farias: ator, roteirista, diretor e produtor – (Foto: Fabio Seixo / Fábio Seixo)

 

Dirigiu entre outros filmes, ‘Assalto ao Trem Pagador’ (1962) e ‘Pra Frente Brasil’ (1981)

EQUILÍBRIO ENTRE O ARTÍSTICO E O POPULAR

Roberto Farias, um artesão engajado 

 

Roberto Figueira de Farias (Nova Friburgo, 27 de março de 1932 – Rio de Janeiro, 14 de maio de 2018), ator, roteirista, diretor e produtor.

Farias começou a carreira como assistente de direção e estreou no drama “Maior que o Ódio” (1951), de José Carlos Burle (1910-1983). Também atuou como produtor de diversos filmes.

Como diretor, estreou em 1957 com “Rico Ri à Toa”, uma chanchada estrelada por Zé Trindade.

Sua versão de “Assalto ao Trem Pagador” fez sucesso em 1962. Depois, fez vários filmes igualmente populares, com destaque para a trilogia protagonizada por Roberto Carlos: “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura” (1968), “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa” (1970) e “Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora” (1971).

Essa associação com a velocidade também o credenciou a dirigir o documentário “O Fabuloso Fittipaldi”(1973), com o piloto Emerson Fittipaldi, principal estrela do automobilismo brasileiro à época.

Em 1982, mudou de gênero com “Pra Frente, Brasil”, que mostrava a repressão da ditadura brasileira em longa estrelado pelo irmão, Reginaldo Faria. Cinco anos mais tarde, se juntou aos Trapalhões para as filmagens de “Os Trapalhões no Auto da Compadecida”, que levou 2,6 milhões de espectadores aos cinemas.

O cineasta Roberto Farias (Foto: Andre Luiz Mello/ Estadão)

 

 

Irmão do ator Reginaldo Faria, Roberto tinha 86 anos, quase todos dedicados à sétima arte, seja como roteirista, diretor e produtor.

Quando veio de Friburgo, na Região Serrana, onde nasceu para fazer cinema no Rio de Janeiro, ele começou este legado. Foi o precursor da família inteira. Uma inspiração para irmãos, filhos, sobrinhos… Um homem que produziu para praticamente todos os cineastas do início da história do cinema nacional.

 

Além de Reginaldo, um dos protagonistas, “Pra Frente Brasil” contou também com a participação dos dois outros irmãos de Roberto (o único que tinha um “s” no sobrenome, por erro do cartório onde foi registrado): Rogério Faria foi o produtor executivo e Riva Faria, o supervisor de produção e responsável pelos efeitos especiais. Três filhos do cineasta marcaram presença na produção. Mauro, o mais velho, foi assistente de direção e assinou a montagem junto com o pai. Já Luis Mario (o Lui) também foi assistente de direção e atuou como Zé Roberto, um jovem subversivo. E Maurício foi responsável pelo som direto, montagem da trilha sonora e intérprete de Ivan, outro rapaz engajado na luta armada.

 

Um dos clássicos de Roberto Farias, “Pra frente Brasil” conquistou o prêmio máximo do Festival de Gramado, em 1982, e representou o Brasil no Festival de Berlim no ano seguinte. Selecionado para exibição na semana dos realizadores do Festival de Cannes 82, o filme — um dos primeiros a retratar a repressão da ditadura militar brasileira (1964–1985) de forma aberta — teve sua cópia apreendida por ordem do então embaixador do Brasil na França, que alegou o fato de se tratar de uma coprodução com a Embrafilme, empresa governamental. Dentro da própria Embrafilme, que Roberto Farias presidiu entre 1974 e 1979, o assunto provocou uma grave crise, que motivou a demissão de seu presidente à época, Celso amorim, por ter aprovado o roteiro e concedido 35% do financiamento para a produção. O filme só estreou no Brasil, sem após uma batalha de oito meses com a censura.

 

Roberto Farias iniciou a carreira no começo dos anos 1950, como assistente do diretor Watson Macedo. Seus primeiros longas como diretor foram as chanchadas “Rico ri à toa” (1957) e “No Mundo da Lua (1958)”. Em 1965, criou a Difilm, distribuidora independente, junto com cineastas e produtores do Cinema Novo, como Luiz Carlos Barreto e Glauber Rocha.

 

Diretor-presidente da Academia Brasileira de Cinema e sócio-fundador do Canal Brasil, Farias produziu mais de 25 filmes de longa-metragem, entre eles clássicos como “O Assalto ao Trem Pagador” (1962), que também dirigiu, além de “Aventuras com Tio Maneco”, “Maneco, o super-tio” e “Não quero falar sobre isso agora”.

 

Apresentado a Roberto Farias por Glauber Rocha, o cineasta Luiz Carlos Barreto iniciou sua carreira fazendo o roteiro de “O assalto ao trem pagador”:

— O Roberto tinha variadas facetas. Era um grande diretor, um grande produtor e um grande político do cinema. Como produtor, por exemplo, lançou muitos diretores. E na Embrafilme levou o cinema brasileiro a patamares que nunca mais foram alcançados, nem artisticamente nem comercialmente. Nenhum cinema nacional de qualquer país conseguiu ocupar 42% do seu próprio mercado, como na época dele.

Na direção, além de “Pra frente Brasil”, assinou filmes estrelados por Roberto Carlos, como “Roberto Carlos e o diamante cor de rosa”, “Em ritmo de aventura” e “Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora”, nas décadas de 1960 e 1970. Só com estes três filmes, levou 9,5 milhões de pessoas ao cinema. Pelo Twitter, o cantor comentou: “Roberto Farias foi responsável pela direção dos três filmes em que atuei no final dos anos 1960, começo dos anos 70. Desse convívio, nasceram uma amizade e um respeito muito grande entre nós. Além de grande diretor, uma pessoa de muitas qualidades. Amável, espirituoso. Enfim, um cara muito bacana. Que nosso Deus da bondade te proteja e te abençoe”.

Roberto também trabalhou com os Trapalhões, em “Os trapalhões e o auto da compadecida”.

Roberto Farias também trabalhou para a TV, tendo dirigido minisséries como “As Noivas de Copacabana” e “Memorial de Maria Moura”, além de vários episódios do programa “Você decide”.

Como produtor, esteve associado a vários filmes, como “Lira do Delírio”, “O Casamento”, “Os Paqueras”, “Toda Nudez Será Castigada”, “Aventuras com Tio Maneco”, “Maneco”, “O Super-tio”, “Não Quero Falar Sobre Isso Agora”.

Além disso, foi presidente do Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica, presidente do Júri do Festival do Cinema do Rio em 1986 e do Festival de Gramado de 2000.

 

Roberto Farias morreu em 14 de maio de 2018, tinha 86 anos. Ele lutava contra um câncer de próstata há cerca de cinco anos, e estava internado no Copa Star.

Em uma rede social, Celso Amorim relembrou a história, ao postar sobre a morte do que chamou de “um dos nomes mais importantes do cinema brasileiro”: “Orgulho-me de, como seu sucessor na direção geral da Embrafilme, ter autorizado o financiamento do filme ‘Pra Frente Brasil’, que, além dos méritos estéticos, constituiu marco importante da luta contra a censura e, de forma mais ampla, no próprio processo de abertura, conforme reconhecido na época pelo colunista Carlos Castelo Branco”.

— O Brasil perdeu um dos seus maiores cineastas; o cinema brasileiro, uma de suas principais lideranças; e nós do Canal Brasil, um grande e queridíssimo amigo. Uma perda irreparável — lamentou o amigo, diretor geral e sócio do Canal Brasil, Paulo Mendonça.

No Twitter, a cantora Paula Toller, nora de Roberto, prestou uma homenagem: “Roberto Farias, meu sogro, faleceu hoje. Foi um homem generoso, dedicado à família e um grande brasileiro, apaixonado e militante pelo nosso cinema. Sua luz vai brilhar para sempre em nossa memória”.

O presidente Michel Temer também usou a rede social para falar da morte do cineasta: “Diretor de 25 filmes, de chanchadas a clássicos, Roberto Farias nos deixou hoje. Teve participação importante no cinema brasileiro, nos sets de filmagens e na gestão do setor. Minha homenagem à família, amigos e colegas”.

 

— Foi um dos maiores diretores do nosso cinema e também um grande gestor público, com importante contribuição para a política de desenvolvimento do setor — disse o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

Em nota, a Secretaria municipal de Cultura do Rio de Janeiro e a RioFilme lamentaram a morte de Roberto Farias: “Desde a década de 1950, Farias escreveu seu nome no hall de grandes realizadores do cinema nacional. Como diretor, produtor e distribuidor, levou entretenimento e reflexão a milhões de espectadores. A Roberto Farias, nosso aplauso e homenagem. À família, nossos sinceros pêsames”.

 

O cineasta Roberto Farias morreu nesta segunda-feira, 14, no Rio, aos 86 anos, confirmou a Academia Brasileira de Cinema, entidade da qual ele foi um dos fundadores e dirigiu nos últimos onze anos. Ainda não há informações sobre velório nem sepultamento. Diretor do clássico O assalto ao trem pagador (1962), Farias foi também presidente da Embrafilme entre 1974 e 1978, considerada a fase áurea da empresa.

 

— Ele descansou, no momento mais oportuno. Estava sofrendo demais — disse o ator Marcelo Faria, sobrinho de Roberto e filho de Reginaldo, que aos 11 anos acompanhou os dois nas filmagens de “Pra frente, Brasil”. — É difícil para mim falar tudo que meu tio Roberto representa para nossa família.

— Ele é um cara que deixa muita saudade e alegria, ao mesmo tempo, por ter proporcionado tudo isso para nós todos. O que importa e a história que ele construiu. E é muito bonito o legado que ele deixou para a gente e para o cinema. É triste, mas ao mesmo tempo confortante — disse Marcelo.

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / POR O GLOBO – 14/05/2018)

(Fonte: Zero Hora – ANO 55 – Nº 19.088 – 14 de maio de 2018 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 31)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema – CULTURA / Por Roberta Pennafort, O Estado de S.Paulo – 14 Maio 2018)

(Fonte: https://br.noticias.yahoo.com – NOTÍCIAS – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 14 de maio de 20180

(Fonte: Correio do Povo – ANO 123 – N° 227 – Arte & Agenda – Variedades – Gente – 15/05/2018 – Pág: 3)

 

 

 

 

 

Irmão do ator Reginaldo Farias, ele já vinha com a saúde fragilizada, mas estava em casa. Ainda que debilitado, foi reeleito para a presidência da ABC no mês passado. A causa da morte ainda não foi divulgada pela entidade nem pela família. “Era algo esperado, mas a gente nunca espera de verdade. A gente sempre imagina uma saída no fim do túnel”, lamentou seu vice na ABC, Jorge Peregrino. Ele lembrou a importância de Farias na Embrafilme num momento em que o cinema nacional se consolidava nas telas.

“Perde o cinema e perdemos um cara que fez muito pelos filmes brasileiros. Trabalhamos juntos na Embrafilme. Era um artista, um diretor reconhecido internacionalmente, e que participou e carregou a ABC até agora. Um homem que pensava o cinema, tinha visão estratégica, e assegurou a presença do cinema nacional no mercado interno. Com ele na Embrafilme, os filmes conseguiram o maior market share até então, 33%”, Peregrino lembra, citando longas como Dona Flor e seus dois maridos (1976), Xica da Silva (1976) e A dama do lotação (1978).

Farias também foi produtor e distribuidor. Nasceu a 27 de março de 1932, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, e entrou no mundo do cinema no início dos anos 1950, como assistente de direção de Watson Macedo, na Atlântida. O primeiro filme foi Rico ri à toa (1957), seguido de No mundo da lua (1958), Cidade ameaçada (1959), Um candango na Belacap (1960).

O reconhecimento viria com O assalto ao trem pagador – considerado um dos filmes mais importantes da filmografia nacional. Farias dirigiu ainda os sucessos Roberto Carlos e o diamante cor de rosa (1968) e Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora (1971), e trabalhou na TV. O último filme foi em 1987: Os trapalhões e o auto da Compadecida.

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema – CULTURA / Por Roberta Pennafort, O Estado de S.Paulo – 14 Maio 2018)

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