Roberto Rossellini, diretor de cinema italiano, autor de clássicos como Roma, Cidade Aberta, Stromboli e Europa 51

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Um dos pais do cinema neo-realista italiano

 

Roberto Rossellini, cineasta expoente do neorrealismo italiano. Ele é autor de clássicos como Roma, Cidade Aberta, Stromboli e Europa 51| (Foto: The Daily Star/Reprodução)

Roberto Rossellini, cineasta expoente do neorrealismo italiano. Ele é autor de clássicos como Roma, Cidade Aberta, Stromboli e Europa 51| (Foto: The Daily Star/Reprodução)

 

O diretor ficou famoso ao filmar clandestinamente, em 1944, durante a guerra, Roma, Cidade Aberta

 

 

Roberto Rossellini (Roma, 8 de maio de 1906 – Roma, 3 de junho de 1977), diretor de cinema italiano. Em seus últimos anos de vida, o cineasta Roberto Rossellini, costumava criticar o cinema: “Fracassou em sua missão de se constituir na arte de nosso século”. E admitia quase não tomar conhecimento do trabalho de seus colegas. Só assistiu a “Amarcord” de Fellini, por exemplo, porque “ele veio pessoalmente me exibir o filme”.

 

Na verdade, Rossellini se encontrava afastado do cinema comercial desde 1962. Aquele foi o ano de “Relações Humanas” (“Rogopag”), filme em episódios que realizou com mais três diretores então praticamente em início de carreira, Jean-Luc Godard, Pier Paolo Pasolini e Ugo Gregoretti. De lá para cá, entretanto, de modo algum Rossellini permaneceu inativo. Pelo contrário, ele considerava esse período, como declarou em maio de 1977, em Cannes, quando presidiu o XXX Festival Cinematográfico, “os quinze anos mais produtivos de minha vida”. Por escolha, Rossellini vinha se empenhando na realização de documentários e filmes didáticos para a televisão. E só aceitou a presidência do júri com a condição de organizar um seminário sobre a “crise do cinema no mundo contemporâneo”.

 

Baixo orçamento – Nascido em 8 de maio de 1906, em Roma, Rossellini dirigiu em 1941 seu primeiro longa-metragem, “La Nave Bianca”, sobre um hospital da Cruz Vermelha. Seguiram-se “Un Piloto Ritorna” (1942) e “O Homem da Cruz” (1943). Filho de um rico arquiteto, esse famoso diretor italiano iniciou no cinema em 1934. Na década de 1950, ele se envolveu num escândalo ao manter um romance com a atriz Ingrid Bergman, que engravidou do cineasta quando ainda estava casada com o primeiro marido.

 

Foi em 1945, porém, com o extraordinário “Roma, Cidade Aberta”, que Rossellini estabeleceu um dos marcos da história do cinema, inaugurando o neo-realismo. Ele iniciou o filme em setembro de 1944, usando película comprada no mercado negro, sem contar com equipamento para gravar som,e para terminá-lo precisou vender até objetos pessoais. Baseado em fato verídico (o fuzilamento de um padre romano pelos alemães da Gestapo), o filme alcançou ressonância universal em seu pungente retrato da luta pela liberdade dentro das mais ásperas restrições. “Paisà” (1946) e “Alemanha, Ano Zero” (1947) completaram uma trilogia em que se firmavam os princípios estéticos da escola neo-realista: produções de baixo orçamento, filmagens na rua, muitas improvisações e uma marcante preocupação com o momento social.

 

Sócrates e Marx – Em seus filmes seguintes, contudo, Rossellini desdobraria tal empenho na elaboração de detalhados retratos individuais. Da mulher, em “La Voce Humana” (1948), com Anna Magnani, “Stromboli” (1949). “Europa 51” e “Viaggio in Italia” (1953) – esses três com sua segunda esposa Ingrid Bergman (a primeira foi a figurinista Marcella de Marchis) -, ou do espírito humano em harmonia com a divindade em “Francisco, Arauto de Deus” (1950).

 

Com isso, seus trabalhos, que não agradavam particularmente aos setores da direita, passaram a ser recebidos com estranheza pelos críticos de esquerda. E contribuiu bastante para abalar seu prestígio o fracasso comercial de Índia” (1958), rodado naquele país, onde conheceu sua terceira mulher, Sonaly Das Gupta.

 

Com “De Crápula a Herói”, realizado um ano depois, protagonizado por Vittorio de Sica. Rossellini não só arrebatou o Leão de Ouro do Festival de Veneza (juntamente com Mario Monicelli, por “A Grande Guerra”) como readquiriu a confiança dos produtores. Curiosamente, Rossellini assegurava ter realizado o filme contra sua vontade, por julgá-lo um projeto comercial.

 

A partir de 1964, Rossellini começou a rodar uma série de produções para as televisões europeias, destinadas a investigar importantes segmentos da História. Segundo ele, a TV estatal representaria o veículo ideal para tal trabalho por não depender nem do sucesso de bilheteria nem do bom humor dos críticos. Com o tempo, esses filmes documentais foram se depurando de todo formalismo, como se fizesse questão de mostrar que não estava fazendo “cinema artístico” – conceito que, para ele, não possuía mais sentido. Começando com “A Idade do Ferro”, realizou, entre outros, “A Tomada do Poder por Luís XIV”, “Os Atos dos Apóstolos”, “Pascal”, “Sócrates”, “O Messias”. O último concluído foi um documentário sobre Michelangelo.

E a morte o surpreendeu em meio à produção de “Karl Marx”, no dia 3 de junho de 1977, aos 71 anos, em Roma, na Itália.

(Fonte: Veja, 8 de junho de 1977 – Edição 457 – CINEMA – Pág; 104)

(Fonte: Zero Hora – ANO 44 – N° 15.255 – 4 DE JUNHO DE 1977/2007 – HÁ 30 ANOS EM ZH – Pág: 43)

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