Astro desde os anos 50, ele ganhou um Oscar por No Calor da Noite e trabalhou em filmes como Sindicato de Ladrões, O Homem do Prego e Uma Sombra Passou por Aqui
Rod Steiger (Westhampton, Nova York, 14 de abril de 1925 – Los Angeles, 9 de julho de 2002), ator corpulento que ganhou o Oscar pelo papel do intratável chefe policial sulista em No Calor da Noite, em 1967.
Steiger também concorreu ao Oscar pelos filmes O Homem do Prego (melhor ator, em 1964) e Sindicato de Ladrões (ator coadjuvante, em 1954).
Steiger foi um devoto praticante do “método” do Actors Studio (como Marlon Brando e Paul Newman, entre muitos outros) e se orgulhava de aceitar papéis desafiadores, em especial papéis de personagens que realmente existiram. “Minha geração foi ensinada a ter capacidade de interpretar pessoas diferentes; é isso que os atores devem fazer”, dizia. No cinema e na TV, Steiger encarnou personagens como Mussolini, Rasputin, o papa João 23, o nazista Rudolf Hess, Pôncio Pilatos, Napoleão, o comediante W.C. Fields e o gângster Al Capone.
Ao avaliar sua carreira numa entrevista em 2000, ele disse: “Sou 60% virgem e 40% prostituta. Não me vendi muito, e fiz meus erros.” Entre esses erros, ele lamentava em especial ter recusado o papel-título em Patton, Rebelde ou Herói?, por acreditar que o filme glorificaria a guerra e a violência. George C. Scott fez o papel, que ganhou o Oscar (embora o ator tenha recusado o prêmio).
Outro Oscar que escapou das mãos de Steiger foi o de Marty, papel que ele havia criado na TV. Mas o produtor da versão cinematográfica, o ator Burt Lancaster, quis Ernest Borgnine para o papel, porque queria uma personalidade mais doce que a de Steiger. Borgnine levou o prêmio da Academia.
A mais famosa cena de Steiger foi o diálogo no banco traseiro de um táxi com Marlon Brando em Sindicato de Ladrões. Os dois faziam papéis de irmãos. Brando reclama, furioso, de Steiger tê-lo convencido a recusar uma luta de boxe. O diretor, Elia Kazan (1909-2003), lembrou-se em sua autobiografia que ele rodou os closes de Brando antes, porque o ator tinha de ir embora das filmagens mais cedo. Steiger ficou ressentido, dizendo que o diretor estava favorecendo Brando. Kazan escreveu: “O que aconteceu prejudicou sua auto-estima, mas não sua performance. Se Steiger algum dia fez alguma cena melhor do que aquela, eu ainda não vi.”
Steiger nasceu em Westhampton, Nova York, em 1925. Era filho único de um casal de dançarinos, que se separou logo depois de seu nascimento. Sua mãe casou-se de novo, mas a casa em que Steiger cresceu não foi das mais felizes. “Eu saí de casa aos 15 anos porque minha família estava destruída pelo alcoolismo”, ele contou em 1998. Mentindo a idade, Steiger se alistou na Marinha aos 16 anos e serviu no Pacífico Sul durante a 2.ª Guerra Mundial. Na volta, enquanto ganhava a vida com trabalhos domésticos, começou a estudar interpretação e canto lírico.
Outros filmes de Steiger: Oklahoma! (1955), A Trágica Farsa (56), Sete Ladrões (60), A Marca do Cárcere (61), O Mais Longo dos Dias (62), Mãos sobre a Cidade (63), Dr. Jivago (65), Uma Face para cada Crime (68), Uma Sombra Passou por Aqui (69), Waterloo (71), Quando Explode a Vingança (71), Lucky Luciano (74), Os Inocentes de Mãos Sujas (75), Jesus de Nazaré (77), Horror em Amityville (79), Marte Ataca! (96) e Hurricane – O Furacão (99).
Rod Steiger morreu em 9 de julho de 2002, num hospital em Los Angeles, de pneumonia e insuficiência renal. Ele tinha 77 anos.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002 – CADERNO 2 – CINEMA – 9 de Julho de 2002)