Pintor impressionista
Rodolfo Amoedo (Salvador, 11 de dezembro de 1857 – Rio de Janeiro, 31 de maio de 1941), pintor, desenhista e professor.
Nascido na Bahia, veio para o Rio de Janeiro em 1868. Cinco anos depois ingressou no Liceu de Artes e Ofícios e em seguido na Academia Imperial de belas Artes, onde foi aluno de Vítor Meireles e Zeferino da Costa. Em 1879 vai para Paris como Prêmio de Viagem ao Estrangeiro por sua obra O sacrifício de Abel. Durante 9 anos estudando, trabalhando e expondo na Europa, retorna ao Rio de Janeiro onde é nomeado membro honorário e professor da Academia Imperial. Na cidade realiza diversos trabalhos para decoração de prédios e palácios como o teto do salão do Supremo Tribunal Militar e do Federal, o saguão do palácio do Itamaraty e as rotundas do Theatro Municipal.
(Fonte: www.museusdoestado.rj.gov.br – Teatro)
Discípulo de grandes mestres
Nascido em Salvador (BA) e falecido no Rio de Janeiro, para onde veio em 1868 em companhia dos pais.
Aos 16 anos, após ter sido ajudante do pintor-letrista Albino Gonçalves, matriculou-se no Liceu de Artes e Ofícios, onde foi aluno de Costa Miranda, Sousa Lobo e Vitor Meireles.
Em 1874 passou a estudar na Academia Imperial de Belas-Artes, como aluno de Vítor Meireles, e ainda de Agostinho José da Mora, Zeferino da Costa e Chaves Pinheiro, tendo sido fortemente influenciado por Zeferino e sobretudo por Agostinho José da Mota, a quem até o fim da vida continuou tratando respeitosamente de “Seu Mota”.
Viagem à Europa
Aluno apenas discreto, venceu sem embargo o concurso de premiação de 1878, impondo-se a Firmino Monteiro e ao favorito Henrique Bernardelli pelo voto de Minerva do diretor da Academia, Antonio Nicolau Tolentino.
A pintura que lhe valeu a viagem à Europa foi O Sacrifício de Abel. Em maio de 1879 seguiu para a França, fixando-se em Paris. Não logrando admissão na primeira tentativa de ingresso na École des Beaux Arts, freqüentou a Academia Julian, a conselho de Almeida Júnior. Em 1880 sua segunda tentativa viu-se coroada de sucesso:
«Após submeter-me a dois concursos de admissão, por isso que eu fora do Brasil sem ter completado o curso, ainda longe de terminá-lo, logrei matricular-me na Academia de Belas Artes de Paris. Aí fiz todo o curso artístico, repetindo o que já tinha feito no Brasil, tendo tido como principais mestres Alexandre Cabanel e Puvis de Chavannes.»
A influência de mestres parisienses
Esses dois mestres marcaram-no estilisticamente: Cabanel, “mão habituada à prestidigitação das formas, alma de Prix de Rome, olho de fotógrafo” (Octave Mirbeau), era de uma total intolerância para com a arte moderna; já Pierre Puvis de Chavannes foi artista de muito maior fôlego e chegou a influenciar Gauguin e Seurat.
Amoedo intermesclou o estilo de ambos para plasmar o seu próprio, embora Puvis o marcasse mais fundamente, como se pode verificar por Jesus em Cafarnaum ou A Narração de Filetas, sobre a qual o próprio Puvis assim se teria expressado:
«Cest merveilleuse, cette peinture!»
Tanto Cabanel quanto Puvis eram porém coloristas discretos, e isso explica, ao menos em parte, o papel secundário que desempenha a cor na pintura de Amoedo.
Curiosamente, entre 1880 e 1887, ainda estudante em Paris, Amoedo executou a parte mais conhecida e apreciada de toda a sua produção, a qual inclui ainda, além das obras acima mencionadas, O Último Tamoio, Marabá e A Partida de Jacó.
Deixando-se levar pelo convencionalismo
Em dezembro de 1887, Amoedo regressou ao Brasil, e, em fevereiro do ano seguinte, foi nomeado professor honorário de Pintura da Academia Imperial. Mostrando os óleos executados em Paris, pouco depois, mereceu grandes elogios da crítica e dos colegas, embora Zeferino da Costa neles reparasse «falta de individualidade».
Após a Narração de Filetas, infelizmente, a obra de Amoedo tornou-se mais e mais convencional e menos emotiva, para o que pode ter contribuído, em grande parte, a preocupação que sempre devotou aos problemas da cozinha pictórica.
Assim, João Ribeiro, comentando-lhe em 1897 os trabalhos, afirmou:
«O Sr. Rodolfo Amoedo possui firmeza e correção de desenho e não poucas vezes grande felicidade de colorido. Mas todas essas boas qualidades são nele às vezes sufocadas por uma excessiva minuciosidade, quer nos desenhos das linhas, quer na sua tendência analítica, de fazer ensaios e experimentações de colorido. Deixa muitas vezes de ser sincero, para ser teorista, muito preocupado de químicas e alquímicas.»
Professor de rédeas curtas
Essa preocupação com a parte física da pintura, raríssima entre os artistas nacionais, Amoedo levava a extremos.
A seus alunos, aconselhava a adoção de uma palheta de 15 cores, dispostas organizadamente: na extremidade esquerda, o preto; o branco ao centro, o verde esmeralda na extremidade direita… A tela tinha de ser preparada à base de cola e branco de zinco; o verniz de Vibert, puro ou diluído em essência de petróleo, seria utilizado como diluente na pintura a óleo; só excepcionalmente admitia o uso de branco em aquarelas.
Mesmo assim, era suficientemente inteligente para rir de si mesmo, quando o processo tentado desandava. A Agripino Grieco, relatando o fracasso de um novo método de pintura à base de ovo, comentou:
«A coisa acabou em ruim fritada.»
Um mestre de gênios
Como professor, primeiro na Academia, depois na Escola Nacional de Belas Artes (1888-90; 1891-1906 e 1918-34) e ainda na Escola Politécnica (1889), formou numerosos alunos, entre eles Batista da Costa, Visconti, Rafael Frederico, os dois Carlos Chambelland e Rodolfo Chambeland; Artur Timóteo da Costa e João Timóteo; Lucílio de Albuquerque, Eugênio Latour e mesmo Cândido Portinari.
Em fevereiro de 1893 tornou-se vice-diretor da Escola, que dirigiu interinamente em várias ocasiões.
Esteve quatro vezes na Europa, excluído o tempo do pensionato: em 1890-91 (quando em Lisboa se casou com Adelaide Moraes), 1906-08, 1911-12 e 1913, sempre «muito ocupado, entre uma encomenda e outra, nenhuma a passeio. Não conheço, assim, a parte divertida das coisas». Conquistou, ao longo da carreira, importantes medalhas e prêmios, inclusive em Chicago, em 1893, e no Rio de Janeiro em 1908 e 1917.
Pelo Brasil afora
Das pinturas decorativas que fez, vale destacar os painéis que pintou a convite de Rio Branco no Palácio Itamaraty, por ocasião da visita do Presidente Roosevelt; três painéis, Justiça, Paz e Lei para o teto do salão nobre do Supremo Tribunal Federal do Rio de Janeiro; A Fundação do Rio de Janeiro, na sala de sessões do antigo Conselho Municipal da mesma cidade, em colaboração com Roberto Rowley Mendes, em 1925; e mais os dois pequeninos painéis Reflexão e Memória da Biblioteca Nacional.
Trabalhou ainda para o Museu do Ipiranga, em São Paulo, e fez os panos de cena dos teatros José de Alencar, em Fortaleza, e Carlos Gomes, em Natal:
«Nunca me balancei a viajar para vender, assim como nunca pedi ou solicitei, através de amigos, encomendas para fazer. Se algum já tomou essa iniciativa, fê-lo por conta própria, sem o conhecimento meu, asseguro-lhe. Ninguém poderá dizer que eu lhe fosse pedir trabalho…»
A arte de fazer inimigos e irritar pessoas
Amoedo criou fama de homem ferino, de temperamento irônico e mesmo mau. Sua inimizade com Parreiras tornou-se notória. E não guardava as conveniências, quando se tratava de atacar colegas.
Em dada ocasião, criticou abertamente Parreiras: «Não sei se ele sabe pintar. Dizem que pinta. Na Escola esteve um ano, apenas, vindo de profissão radicalmente oposta, o comércio».
Sobre Georgina de Albuquerque, diz: «Não sabe planos. Tudo na sua pintura é chato, sem relevo».
Sobre Pedro Bruno «Não sabe prumo. Não conhece a lei de Newton». E assim por diante.
Natureza-morta, só em quitanda
Detestava naturezas-mortas: «Quando quero comprar frutas, vou à quitanda da esquina, ou, para maiores compras, à Praça do Mercado».
Era natural que fosse antipatizado, tanto mais que levava vida reclusa, defendendo sua privacidade de tudo e de todos. Seu ressentimento era ainda maior quando lhe comparavam a produção contemporânea à dos tempos parisienses, com evidente desvantagem para os trabalhos recentes.
Um homem sem emoções
Pouco emotivo, chegou a declarar a Angione Costa, que lhe perguntara sobre quais suas maiores emoções na carreira:
«Não as tenho. Indo cedo para a Europa, passei nove anos em Paris. Trabalhei, estudei, completei o curso. Pintadas algumas telas, voltei. Aqui tenho lutado, resistido…»
Amoedo faleceu no Hospital Gaffré-Guinie, do Rio de Janeiro, a 31 de maio de 1941, deixando viúva, mas sem descendentes.
Quando de sua morte, numerosas obras de sua autoria, em sua maior parte estudos, manchas e desenhos, algumas de altíssima qualidade, foram doadas ao Museu Nacional de Belas-Artes, em troca de uma pensão vitalícia concedida pelo governo à viúva.
Esse Museu, que em 1957 consagrou ao artista importante retrospectiva, conserva boa parte de sua produção – nada menos de 433 obras, de todas as épocas, técnicas e gêneros.
Percorrendo vários estilos
Foi romântico em Marabá ou em Desdêmona, realista ou naturalista em Último Tamoio, herdeiro do academicismo francês à la Cabanel em A Partida de Jacó ou em Jesus em Cafarnaum, aproximando-se do Simbolismo em A Narração de Filetas.
Amoedo era muito mais sensível e pessoal nas aquarelas, por exemplo, quando se despejava de sua crosta acadêmica e se voltava para uma expressão mais direta e sincera.
Quase toda a sua obra versa sobre a figura humana, sendo de realçar a importância que nela assumem os nus femininos. Também executou retratos, cenas de gênero, paisagens, interiores e decorações.
(Fonte: Veja, 26 de setembro de 1973 – Edição 264 – ARTE/ Por Olívio Tavares de Araújo – Pág: 134/135)
(Fonte: www.pitoresco.com.br)
Fonte: CD-Rom «500 Anos de Pintura Brasileira»