ROMANTISMO NO BRASIL
Procura exprimir as peculiaridades da natureza, história, costumes e língua brasileiros; o ideal da pureza amorosa contraposto às convenções sociais; o sentimento da natureza como um refúgio e o gosto pelas paisagens exóticas; a valorização do passado e do individualismo. Seu marco inicial é a publicação dos Suspiros poéticos e saudades (1836), de Domingos Gonçalves de Magalhães. Juntamente com Araújo Porto Alegre e Dutra Melo, Gonçalves de Magalhães publica, com apoio de dom Pedro I, a revista Nictheroy, com o objetivo de consolidar uma cultura brasileira.
O primeiro grande romântico brasileiro é Antônio Gonçalves Dias. Na prosa, Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha) formula as bases para o romance de costumes nacional: sentimentos inflamados, situações complexas, realismo da ambientação, bom humor e hábil uso da linguagem coloquial.
Por volta de 1850 começa uma fase de transição. Álvares de Azevedo (Noites na taverna) é influenciado pela mistura de misticismo e satanismo, sentimentalismo e sátira, além do gosto pelo sombrio e o macabro, típicos da poesia do inglês Lord Byron. Casimiro de Abreu (As Primaveras) tem um lirismo mais sentimental. A musicalidade do verso de Nicolau Fagundes Varela (Os cantos) prenuncia o simbolismo.
A poesia social, comprometida com questões políticas, é praticada pelo ex-escravo Luís Gama (Sátiras) e por Antônio Castro Alves, muito retórico nas Espumas flutuantes, de inspiração abolicionista, mas com um rigor formal em sua lírica sensual, que anuncia o parnasianismo. Também o anti-sentimentalismo, o estilo seco e irônico de Manuel Antônio de Almeida que, em Memórias de um sargento de milícias, faz um rico retrato do Rio de Janeiro de sua época, está a meio caminho do realismo. O maior prosador dessa fase é José de Alencar.
Bernardo Guimarães (A escrava Isaura) e Alfredo de Taunay (Inocência) orientam-se para o regionalismo. Sousândrade é um precursor do modernismo.
Antônio Gonçalves Dias(1823-1864), filho de um comerciante português e de uma mestiça, nasce no Maranhão e estuda em Lisboa. Voltando ao Brasil se torna professor do colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Morre num naufrágio, no litoral do Maranhão. Seu poema I-Juca Pirama é considerado uma declaração simbólica da maioridade brasileira, na medida em que substitui o ancestral português pelo índio. O primeiro grande romântico brasileiro é Antônio Gonçalves Dias
José Martiniano de Alencar (1829-1877), filho de político, forma-se em direito. Advogado, jornalista e político, é quatro vezes deputado pelo Ceará. Em seus romances, faz retratar a realidade brasileira indigenista (O guarani, Iracema), a urbana (Lucíola), e a regionalista (O gaúcho). Essa preocupação em criar uma obra de características marcadamente brasileiras também fica clara em textos teatrais como Verso e reverso, O demônio familiar e Mãe.
Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871) nasce em Muritiba, Bahia. Passa parte da infância no sertão baiano e, em 1852, muda-se para Salvador. Ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde se firma como orador e poeta. Dedica-se a temas sociais, em especial à abolição da escravidão. Em 1866, transfere-se para a Faculdade de Direito de São Paulo, mas não conclui o curso. Nessa época, trava amizade com José de Alencar e Machado de Assis. Morre tuberculoso, aos 24 anos. O navio negreiro e Espumas Flutuantes são suas obras mais conhecidas.