Rosario Ibarra de Piedra, ativista mexicana de direitos humanos, cuja longa luta para descobrir o destino de seu filho desaparecido ajudou a desenvolver o movimento de direitos humanos no México e a levou a se tornar a primeira candidata presidencial do país

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Rosario Ibarra, renomada ativista mexicana

Rosario Ibarra de Piedra protesta em frente à Secretaria de Defesa Nacional na Cidade do México. (Marco Ugarte / Associated Press)

 

 

María del Rosario Ibarra de la Garza (Saltillo, Coahuila de Zaragoza, México, 24 de fevereiro de 1927 – Monterrey, no norte de México, 16 de abril de 2022), ativista mexicana de direitos humanos, cuja longa luta para descobrir o destino de seu filho desaparecido ajudou a desenvolver o movimento de direitos humanos no México e a levou a se tornar a primeira candidata presidencial do país.

Depois o desaparecimento de seu filho Jesús Piedra, em 1975, após ser acusado de pertencer à Liga Comunista 23 de Setembro, Rosario fundou o comitê em prol da defesa de presos, perseguidos, desaparecidos e exiliados políticos, conhecido como comitê Eureka.

Os desaparecimentos, que segundo dados oficiais somam mais de 90.000, começaram no México com a chamada “guerra suja” das autoridades contra os movimentos revolucionários de esquerda das décadas de 1960 a 1980.

Esse número, no entanto, disparou a partir da década de 2000, com o aumento das atividades dos traficantes de drogas no país e com a guerra que o ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012) declarou contra os cartéis da droga no início de seu governo, por meio de uma estratégia de enfrentamento que contou com a participação de forças militares.

O filho de Ibarra, Jesus Piedra, pertencia a um grupo comunista armado e desapareceu, aparentemente pelas mãos das autoridades, após ser acusado de matar um policial.

Ibarra fundou o Comitê Eureka, um movimento exigindo informações sobre o destino de seu filho e de outras pessoas desaparecidas, embora seu caso nunca tenha sido totalmente esclarecido.

Ela foi a primeira mulher a aparecer em uma cédula presidencial mexicana em 1982, embora tenha conquistado relativamente poucos votos para o Partido Revolucionário dos Trabalhadores. Foi duas vezes deputada federal e uma vez senadora.

Suas demandas por informações de décadas – bem como anistia para presos políticos – assumiram a forma de marchas, greves de fome, visitas a prisões militares e escritórios das Nações Unidas e fizeram dela uma figura amplamente respeitada na esquerda.

Quando López Obrador alegou fraude nas eleições presidenciais de 2006, que perdeu por pouco, escolheu Ibarra para presenteá-lo com uma faixa presidencial em uma cerimônia que o declarou “presidente legítimo”.

Após sua vitória universalmente reconhecida em 2018, Ibarra o exortou em sua mensagem ao Senado “a não permitir que a violência e a perversidade dos governos anteriores continuem à espreita”.

Ela lamentou que os desaparecimentos continuassem no México e pediu mais uma vez por progresso:

“As famílias de Eureka continuam hoje as mesmas de alguns anos atrás”, disse ela na carta lida por sua filha. “A ferida aberta só vai parar de sangrar quando soubermos onde estão nossos (entes queridos).”

Rosario Ibarra faleceu no sábado (16), aos 95 anos, na cidade de Monterrey, no norte de México, informou o presidente do país, Andrés Manuel López Obrador.

“Má notícia: morreu Rosario Ibarra de Piedra, que sempre nos lembrará do amor mais profundo pelas crianças e da solidariedade com aqueles que sofrem com o desaparecimento de seus entes queridos”, escreveu López Obrador no Twitter.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) do México também lamentou a morte da ativista, a quem considera uma “pioneira na defesa dos direitos humanos, da paz e da democracia no México”.

“Sempre nos lembraremos de seu amor mais profundo pelas crianças e sua solidariedade com aqueles que sofreram pelo desaparecimento de seus entes queridos”, tuitou o presidente Andrés Manuel López Obrador, a quem considerava um amigo.

Mesmo assim, ainda durante o governo de López Obrador, em 2019, ela recusou uma homenagem votada pelo Senado, dizendo que só aceitaria quando o México soubesse a verdade sobre seus desaparecidos, que hoje somam quase 100 mil — 98% deles a partir de 2006, durante uma era de violência de cartéis em vez de políticas de “guerra suja”.

“Não quero que minha luta fique inacabada”, disse ela então em um texto lido pela filha porque a saúde a impediu de comparecer.

Referindo-se ao presidente, ela acrescentou: “Deixo em suas mãos a guarda de tão precioso reconhecimento e peço que me devolva com a verdade sobre o paradeiro de nossos queridos e saudosos filhos e parentes”.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos, agora chefiada por sua filha Rosario Piedra, anunciou a morte de Ibarra em sua conta no Twitter, chamando-a de “pioneira na defesa dos direitos humanos, da paz e da democracia no México”.

(Crédito: https://www.latimes.com/obituaries/story/2022-04-18 – Los Angeles Times/ HISTÓRIA/ POR MARIA VERZA / ASSOCIATED PRESS /  18 DE ABRIL DE 2022)

Direitos autorais © 2022, Los Angeles Times

(Crédito: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2022/04/16 – Estado de Minas/ INTERNACIONAL/ MÉXICO/ por AFP – 16/04/2022)

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